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O projeto europeu tinha como grande objetivo enterrar estes monstros em definitivo. Passados estes anos de integração europeia intermitente, com recuos e avanços, a crise económica está a fazer com que o projeto europeu se desintegre e os europeus olhem cada vez com mais ceticismo para a Europa.

O fenómeno ganha cada vez mais força na Europa, os partidos tradicionais estão a desaparecer, por não darem respostas claras às angústias das populações. A tendência dos partidos de extrema-direita com ganhos importantes de popularidade manifestou-se mais recentemente na Áustria, mas também em França, no Reino Unido, na Alemanha, Suécia, Holanda, Finlândia, Hungria, Áustria, Letónia e Grécia.

Perante esta falta gritante de respostas por parte das instituições europeias, crescem os partidos xenófobos, nacionalistas, antieuropeus. As principais divisões são de ordem política, em torno de questões como a União Europeia, os refugiados, a confiança no sistema político vigente.

Do outro lado do atlântico o panorama é delicioso para os politólogos, mas muito preocupante para o futuro dos norte-americanos e do mundo em geral. Mas os motivos que colocam Donald Trump com grande popularidade são muito idênticos, aqueles que na europa potenciam o crescimento da extrema direita. Nos EUA a classe média tem cada vez mais dificuldade em acender.

Quem diria que nos primeiros anos deste século, a América e a Europa chegariam a um impasse. Os responsáveis políticos mundiais e principalmente europeus têm de encontrar uma forma de disseminar o sentimento de entusiasmo e de esperança para as pessoas, caso contrário, os povos poderão mergulhar novamente na escuridão profunda.

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publicado às 19:59

A ingenuidade europeia e o terrorismo

por franciscofonseca, em 06.12.15

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As políticas económicas de austeridade impostas na Europa, a partir de Berlin, com o consentimento de Paris, Londres e Bruxelas, ao longo dos últimos anos aumentaram exponencialmente as desigualdades sociais dentro destes mesmos países, assim como, em todos os outros países do espaço da União Europeia.

Esta realidade é perfeitamente identificada nos 64 bairros franceses altamente problemáticos, repartidos por 38 cidades, desenhando uma mancha que mistura exclusão e violência. A esmagadora maioria dos seus residentes é de origem estrangeira e uma proporção significativa das famílias são muçulmanas. A periferia de Paris forma uma constelação de aglomerados de alto risco, uma espécie de "apartheid territorial, social, étnico e religioso" que forma um garrote pronto a asfixiar a capital.

Bem sei que o desejo natural da maioria das pessoas é ter uma vida normal. As falhas na integração das populações estrangeiras e as desigualdades sociais, mesmo a marginalização racial e cultural, não são, nem só por si nem necessariamente, autoestradas para a violência e para o terrorismo.

Analisando a situação como uma certa prudência, em França e noutros países europeus, seria um erro ligar, imigração, etnicidade, pobreza, dificuldades de integração social, religião, discriminação, com focos de criminalidade ou de terrorismo.

Mas por outro lado, não podemos deixar de constatar, que é nestes espaços onde a maioria dos jovens encontrou terreno fértil para iniciar os processos e radicalização. Os últimos acontecimentos confirmaram que os terroristas dos atentados de Paris e os suspeitos de planearem mais ataques são originários ou são procurados em Paris e em Bruxelas nestes bairros.

O terrorismo que assola a Europa é uma extensão religiosa a partir do fundamentalismo islâmico. Osama bin Laden, por exemplo, não era um desprovido, mas herdeiro de uma família saudita rica. Também não era um guerrilheiro de esquerda, um altruísta que dedicou sua vida a defender as massas desprovidas, nem extremista de direita. Era um radical ideológico cuja bandeira única era a reprodução de conceitos fundamentalistas e a realização de atos de terrorismo. É impossível analisar, elencar as causas, combater as raízes deste fenômeno ignorando as características regionais, onde o Estado Islâmico, a Al Qaeda e outros grupos terroristas estão sediados.

O estado da arte demostra os perigos a que está exposta a humanidade numa ordem mundial marcada pela violação sistemática do direito internacional, o militarismo, o intervencionismo, a guerra como meio de política externa e o desrespeito à soberania nacional.

Na minha modesta opinião, a luta contra o terorismo não está nas mãos dos Estados e governos cujas políticas apenas têm gerado instabilidade e crises. Bem pelo contrário, exige a mobilização dos povos, das forças amantes da paz e da democracia, de todos os que lutam por uma sociedade livre da ingerência imperialista e por soluções justas para os conflitos internacionais. Esta luta tem de partir em primeiro lugar dos principais países mulçumanos, como a Arábia saudita, o Qatar, Kuwait, Emirados Arabes Unidos, entre outros.

Os casos das intervenções militares no Iraque, Afeganistão e Líbia sempre escudadas na lutra contra o terorismo, apenas produziram caos, estados falhados e deixaram terrenos férteis para os grupos extremistas. A intervenção que se prepara na Síria não fugirá a regra e para além do caos que produzirá será ao mesmo tempo um novo Vietnam, para as reclamadas botas que pizarem o terreno.

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publicado às 21:44

A Europa é uma nau sem rumo

por franciscofonseca, em 06.09.15

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Quando surgem as crises, as divisões ficam mais aparentes. Foi o que se viu nos últimos dias no seio da União Europeia relatimavente aos refugiados. Quando as economias velejavam por mares menos revoltos, os governos europeus incentivavam o consumo exacerbado pela população desses países por meio da concessão de crédito fácil. A mão de obra estrangeira era também muito bem-vinda, na maioria desses países.

As políticas no tempo de crise foram no sentido de tirar o doce da boca de todos, nacionais e estrangeiros. No caso da população nativa, o corte de orçamentos de programas sociais; no caso dos estrangeiros, com medidas restritivas para evitar que cheguem ou “estimular” que saiam.

Uma Europa com um sistema que exclui tanto os seus como os de fora nunca pode dar certo. A prova disso está no grito dos excluídos pelas ruas do velho mundo que, muito provavelmente, vamos continuar a acompanhar por muito tempo.

A crise dos refugiados já começou há muito tempo, onde a Europa tem muitas responsabilidades, mas só agora chegou ao centro da Europa. Enquanto afetava somente países como Itália, Espanha e Grécia, a União Europeia assobiou para o lado. Temo que a velha Europa esteja no fim dos tempos, tal como a conhecemos.

Sou da opinião que o continente europeu deve estender os braços de forma a aliviar esta crise humanitária. Mas devemos ter muito cuidado, pois estas rotas poderão também servir de portas à ameaça terrorista. Não tenho dúvidas que os grupos terroristas extremistas, a operar ao largo da costa mediterrânica, vão aproveitar estas rotas para introduzir operacionais no seio do continente europeu.

Como a Europa não tem uma política de segurança séria de partilha de informação, prevejo que alguns países sejam surpreendidos por ataques terroristas. Será esta discussão entre a ajuda humanitária e o terror que porá fim ao projeto europeu. A Europa mais uma vez não estudou o seu passado e assim sendo, não consegue definir o seu futuro. “Estuda o passado se queres definir o futuro” (Confúcio, 500 a.C.).

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publicado às 21:12

Mudar de páginas

por franciscofonseca, em 31.08.14

A todos os leitores deste blog as minhas desculpas por esta ausência, mas tenho andado com os neurónios adormecidos. O post de hoje é dedicado ao mudar de página. Os nossos insucessos e os obstáculos que experimentamos nas nossas vidas, para a grande maioria das pessoas são problemas terríveis, mas devemos encara-los como novas oportunidades.

Não era espectável que nos dias de hoje vivêssemos numa sociedade com tantos problemas e desequilíbrios, que geram tanta incerteza e induzem um sentimento negativo na vivência da esmagadora maioria das pessoas. Os portugueses têm sido de um estoicismo fantástico. Chegou a hora de mudar as páginas e preparar o futuro transformando o negativo em positivo.

Somos um povo com qualidades inigualáveis demostradas dentro e além-fronteiras. A empatia é sem dúvida uma delas, sendo crucial para o sucesso pessoal e global, como também o são o saber fracassar, o valor da vulnerabilidade, a ambição e a cultura organizacional onde nos inserimos.

Depois desta grande tragédia financeira e social que estamos a experimentar, temos de nos recompor e renascer com uma força adicional. A este comportamento chama-se resiliência, sendo a resposta ideal a qualquer tipo de adversidade. É assim que temos de responder a opção dos governos pela hegemonia da economia sobre as pessoas e ao crescimento económico sem limites à custa da dignidade humana. A economia tem pois que estar ao serviço das pessoas e não estas ao seu serviço. Este tem de ser o novo paradigma da renovada sociedade.

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publicado às 12:23

A utopia de 40 anos de liberdade

por franciscofonseca, em 27.04.14

Portugal festejou 40 anos de liberdade no passado 25 de Abril. Os valores que estiveram na origem da revolução dos cravos estão hoje em profunda crise. Presentemente, o nosso país apresenta profundos desequilíbrios a todos os níveis, muito por culpa das elites governantes, que em vez de se preocuparem, com o interesse Nacional e público, estiveram mais preocupadas com interesses pessoais e corporativos, ao longo dos últimos 40 anos.

Os sistemas de governos liberais que proliferaram um pouco por todo o mundo produziram lixo social, que cada vez mais levam e continuarão a levar às ruas milhares de pessoas, que se sentem terrivelmente maltratadas e violadas nos seus direitos e deveres.

Os movimentos da sociedade civil, intelectuais, economistas de todo o mundo têm vindo a refletir e a propor alternativas ao sistema vigente, que pudesse de alguma forma significar um regresso aos valores que estiveram na base da revolução. Esta alternativa tem de assentar na centralidade da pessoa humana, que possa significar, para lá do arbitrário, viver bem, ter uma vida boa, baseada na ética e moral, que o respeito próprio e a autenticidade de cada um implicam em si mesmos.

Hoje, a sociedade está baseada em valores, que levam a uma desenfreada e gananciosa procura e acumulação de riqueza, que com a crise económico-financeira, se optou pela ditadura dos números e pela chacina humana, resultando, um tremendo descontentamento e indignação das populações em geral.

Temos de ter a coragem de inaugurar um novo tempo, com novos paradigmas, capazes de colocar no centro de toda a governação o ser humano, o seu incondicional valor e dignidade para lá da economia, e os valores da liberdade, do trabalho, da habitação, da saúde, da proteção social, da educação e tantos outros, pelos quais o 25 de Abril de 1974, em Portugal, se tornou uma revolução urgente e necessária, mesmo para além fronteiras.

Com o passado compreendemos o presente. Manter a sustentabilidade como prática responsável da liberdade só é possível em comunidade, pelo diálogo e cooperação. Mas, chegou tempo de dizer não às partidocracias, aos parlamentos sem povo, aos interesses de famílias. Lutar por políticas que não encontrem nunca mais no empobrecimento, no desemprego, na perda de casa, da família, da comunidade, no abandono e na exclusão social, mas sim em políticas que construam comunidades da sociedade civil possantes, imbuídas de consciência política e práticas de cidadania.

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publicado às 22:20

A explosão dos trabalhadores independentes

por franciscofonseca, em 16.02.14

O desemprego massivo que existe nos países desenvolvidos está a criar uma nova realidade no mercado laboral. Os trabalhadores independentes representam, atualmente, cerca de um terço da força de trabalho. Estima-se que até 2020, 40% dos trabalhadores dos países desenvolvidos estejam a trabalhar neste tipo de regime.

Alguns lamentam esta mudança histórica do trabalho assalariado e a tempo inteiro. À medida que os horários flexíveis e a comunicação ubíqua se tornam norma, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional que sempre tentámos alcançar está agora mais perto.

O sucesso em 2014 está menos associado à riqueza e mais aos valores, nomeadamente ao valor do tempo, da comunidade e do bem-estar. À medida que a disponibilidade para as 40 horas de trabalho semanais diminui, o mesmo acontece com o seu apelo. Quem deseja um “relógio de ponto” no final do dia quando é possível ditar os próprios horários? A semana de trabalho tradicional passou a ser vista como uma prisão do passado. Gerir o nosso próprio tempo não é apenas recompensador, mas igualmente prático e eficaz.

Nos contratos “antigos”, o trabalho vinha antes de tudo o resto, até da saúde. E, em troca de se trabalhar como um escravo, recebia-se um salário certo e, com sorte, um pacote de benefícios decente. Na atualidade, os trabalhadores independentes estão a substituir esse velho contrato por algo melhor e muito mais saudável.

Estes novos trabalhadores valorizam a alimentação saudável, as idas ao ginásio ou a prática do ioga, para reduzirem os níveis de stress e trabalhando em lugares cheios de luz e ar menos poluído. Para estes trabalhadores, o sucesso no trabalho significa ser-se saudável o suficiente – física e mentalmente – para ser possível gozar a vida. A força de trabalho está a mudar e a definição de sucesso está a acompanhar esta mudança. Para os trabalhadores independentes, a liberdade no trabalho, uma vida saudável, e a pertença a uma comunidade constituem o sucesso que os trabalhadores querem obter presentemente.

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publicado às 17:25

A nova guerra fria da espionagem eletrónica

por franciscofonseca, em 27.10.13

O escândalo de espionagem eletrónica encetado pelos Estados Unidos da América, contra os principais membros da ONU tem provocado as mais variadas reações no seio dos Estados e na comunidade internacional. O Mundo acordou devido as revelações feitas por Edward Snowden, ex-técnico da CIA e ex-consultor da Agência Nacional de Inteligência (NSA). A agência tem acesso a e-mails, serviços de chat, vídeos, fotos, downloads, senhas e dados armazenados dos usuários de nove empresas da internet: Microsoft, Yahoo, Google, Facebook, PalTalk, YouTube, Skype, AOL e Apple, com o aval do Congresso dos EUA e da própria Casa Branca.

A NSA teve acesso a telefonemas, e-mails e mensagens do telemóvel de Dilma e dos principais assessores do governo brasileiro. Este escândalo causou extrema insegurança e desconfiança nas relações entre os países, uma vez que interfere diretamente no conceito de Soberania dos Estados. Mais recentemente foi revelado que a espionagem norte-americana chegou à chanceler alemã, Ângela Merkel. Esta prática é um atentado contra aos direitos dos indivíduos, bem como ameaça a soberania dos países, ferindo claramente o conceito de Soberania dos Estados.

Existem suspeitas fundamentadas que os Estados Unidos estão a vender hardware comprometido, com portas dos fundos secretas em chips, para ajudar no trabalho de espionagem. Se o hardware está comprometido de alguma forma, a segurança perde-se de uma forma brutal. Evitar ou detetar todas essas ameaças, evitando a inserção de portas dos fundos no hardware é uma tarefa quase impossível.

Muitos países já estão a utilizar técnicas de guerra cibernética para lançar ataques uns contra os outros e há necessidade de vigilância contínua para proteger sistemas críticos de computadores. O ciberespaço é disputado a cada hora, a cada dia, a cada minuto, a cada segundo. A internet reduziu as barreiras de acesso aos jogos da espionagem. A sua expansão eleva o risco de perturbações em infraestruturas, por exemplo em centrais nucleares e serviços financeiros.

Esta nova guerra fria tem múltiplos atores e objetivos diferentes da anterior. Agora os objetivos das nações passam por ampliar o seu poder no mundo e obter vantagens económicas para os governos e empresas. Sem sombra de dúvidas, que o propósito principal dos EUA não é o combate ao terrorismo, não é a segurança nacional, não é o combate a outros crimes como a pedofilia ou o tráfico de seres humanos. É para aumentar o seu poder no Mundo e tirar vantagens financeiras. Estamos em tempo de guerra e espião que engana espião tem mil anos de perdão.

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publicado às 11:28

A economia precisa de mais globalização

por franciscofonseca, em 21.10.13

A economia global está moribunda. Necessita de uma vitamina para revitalizar as empresas, aumentando as vendas e a produtividade. Isto conduziria a um acesso ao crédito mais facilitado, aumentando a diversidade e a qualidade dos bens, assim como, a redução dos preços. Esta vitamina chama-se globalização.

Contudo, após a crise económica de 2008 a tendência tem sido contrária, nalguns casos na construção de barreiras ao comércio livre. A tecnologia e a liberalização económica deixaram de estimular maiores volumes de capital, bens e pessoas a cruzar fronteiras. Mas como é do conhecimento geral, o protecionismo torna pior uma situação já por si nefasta.

Os fluxos de capitais globais caíram de 8 triliões de euros em 2007 para 2,6 triliões em 2012. Isto aconteceu em parte devido aos reguladores na América e na Europa tentarem proteger os seus sistemas financeiros, depois de alguns bancos acabarem em desastre. Estas medidas dotaram os sistemas financeiros de maior segurança relativamente ao contágio e as crises financeiras.

Mas os governos têm de se abrir financeiramente, a concorrência de bancos estrangeiros força os seus congéneres domésticos a competir mais seriamente. Todos os países que adotaram medidas protecionistas o crescimento desapareceu. Alguns países estão a contabilizar as perdas e a abrir os olhos e as fronteiras, no que respeita aos capitais estrangeiros.

Todavia, a globalização continua a depender da América, apesar da crescente influência da China. A china está a fazer uma transição de uma economia pobre para uma de classe média. A ideia popular de que a China está acima de tudo isto, que nunca terá um retrocesso, é uma miragem. Há muitas mudanças sociais, políticas e económicas que estão a ocorrer. Na minha opinião continua a ser a América a ter o poder para influenciar o mundo a abrir as suas portas.

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publicado às 18:49

Os porcos doentes

por franciscofonseca, em 21.04.13

A crise da moeda única está a entrar no seu quarto ano de história e nem os mais otimistas conseguem vislumbrar o seu fim. No início da epopeia era só a crise da dívida grega, mas logo os mercados especulativos se viraram para outras paragens, como Portugal, Irlanda, Itália e Espanha, dando origem ao que se passou a designar por PIIGS, nos países anglo-saxónicos. Com a entrada do Chipre de da Eslovénia para este clube, o acrónimo teve de ser aumentado para SIC(K)PIGS, ou seja, porcos doentes.

Penso que muito brevemente será necessário acrescentar mais vogais, pois se a Europa continuar neste caminho desastroso, outros países necessitarão de ser intervencionados, pois os mercados financeiros são como os abutres, não se importando com o sabor da carne.

A Europa sem uma união fiscal e bancária jamais conseguirá sair desta crise e sem isso a união monetária não funciona. A falha redundante em políticas cada vez mais radicalizadas continuam a agravar a crise de alguns países e a arrastar outros para o centro do turbilhão financeiro.

A zona euro está mergulhada num ciclo vicioso que arrastará os países para a falência em massa. O BCE estabelece uma única política para os 17 membros, mas as realidades dos países são completamente distintas, nomeadamente os salários, onde nos países do norte são mais elevados. Desta forma os países do sul são empurrados para uma economia com pouco dinheiro, economias esquecidas, tudo em nome da inflação. O euro transformou-se num pacto suicida de austeridade, que tem conduzido ao desastre, pois as dividas dos países aumentaram, pelo fato de reduzirem mais o crescimento do que os custos com os empréstimos.

Por outro lado, os países do sul estão a ser empurrados para a depressão e os do norte para a recessão, uma vez que metade do comércio da zona euro é feita entre os seus membros. Assim, como a retoma dos países do sul depende nas exportações, estes países vão continuar a cavar o seu buraco ainda mais fundo.

As políticas económicas são desenhadas pelo bloco do norte da Europa, que até agora apenas tem tomado medidas para evitar uma hecatombe, baseadas no controlo da inflação. Mas a pressão que está a ser feita nos países do bloco do sul estrategicamente, poderá fazer com que os países do sul cheguem à conclusão que não existe qualquer esperança de recuperação no interior da zona euro. Nessa altura, a Europa não necessitará de mais acrónimos, para tristeza dos países anglo-saxónicos.

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publicado às 13:35

O maior défice de Portugal não é a dívida que todos temos às nossas costas, mas sim a falta de liderança. Vemos todos os dias os nossos políticos no jogo do ping pong das responsabilidades, pelo estado a que o país chegou. Os portugueses já não têm paciência nem qualquer interesse nesse jogo, acabando por dar mais atenção aos apanha-bolas, que agora viraram uma praga em todos os canais televisivos. Quando uma nação não tem liderança, como acontece a muitos anos em Portugal, os governos não têm ideias, não têm seguidores, não têm estratégia, não têm um rumo, não têm uma cultura de inovação e de mudança.

Os governos existem porque há pessoas, as políticas pressupõem pessoas, que devem ser o foco dos governantes, mesmo acima dos números. Os verdadeiros líderes têm que ser capazes de escutar, entender e envolver os cidadãos. Para tanto, precisam de se conhecer e conhecer muito bem a realidade interna e externa em que navegam.

Nestas condições, ao contrário do que os nossos governantes e políticos fazem, é possível vislumbrar oportunidades no meio das crises, vantagens em situações hostis como a que vivenciamos e criar uma cultura nacional que impacte o desempenho e a produtividade, que priorize o agir em vez do discurso de retórica, do qual estamos todos cansadíssimos. O poder da palavra é diferente da palavra do poder.

Hoje liderar um país, ainda mais nesta envolvente de incertezas, implica correr riscos, ousar, fracassar, propor e fazer mudanças. A maioria dos portugueses não é resistente à mudança. Eles resistem à dor da mudança e ao medo do novo, porque a comunicação e explicação das políticas é confusa, para que ninguém perceba o seu objetivo. É necessário pessoas nos lugares certos, fazerem uso de uma boa comunicação e alinhadas estrategicamente, para gerarem uma mudança sustentável. Desta forma ganha importância a eficiência operacional que levará à escala nacional.

Uma boa liderança de uma estrutura governativa é aquela que é capaz de causar dor e os cidadãos agradecerem. Um bom líder deve conseguir ver as vantagens em situações hostis, torná-las desafios e envolver toda a sociedade. Portugal precisa de alguém que corra riscos, que não tenha medo de fracassar, que explore o novo e promova mudanças profundas, sem interferência dos apanha-bolas. Que jogue sempre para ganhar, ao estilo do Mourinho, que crie vínculos com os cidadãos, que inspire gerações e se torne o porto seguro delas. Necessitamos de um líder que compreenda o contexto de atuação e as principais tendências sociais, económicas, políticas, técnicas, ambientais e demográficas, pois só dessa forma conseguirá definir o foco das suas políticas. Estou farto dos arrogantes que para com os fracos são fortes e perante os fortes têm sido muito fracos. Temos de arrepiar caminho urgentemente.

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publicado às 18:52


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