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A cultura da tolerância zero ao erro

por franciscofonseca, em 10.03.12

Em Portugal existe uma tolerância zero ao erro. É uma cultura de castração da inovação, do risco, do desenvolvimento, que acaba por levar grande parte das pessoas, a fazer tudo sempre da mesma forma, pois o medo de cometer erros é de tal forma grande, que as pessoas ficam condicionadas pelo medo de errar. Desde muito cedo nas escolas esta cultura é transmitida, ao contrário de em outros países, muito mais desenvolvidos, esta cultura seja completamente inversa, ou seja, quem mais erra mais acerta.

Assim, as pessoas continuam a errar com os próprios erros. Os seres humanos querem muito que os outros pensem bem deles. E, como os outros deixam de pensar bem de quem confessa um erro, chegamos ao ponto de pensarmos mal de nós mesmos quando erramos, por isso evitamos a prática de examinar os fracassos em profundidade, porque é desagradável emocionalmente e pode dilapidar a nossa autoestima.

A pergunta é inevitável: de quem é a culpa? É a primeira e às vezes a única questão que toda a gente faz. As pessoas que temem as consequências do erro tomarão todas as medidas para não errar. Normalmente, também existe uma resposta muito comum: a culpa não é minha. Desta forma, tomar todas as medidas pode incluir fraudar os números ou culpar alguém, o que muitas vezes acaba por acontecer no nosso país.

Nesta cultura, reconhecer a falha, e até perdoá-la, é estranho para a maior parte das pessoas e principalmente para os chefes. A cultura condiciona os chefes a acreditar que o melhor e talvez o único remédio confiável é o medo do erro e suas consequências. Permitir que as pessoas errem não se coaduna com altos padrões de desempenho. Mas acertar a primeira é pouco realista, e não tolerar pequenos erros é entender mal como os sistemas complexos funcionam, nos dias de hoje. A isto eu chamo incompetência hierárquica, pois quanto mais as pessoas no topo precisam saber, menos provavelmente elas saberão.

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publicado às 16:50


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