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O embrulhado drama político português

por franciscofonseca, em 21.07.13

Seja qual for a decisão do Sr. Presidente da República Portuguesa, a situação política em Portugal continuará embrulhada num grave drama político nacional. Esta crise política serviu para termos a certeza da qualidade dos nossos políticos e da sua incapacidade para resolver os graves problemas com que nos confrontamos. Também não tenho qualquer dívida que continuaremos reféns dos nossos carrascos “troikanos”, para podermos continuar a respirar.

Esta crise serviu também para constatar que a economia portuguesa está transformada no orçamento de Estado. Existem dois ou três grupos económicos como o grupo Mota-Engil e o grupo Espírito Santo que iniciaram um processo de destruição de pequenas e médias empresas, que não têm acesso ao crédito, nem conseguem sobreviver, asfixiadas pelos impostos pesados lançados pelo governo de forma deliberada.

O nosso país tem uma economia transformada em rendas fixas, juros da dívida pública, parcerias público-privadas, subcontratualização de serviços, em que estes grupos económicos estão sempre envolvidos. O Orçamento de Estado é cada vez menos social, que não vai de encontro a produção e reprodução da sociedade, mas sim, de encontro aos interesses destes grupos económicos. Assim temos um país que está a empobrecer em detrimento da grande concentração de capital a custa do orçamento de Estado, ou seja, à custa dos impostos de quem trabalha.

A política que está em curso consiste em mercantilizar os serviços públicos, acabar com o direito ao trabalho, isto é, transformar os direitos laborais em trabalho precário, móvel e reduzir o custo unitário do trabalho para aumentar a produtividade. Mas Portugal é um dos países que tem um horário do trabalho mais longo da União Europeia, o que leva a quebra inequívoca da produtividade. É esta a receita dada pela troika e melhorada pelo governo em termos de mais austeridade.

A distribuição de dividendos aos banqueiros em Portugal é vergonhosa, quando metade da população está enquadrada na pobreza. Isto conduz à ruina da segurança social deixando de ser sustentável o próprio sistema. A bandeira da exportação portuguesa é um modelo errado, pois, à semelhança do Brasil, um dos maiores produtores de café do mundo, mas que consome-se o pior café. É este modelo que está a ser implementado em Portugal. A grande reforma do Estado continua a ser adiada constantemente e seja qual for a solução adotada para o governo de Portugal, sem esta reforma, não há desenvolvimento económico e social no nosso país e continuaremos embrulhados em dramas políticos sucessivos.

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publicado às 19:17

O órgão mais sensível dos portugueses

por franciscofonseca, em 16.07.13

A classe política portuguesa ainda não percebeu que o órgão mais sensível dos portugueses é o bolso. Nos últimos anos este órgão tem sido muito violentado e já 2,3 milhões de portugueses sofrem de doença crónica, ou seja, vivem com menos de 360 euros por mês. Os números são alarmantes e contradizem tudo aquilo que os principais responsáveis políticos deste país têm andado a apregoar.

Mas a doença já afeta um terço da população ativa, não fossem alguns medicamentos que ajudam a aliviar a dor, como as pensões de reforma e as transferências sociais do Estado, mais de 4 milhões de portugueses estariam contaminados pela pobreza.

Mas Portugal padece de outra grave patologia, que é o fosso criado entre pobres e ricos, a doença mais grave entre os países da União Europeia. O rendimento dos dois milhões de portugueses saudáveis é quase 70 vezes maior do que o rendimento dos dois milhões de portugueses que sofrem de doença crónica. Os dois milhões de portugueses saudáveis reúnem 45% do rendimento monetário líquido das famílias a nível nacional.

Depois os responsáveis políticos afirmam que não existe risco de fratura social em Portugal, que os portugueses aguentam ainda mais sacrifícios, quando os números indicam que o índice de desigualdade está a aumentar para níveis insustentáveis. Deixo o alerta e chamo a atenção, para o fato de que, quando o órgão mais sensível dos portugueses é afetado desta forma, a reação pode ser imprevisível e deixar marcas na Nação. Andamos a brincar à política, aos políticos e com o fogo.

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publicado às 22:09

Compromisso de salvação ou caos nacional

por franciscofonseca, em 11.07.13

A crise política portuguesa vai na terceira demissão do primeiro-ministro. Primeiro o ministro das finanças demitiu o primeiro-ministro. Depois o ministro dos negócios estrangeiros demitiu o primeiro-ministro e ontem o Presidente da República demitiu mais uma vez o primeiro-ministro, mas o governo continua em plenas funções. Tinha razão Caius Julius Caesar (100 – 44 a.c) quando dizia que “Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar”.

Assistimos presentemente a desagregação das instituições partidárias e do sistema partidário e político, devido a irresponsabilidade dos partidos e a falta de apetência dos políticos para governar. A incompetência generalizada tomou conta da classe política e levou os governos portugueses a aceitar simplesmente o que a Alemanha dita, sem ideologia ou valores, com desprezo pelos parceiros europeus mais fracos e pela própria democracia.

Temos de resistir, não podemos viver como vassalos da troika e o nosso país já demonstrou que sabe resistir e tem instituições, ainda, como o Tribunal Constitucional que não embarca no vale tudo. Há vida para além da dívida portuguesa. Não podemos tolerar medidas de austeridade que vão contra a nossa matriz cultural, simplesmente porque estamos intervencionados financeiramente. Portugal em matéria económica tem de ter capacidade para decidir as condições em que consegue pagar o empréstimo internacional e assumir todos os compromissos, mas em tempo que seja exequível.

Penso que é chegada a hora, dos mais competentes e capazes se chegarem frente e darem o seu contributo em prol do país. Afirmar o país com uma voz própria, no seio da União Europeia e na cena internacional, em que exista uma estratégia de curto, médio e longo prazo bem definidas, no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico, competitividade e crescimento económico e que permita a Portugal gerar rendimento para pagar a dívida. Os fantasmas da saída do euro têm de ser postos de lado, pois a União Europeia nunca deixará sair Portugal do euro, pois isso causaria demasiado medo aos outros países.

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publicado às 20:22

Edward Snowden poderá rumar para a Venezuela

por franciscofonseca, em 09.07.13

Edward Snowden, o analista informático e ex-consultor da CIA que está por trás da divulgação do esquema escandaloso de vigilância eletrónica dos Estados Unidos, que está há duas semanas bloqueado na zona de trânsito de um aeroporto de Moscovo, poderá ter aceite a oferta de asilo político apresentada pelo governo da Venezuela. Será que o Presidente da Venezuela lhe dará uma boleia no avião presidencial? E, Portugal desta vez autorizará a passagem do avião pelo espaço aéreo português e a fazer escala em Lisboa?

O funcionário da CIA acreditava planamente nos planos de Washington e na nobreza das intenções americanas de libertar povos oprimidos pelo mundo fora. Mas brevemente compreendeu que estava envolvido numa operação para manipular o povo, para criar um determinado estado de espírito. Snowden confessou que os excessos dos serviços secretos continuam a devassar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo e a destruir a privacidade e a liberdade com máquina de vigilância.

Bem mas a máquina, não se fica pela vigilância dos cidadãos, pois monitoriza e espia instituições internacionais e governos de outros países, incluindo os seus aliados. Ficou-se a saber também que os Estados Unidos espiam a missão da União Europeia em Nova Iorque, embaixadas de Itália, França, Portugal, Alemanha e Grécia e a dos países do Médio oriente. Que os EUA usam parcerias com empresas telefónicas americanas para aceder a redes de comunicação de países como a China, Índia, Paquistão e Brasil.

Esta novela vai ter um fim trágico para o protagonista, pois seja qual for o destino do jovem informático, os serviços secretos norte-americanos encarregar-se-ão de o tirar de circulação. Fico surpreso que estas revelações tenham despoletado tanto espanto e admiração, nos líderes das principais instituições e dos governos europeus. Isto só prova que esta gente vive noutro mundo, muito distante do mundo real. Vivendo nós na era da informação exponencial, parece-me óbvio que quem controlar a informação assume o controlo das políticas mundiais e da economia global.

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publicado às 22:24

Políticos portugueses desprestigiam o país

por franciscofonseca, em 07.07.13

Em Portugal assistimos a jogos partidários que podem vir a resultar na implosão do sistema partidário. Na última semana as principais figuras políticas do país tiveram uma atuação vergonhosa e desprestigiante, com comportamentos que só contribuem para denegrir, ainda mais, a imagem da classe e das instituições nacionais. A governação em Portugal está hipotecada nos tempos mais próximos, devido à falta de políticos de craveira capazes de reorientar as políticas públicas, no sentido de construir um Estado desenvolvido e próspero.

O ministro das finanças demissionário admitiu que as políticas implementadas nos dois últimos anos de governação estão erradas. O que está em causa não é o prolongar por mais um ano a meta do défice, mas saber se Portugal aceita continuar por esta via que faz da pobreza um objetivo de política pública, e onde, no final, acabará por perder a própria alma. Aquilo que confere a uma nação o direito de existir.

O que está em causa é se continuamos no caminho do desemprego elevado, dos salários baixos, das pensões exíguas, da pobreza crescente, dos impostos altos, da "hipoteca" dos endividamentos e do futuro sem esperança. Há uma única solução para estes males: reorientar as principais políticas económicas e sociais, assim como fomentar a construção de uma economia mais dinâmica, mais produtiva e mais competitiva. Este é o mais grave e o mais difícil de todos os nossos problemas atuais. Se os responsáveis políticos não souberem enfrentar e vencer, em tempo útil, a doença que mina profundamente a nossa economia, a democracia nascida em 1974 terá os seus dias contados.

A solução agora encontrada é temporária e frágil, pois os problemas mais cedo ou mais tarde voltarão a surgir. Como é que esta liderança política neste país vai debater quanto é que o Estado realmente faz numa sociedade. Temos mesmo que pagar por estas coisas todas, ou pagamos menos e começamos a reduzir a nossa dívida. Não pode haver “vacas sagradas” e tudo tem de estar aberto para debate, ou vamos continuar a sofrer com crescimento baixo para sempre. Os movimentos nacionalistas aproveitam muito bem estas crises para crescerem e aumentarem o seu apoio social.

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publicado às 19:59

Portugal e a Europa perderam o fio à meada

por franciscofonseca, em 02.07.13

O ministro das finanças portuguesas demitiu-se ontem, hoje demite-se o ministro dos negócios estrageiros, parceiro de coligação governamental, nada que já não fosse esperado. O elo mais forte do governo de Portugal e principal rosto da austeridade não aguentou a pressão dos outros ministros. O parceiro de coligação não concordou com a nomeação da futura ministra das finanças. O governo nos primeiros dois anos de governação perde os três principais pilares do primeiro-ministro. Nos próximos capítulos veremos como o primeiro-ministro perdeu o fio à meada e a sua impreparação para governar será cada vez mais gritante.

No plano europeu assistimos à indignação das instituições que foram escutadas e escrutinadas pelos serviços de informações norte-americanos. Muitos países já pediram explicações a Washington, mas a resposta chegará de forma diplomática e demonstrando que nenhuma transgressão foi feita. Milhares de operações deste género são levadas a cabo pelos Estados Unidos em toda a parte do globo. Manobras imorais mas não ilegais, que não são fraudes, mas sim pequenos lapsos, que não são transgressões mas apenas manipulações.

Assim, identificar comportamentos pouco éticos é cada vez mais difícil, apesar do enfoque na ética por parte dos principais líderes mundiais. Apesar destes apelos muitos são os exemplos da finança em envolvimento em transações com traficantes de droga e terroristas, nomeadamente de lavagem de dinheiro. Nestes meandros não há ética que vigore, nem reguladores que consigam evitar estes negócios obscuros.

Portugal e a Europa estão envoltos em comportamentos “imorais” mas não “ilegais”, como são exemplo o tráfico de influências no seio da União Europeia ou ainda as somas astronómicas arrecadadas pelos maiores grupos financeiros como resultado de acordos de transferência de pagamentos para outros países como forma de reduzir os seus impostos. Isto é imoral, mas não é ilegal. Também é imoral os bancos exigirem milhões de euros devido nos contratos “Swap”, ao Estado Português, mas é legal. É imoral os países mais ricos da Zona Euro financiarem-se quase a custo zero e os que estão em maiores dificuldades pagarem os juros mais altos do mercado, mas tudo isto é legal.

A desorientação interna e externa é colossal e muito dificilmente, nos tempos mais próximos, Portugal e a Europa encontrarão o fio à meada. Todos os sacrifícios porque passaram e estão a passar milhões de portugueses e milhões europeus serão inúteis, pois os abutres estão prontos para se alimentarem dos milhões de carcaças.

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publicado às 18:23


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