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A crise da inteligência

por franciscofonseca, em 09.05.20

crise da inteligencia.jpg

No dia da europa decidi fazer esta reflexão. A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) arrasta o mundo para uma crise social e económica, provavelmente, sem precedentes depois da segunda guerra mundial, mas acima de tudo expõe uma gigantesca crise da inteligência nas lideranças mundiais. Seria de esperar que neste momento histórico, sobressaíssem lideranças inteligentes, capazes de definir um rumo, apontando caminhos globalmente seguros, capazes de tranquilizar as sociedades, relativamente a um futuro próximo.
Mas, o que vemos é exactamente o contrário. Os principais líderes mundiais, cada um por si, nos seus discursos apenas anunciam o despejo de milhares de milhões de euros ou dólares na economia, como se isso fosse resolver todos os problemas, da pós-pandemia. Como se isso não bastasse, assistimos a aplausos efusivos vindos de todos os quadrantes da geopolítica. A discussão está apenas no número dos milhões. Neste frenesim de anúncios, os abutres especuladores já preparam e afinam as suas garras, para arrecadarem as maiores fatias desses milhões. A factura será paga pelos do costume, ou seja, por aqueles que vivem do rendimento do seu trabalho e, que mais uma vez levarão com o jugo dos impostos em cima, para pagar os juros da dívida pública, que será contraída pelo Estado português.
Do outro lado do Atlântico, o titanic americano parece, a cada dia que passa, afundar-se irremediavelmente, juntamente com o seu timoneiro. Naturalmente, os seus vizinhos mais a sul vão por arrasto. Na Europa, a confusão é total, ninguém se entende, nem quanto a medidas de fundo, nem quanto aos paliativos. O projecto europeu está como nunca esteve, envolto em incertezas e em fragmentação profunda e acelerada. A Europa acaba de perder uma enorme oportunidade, de se afirmar definitivamente como uma verdadeira união, força e potência mundial. Do outro lado, a China afirma ter ambições de tomar a liderança mundial. Nesta conjuntura, muito especial, pode muito bem suceder.
Quando estudei políticas públicas na universidade, a corrente do Estado mínimo proferida por Adam Smith desde o século XVIII até ao início do século XIX e já no século XX teorizada por Robert Nozick, que se após um período keynesiano, que levou ao aumento do Estado em diversos países, o que fez aparecer algumas crises, o Estado mínimo voltou a ser discutido e foi assim que surgiu o neoliberalismo. Modelo ensinado como melhor solução, para todos os prolemas da nossa sociedade.
Os neoliberais defendem que o Estado deve ser reduzido ao máximo, devendo funcionar como regulador e para manter os bens públicos, que prestam auxílio ao funcionamento dos mercados. Os serviços prestados devem servir para a organização da ordem social, ou seja, educação, saúde e segurança. Mas até estes, a iniciativa privada tem absorvido para a sua esfera de acção, em partilha com o Estado.
O neoliberalismo é agora uma forma de fascismo porque a economia sujeitou os governos dos países democráticos, como de uma forma geral, o pensamento das sociedades. O Estado está agora ao serviço da economia e principalmente da finança, que o tratam como um subordinado, explorando-o até ao ponto de colocar em risco a preservação do bem comum. A austeridade tão desejada nos meios financeiros transformou-se num valor superior que substitui a política.
Chegados aqui, uma conclusão podemos tirar. Em épocas de alguma prosperidade económica o Estado deve ser quase inexistente, prestar alguns serviços e regular algumas actividades favorecendo o desenvolvimento económico, neoliberalismo puro. Em alturas de crise, como a crise financeira de 2008 e agora no decorrer da pandemia, o Estado deve suportar todos os custos e responsabilidades. Na crise de 2008 o Estado teve que injectar milhares de milhões de euros nos bancos, a bem da saúde do sistema financeiro, que ainda não tem um fim à vista. Quantos hospitais, escolas, estruturas sociais e de segurança poderiam ter sido construídos com esse dinheiro e agora sermos um país mais robusto e melhor preparado para lidar com este tipo de situações.
Na presente crise assistimos, nomeadamente, muitos defensores acérrimos do neoliberalismo a exigir do Estado compensações financeiras, devido a sua actividade se encontrar parada, ou porque tiveram um decréscimo acentuado nas suas receitas. Mais, hospitais privados a fechar, serviços de redes de distribuição de energia, água potável, comunicações com ameaças de colapsar. Empresas privadas de serviço de transporte público, concessionárias de redes rodoviárias, a exigirem do Estado compensações avultadas e, muitos mais exemplos existem. Sendo a economia privada que cria riqueza num país, como é possível num espaço de um mês essa riqueza esfumar-se.
Por tudo que foi dito, a maior crise que atravessemos é mesmo a crise da inteligência, pois não consigo vislumbrar em nenhuma liderança mundial, uma forma de fazer diferente, criando alternativas mais estruturantes, que nos preparem para novas pandemias, até possivelmente mais devastadoras que esta. As soluções que estão a ser avançadas, implementadas são velhas e só servem os mesmos interesses económicos das anteriores crises e os movimentos radicais extremistas, não servem os interesses da esmagadora maioria das pessoas, das comunidades e das sociedades em geral. Vamos seguramente assistir, no papel dos Estados, na organização das sociedades e na vivência das pessoas profundas transformações no futuro.
O foco terá de ser recentralizado nas pessoas, e terá de ser a determinação dos cidadãos profundamente ligados aos valores democráticos, recurso inestimável que, com todo o seu potencial de mobilização constituirá o poder para modificar o que é inelutável.

 

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publicado às 19:17

Os sinuosos caminhos da Europa

por franciscofonseca, em 24.11.13

Os responsáveis pelas principais instituições europeias têm proferido algumas declarações interessantes, no que diz respeito ao caminho a seguir pela Europa. Chegou a hora da verdade, a hora de encontrar uma união económica mais profunda, a hora de formar uma união política efetiva, ou por outro lado abandonar o sonho europeu para a Velha Europa.

Jean Monnet, o arquiteto do projeto europeu, afirmava em meados do século passado, que os países da Europa eram demasiado pequenos para assegurar aos seus povos a prosperidade e os avanços sociais indispensáveis. No início deste século acreditava-se numa Europa próspera, onde os cidadãos europeus não passariam por sacrifícios, nem por austeridade.

Hoje esse projeto está virado “de pernas para o ar”. A governança europeia é determinada através de meios e não de objetivos, os mercados ditam o que fazer aos políticos e estes vão ficando cada vez mais despidos politicamente. Tal como a própria Europa e os seus cidadãos. Senão vejamos, o trabalho precário e a erosão da proteção social em várias áreas, como a saúde e a educação, começa a ser uma realidade generalizada. Os sacrifícios estão a ser redistribuídos de forma desigual.

O problema das dívidas soberanas não para de aumentar, a verdade é que a crise financeira e o espectro da dívida estão a ser politicamente instrumentalizados e utilizados para legitimar a destruição de direitos sociais e democráticos. A crise está a ser encarada como uma oportunidade para quebrar resistências coletivas, acabar com o estado social europeu, em prol dos mercados financeiros. Martin Schulz, Presidente do Parlamento Europeu afirmou recentemente que "Pedem sacrifícios, mas para salvar os bancos".

A história da Europa diz-nos que a força da Europa sempre residiu na sua diversidade e não num pacote de nacionalismos. Sempre que algum poder centralizador negou esta realidade, impondo a sua própria noção de “união”, o resultado foi catastrófico. Desta vez e até agora, a catástrofe é só económica e social. Está na hora de rumar por um caminho diferente, mas desde que as regras não sejam ditadas somente por Berlim.

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publicado às 22:30

Toda a verdade sobre a crise em Portugal

por franciscofonseca, em 16.11.13

Os portugueses vivem hoje intoxicados por duas mentiras gigantescas; a primeira é a de que não temos alternativa à austeridade. A segunda, já bastante mais antiga, é que os portugueses são responsáveis pela crise, pois gastaram acima das suas possibilidades. A classe política e os seus afilhados foram aqueles que viveram e esbanjaram muito acima das suas possibilidades e na minha opinião alguns continuam a esbanjar.

Mas a verdade é que mergulhamos nesta profunda crise devido à corrupção. Vejamos, mais de um terço dos deputados da casa do povo portuguesa são administradores, diretores, consultores ou advogados de grupos e empresas que mantêm grandes negócios com o Estado. Poucas são as pessoas que falam sem pudores das fragilidades sistémicas, da incapacidade das instituições, da visão de curto prazo e da falta de vontade política no combate a esta chaga social.

Durante os anos de democracia, assistimos a uma festança sem limite com os dinheiros públicos, que foram canalizados, com a cumplicidade de muitos, para os grupos económicos que dominam a vida política nacional. São os mesmos que agora propagandeiam a ideia de que o estado a que chegámos é inevitável e inalterável, ou seja, somente o caminho da austeridade nos pode salvar.

A crise é fruto da corrupção, de ligações perigosas, de relações de poder opacas e insalubres. As alternativas passam por, antes de mais, combater a causa maior da crise: a corrupção. Portugal e os portugueses têm condições que permitem um desenvolvimento sustentado, que proporcionem qualidade de vida a toda a população, em vez de ser desvalorizada e maltratada, como acontece presentemente.

Trabalhemos pois, no sentido de acabar com uma tradição de mau governo crónica, que é simultaneamente consequência e causa da corrupção. Quero uma nova classe política capaz de projetar transparência na vida pública, leis claras e simples, eficácia na justiça, uma solução justa para o défice e, principalmente o fim do esbanjamento de recursos públicos.

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publicado às 20:25

Milionários e Crise: Portugal no seu melhor

por franciscofonseca, em 09.11.13

Segundo o relatório de ultra riqueza no Mundo 2013, Portugal cresceu em número de multimilionários, assim como, aumentou o valor global das suas fortunas, de 67 para 75 mil milhões de euros (mais 11,1%). O que mais impressiona é que o crescimento de multimilionários em Portugal, país flagelado pela crise, foi maior do que a média europeia, quer em número, quer em valor das suas fortunas.

No ranking europeu de multimilionários Portugal ocupa o 12º lugar, surge à frente de países como a Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo e Áustria. A Alemanha é o país europeu com maior número de multimilionários: 17.820. Segue-se o Reino Unido, com 10.910 multimilionários, a Suíça, com 6.330, a França, com 4.490, e a Itália, com 2.075. De acordo ainda com o relatório, o número de multimilionários no mundo aumentou este ano em 6,3%. Quase 200 mil pessoas possuem 40% da riqueza mundial. A isto chama-se desenvolvimento económico e retrocesso civilizacional e humano.

Mas os números reais da esmagadora maioria dos portugueses são bem diferentes. Um quinto dos portugueses vive com menos de 360 euros por mês. E 32% da população ativa entre os 16 e os 34 anos seria pobre se dependesse só do seu trabalho. Mais de meio milhão de crianças portuguesas estão em risco de pobreza. O fosso entre ricos e pobres em Portugal é o maior no conjunto dos países da União Europeia.

Portanto, perante estes números, não posso acreditar que este país tenha futuro. Quanto maior é o índice de desigualdade de um país, menor é o seu índice de desenvolvimento. Este caminho somente acentua as desigualdades, aumenta as assimetrias e compromete o futuro da grande maioria dos portugueses. É necessário urgentemente arrepiar caminho, antes que Portugal seja considerado um Estado falhado, pois falido já está há muito tempo.

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publicado às 14:45

Os líderes europeus acreditam no conto de fadas

por franciscofonseca, em 11.06.13

A doença da economia da zona euro continua a ser o encolhimento do PIB. O pior é que a doença está a espalhar-se para além dos países do sul da Europa. Apesar dos cortes brutais na despesa pública, os défices dos governos são persistentes e continuam elevados. As dívidas pública, das famílias e das empresas continuam excessivas de uma forma generalizada. As empresas estão a sofrer um bloqueio violento ao crédito, apesar das taxas de juro permanecerem muito baixas.

Todos estes fatores potenciam um enorme sofrimento aos cidadãos no presente e corroem as perspetivas de futuro. A zona euro, segundo os políticos europeus, não está a beira do colapso, mas a sua letargia arrepiante não é sinal de convalescença, mas sim de decadência. Os líderes europeus têm de ser sacudidos, abanados para saírem da sonolência, para agirem e enfrentarem os problemas que trouxeram a zona euro à estagnação e poderão levar a sua dissolução.

A américa recuperou mais depressa que a Europa não só porque foi menos austera, mas também porque sanou rapidamente os problemas da sua banca, para que esta estivesse em melhores condições de conceder crédito á sua economia. Os bancos europeus necessitam de financiamento a qualquer custo, mas os fantasmas do passado ainda pairam no ar, relativamente à desconfiança em relação à especulação financeira e principalmente bancaria.

A representatividade política europeia está em crise, pois, os eleitores sentem-se cada vez mais ressentidos e revoltados tanto com os seus próprios políticos como com a própria União Europeia. Por um lado, defendem que a zona euro se mantenha unida, por outro, são contra as reformas complexas que estão em curso. Aqui está a principal receita para a inação dos políticos europeus.

As grandes decisões para a reforma da zona euro esperam pelas eleições alemãs. Mas a relutância germânica em relação ao euro é cada vez mais profunda. E o relacionamento franco-germânico, que sempre foi crucial para a evolução da Europa, está bloqueado. Se depois das eleições alemãs a zona euro tropeçar, o custo será gigantesco, quer em desilusões, comunidades arruinadas e vidas e gerações desperdiçadas. Enquanto a estagnação e a recessão pairarem sobre a democracia, a zona euro arrisca-se a uma rejeição popular fatal. Acordar para a realidade é extremamente urgente.

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publicado às 22:56

Desculpem, mas Portugal não está em crise

por franciscofonseca, em 25.05.13

O nosso país plantado a beira-mar é fantástico, porque a natureza lhe deu tudo quanto é necessário para que o seu povo possa viver. Pena foi que o criador tivesse colocado nele gente que não se governa nem se deixam governar. Sempre assim foi ao longo da história e fatalmente assim continuará a ser no futuro.

Portugal está intervencionado financeiramente, a maioria da população passa por grandes restrições, privações e dificuldades, os governantes não têm soluções para sair deste buraco, os jovens abandonam todos os dias o país à procura de oportunidades, que a sua pátria não lhes consegue proporcionar. Por outro lado, Portugal está no top 5 europeu na compra de automóveis de luxo.

Se fizermos uma comparação com os restantes países sob resgate financeiro, rapidamente verificamos que Portugal é aquele onde marcas como a Mercedes, BMW, e Audi têm maior quota de mercado, superiores a países como Espanha, Itália, França, Irlanda e Grécia. Curioso que em 2012 foram vendidos seis vezes mais destes automóveis em Portugal do que na Grécia.

Mais, em 2012 Portugal foi um dos países europeus onde se venderam mais carros de luxo, só a Alemanha e o Luxemburgo ficaram á frente. A venda de BMW, Audi e Mercedes, tem maior expressão em Portugal do que em países do norte da Europa, como a Áustria, Suécia e Finlândia, onde o poder de comprar é muito superior. A tendência de crescimento de vendas de carros de luxo está a manter-se em 2013.

Desculpem, mas sou obrigado a concluir que Portugal não está em crise. A crise não é para todos, enquanto uns vivem em condições desumanas, outros ostentam sinais exteriores de riqueza, passeando-se em carros de luxo. Somos um país de extremos, de um lado os muito ricos e do outro os muito pobres. A sociedade está cada vez mais desequilibrada, fraturante, sem valores, pois continuam a ser os que sentem maiores dificuldades a pagar os excessos e as extravagancias dos mais ricos. Penso que este país maravilhoso merecia outra gente.

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publicado às 11:45

Será que o capitalismo terá uma nova oportunidade?

por franciscofonseca, em 18.09.12

A instabilidade económica atual é uma oportunidade para o capitalismo se renovar e corrigir as suas teorias. O capitalismo entra numa nova fase, na qual a desigualdade entre as pessoas é evidenciada, questionada através de grandes manifestações. É urgente que capitalismo reveja as suas antigas políticas e comece a encontrar soluções para a grande desigualdade que gerou.

Até a este momento, a desigualdade era justificada com o argumento de que os que mais contribuíam deviam receber mais. Contudo, as pessoas que destruíram a economia foram as que recebiam mais. Portanto, sou de opinião que o capitalismo está a entrar numa nova fase, na qual reexaminamos algumas das premissas básicas para a desigualdade que sempre aceitamos.

Por outro lado, as nações europeias estão equivocadas ao pensarem que resolverão os problemas com políticas de austeridade; elas só aumentarão a desaceleração económica. Para alterar o curso das coisas, precisam ser diagnosticados os problemas subjacentes à crise. A questão depende da compreensão dessa complexidade, ainda não vista nos governantes europeus até ao momento.

O primeiro enfoque consiste em reduzir as desigualdades do mercado, oferecendo educação a quem está na base e contando com leis que travem as práticas anticompetitivas. O segundo é o estabelecimento de medidas que revertam a desigualdade dos rendimentos, como a cobrança de impostos progressivos. Assim, a educação e a reforma tributária são caminhos para equilibrar as condições de vida das populações.

Contudo, o euro impede a adaptação da Europa ao novo mundo que surge da crise e, com isso, está contribuir para a debilidade global. Agora, se o euro não sobreviver, as consequências para a Europa serão ainda mais drásticas; por isso, é preciso fazer com que sobreviva, encarar a realidade transformando- o e se necessário reconstruí-lo.

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publicado às 17:13

Portugal é um dos países com mais história do continente europeu e do mundo, com um património cultural muito valioso e com um património natural desbaratado constantemente, por gente que nunca soube gerir coisa alguma, que criou um sistema em que as necessidades são muito superiores às suas capacidades.

A nossa geografia, a nossa paisagem, o nosso mar maravilhoso, nunca conseguiram proporcionar um sentimento de felicidade e bem-estar capazes de originar cidadãos mais felizes e consequentemente mais produtivos. Sempre fomos um país do fado triste.

Quando estamos mais felizes, em harmonia com a vida, somos por norma mais produtivos, mais interessados, mais dinâmicos, mais capazes. Por outro lado, as pessoas obscuras, tristes e consequentemente infelizes são normalmente menos produtivas apesar de se acharem as mais espertas.

Atualmente a nossa população está triste, deprimida, frustrada e sem esperança no futuro. O incrível é que todas as gerações estão desiludidas com os caminhos trilhados por Portugal. Os que viveram na ditadura passaram da euforia à depressão, os que sempre viveram em democracia sentem a frustração pelo abandono e falta de respeito por parte dos eleitos.

Por isso os mais novos a convite do governo da república já começaram a abandonar o país, a minha geração questiona-se sobre o seu papel neste lindíssimo e ineficiente país. Os mais velhos refletem sobre o que andam aqui a fazer. Assim, as perguntas mais lógicas sobre as quais devemos todos refletir são: o que vai ser deste país? Quem serão os que terão coragem para ficar por cá? Os gestores que são bem remunerados, mas ficam a gerir o quê? Talvez a gerir os vazios que conseguiram criar durante o tempo que tiveram responsabilidades governativas…

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publicado às 20:44

Sinto-me angustiado com a situação do meu país

por franciscofonseca, em 17.07.12

Vivemos numa época que aceita como um dado adquirido que os valores estão em crise. Em todas as épocas sempre surgiram vozes manifestando idênticas impressões. A nossa, neste ponto, parece ter assumido que se terá atingido uma crise generalizada. Não existem atualmente critérios seguros para distinguir o justo do injusto, o bem do mal, o belo do feio; tudo é relativo, subjetivo, obscuro e incerto.

O meu país está mergulhado numa grave crise económica e social, mas ao mesmo tempo numa profunda crise de lideranças, que são incapazes de rasgar horizontes, de projetar um país de futuro, desenvolvido, credível, onde todos os cidadãos sintam orgulho em viver.

Hoje, as nossas lideranças seguem a corrente dos mercados da aparência, da imagem, do marketing, ou seja, são espampanantes, pouco racionais, pouco prudentes, clamam por políticas frenéticas, gritam, gesticulam, têm comportamentos espalhafatosos, usam palavras bacocas e não aceitam a contingência do fracasso como homens.

Normalmente são mal-educados, passam a vida a denegrir colegas de profissão, os seus adversários, fazem grandes blefes, provocam, fantasiam, colocam-se em bicos de pés, a culpa é sempre dos outros e não sabem fazer uso da nobreza do silêncio. As tendências ditam as regras, os líderes têm de ser indiscretos, pouco sensatos, pouco afáveis, muito espetaculares nas atitudes, num mundo e numa sociedade que clama por sangue, aldrabões, falcões e abutres.

Nos dias de hoje, a vida pública, económica e social transformaram-se em verdadeiras selvas humanas, de pessoas sobranceiras, sem qualidade, sem competência e sem ética. Ainda acredito num país melhor, mas a esperança é cada vez menor.

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publicado às 22:07

Crise económica agrava crise demográfica e social

por franciscofonseca, em 05.07.12

Em Portugal a crise demográfica e social é especialmente preocupante, tendo vindo a agravar-se com a crise económica que assola o mundo inteiro, e em particular todos os países da União Europeia. A crise demográfica é especialmente grave, no caso português, sendo necessárias medidas urgentes e contundentes por forma a corrigir uma situação atípica e altamente preocupante.

A população passiva esta a aumentar significativamente em relação a população ativa. Isto traz repercussões dramáticas, que vão desde as excessivas deduções para a segurança social, de forma a garantir as pensões e a disponibilidade de outros serviços sociais a toda a população, a sérios desequilíbrios nas estruturas de produção e consumo, assim como as ramificações nas áreas sociais e económicas que possuem uma estreita ligação com a idade, como são, por exemplo, o emprego, a educação, a habitação e os cuidados de saúde.

Neste sentido, a lista dos efeitos negativos é muito extensa: diminuição do número de pessoas que compõem a população ativa; envelhecimento progressivo dessa mesma população ativa; desequilíbrios que obrigam a alterações nas políticas de reforma; desequilíbrios no investimento e poupança a nível coletivo e familiar; diminuição do rendimento familiar disponível; aumento dos gastos em saúde; subutilização e redundância no sector da educação; primazia dos valores conservadores na política; desequilíbrios nas estruturas familiares; aumento da problemática de socialização intergeracional; fragilização das relações primárias de apoio; possível quebra do sistema de Segurança Social.

Espero que as autoridades políticas em Portugal tomem verdadeira consciência da gravidade da situação atual, e para além de aumentar a proteção e o apoio aos idosos, fomentem leis que facilitem e favoreçam a constituição de famílias e estimulem a natalidade. Só desta forma Portugal deixará de ocupar um dos últimos lugares no ranking mundial de natalidade, e os lugares cimeiros no que respeita ao envelhecimento da sua estrutura demográfica.

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publicado às 17:04


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