A classe política portuguesa ainda não percebeu que o órgão mais sensível dos portugueses é o bolso. Nos últimos anos este órgão tem sido muito violentado e já 2,3 milhões de portugueses sofrem de doença crónica, ou seja, vivem com menos de 360 euros por mês. Os números são alarmantes e contradizem tudo aquilo que os principais responsáveis políticos deste país têm andado a apregoar.
Mas a doença já afeta um terço da população ativa, não fossem alguns medicamentos que ajudam a aliviar a dor, como as pensões de reforma e as transferências sociais do Estado, mais de 4 milhões de portugueses estariam contaminados pela pobreza.
Mas Portugal padece de outra grave patologia, que é o fosso criado entre pobres e ricos, a doença mais grave entre os países da União Europeia. O rendimento dos dois milhões de portugueses saudáveis é quase 70 vezes maior do que o rendimento dos dois milhões de portugueses que sofrem de doença crónica. Os dois milhões de portugueses saudáveis reúnem 45% do rendimento monetário líquido das famílias a nível nacional.
Depois os responsáveis políticos afirmam que não existe risco de fratura social em Portugal, que os portugueses aguentam ainda mais sacrifícios, quando os números indicam que o índice de desigualdade está a aumentar para níveis insustentáveis. Deixo o alerta e chamo a atenção, para o fato de que, quando o órgão mais sensível dos portugueses é afetado desta forma, a reação pode ser imprevisível e deixar marcas na Nação. Andamos a brincar à política, aos políticos e com o fogo.
