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Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
Existe uma ideologia que passa pelo neoliberalismo que está a empurrar as economias periféricas contra a parede. Os advogados da austeridade que preveem que os cortes da despesa trarão dividendos rápidos, na forma de uma confiança crescente e que terão pouco, se nenhum, efeito adverso no crescimento e no emprego estão completamente errados.
Os aumentos dos impostos e os cortes na despesa pública deprimirão ainda mais as economias, agravando o desemprego. Cortar na despesa numa economia muito deprimida leva a que qualquer poupança conseguida é parcialmente anulada com a redução das receitas, à medida que a economia decresce. Os recentes dados da execução orçamental demonstram isso mesmo, no caso português. Já entramos no ciclo vicioso.
Portugal através do seu governo continua a aplicar a política cega de reduzir a despesa pública quando existe um desemprego crescente, isto é um erro trágico, a estratégia correta seria criar empregos agora e reduzir défices depois.
A capitalização da banca não é sinonimo de que as empresas tenham acesso imediato ao crédito. A opinião e o mau estar sentidos na população com a recapitalização da banca, pode fraturar a europa e criar grandes clivagens entre os cidadãos e os bancários.
O problema da europa é que tem uma economia dependente do financiamento bancário, ao contrário do que se passa com os Estados Unidos, que tem uma economia muito mais independente do sistema bancário.
O empréstimo à banca espanhola aumenta a dívida do Estado espanhol e isso aumenta o risco para os privados, logo os mercados vão agravar os juros da dívida espanhola, que poderá obrigar Espanha a pedir um resgate para o próprio Estado.
Mas a grande dificuldade para a economia portuguesa passa pelo acesso ao crédito das empresas que é muito mais caro do que na Alemanha e isso cria um desequilíbrio estrutural gigantesco em termos de competitividade das empresas na economia. Mas, ainda há quem defenda que a solução para sermos mais competitivos passa pela redução de salários. Haja paciência e pachorra para ouvir estes indigentes mentais.
A cimeira dos 20 países desenvolvidos e emergentes mais importantes do mundo terminou em Los Cabos, no México e ficou provado que vivemos sem uma liderança global. O mundo do G20, mas que na realidade é um mundo G-Zero, no qual não existe qualquer tipo de liderança eficaz ou consistente. O resultado desta situação passa por um conflito intensificado no palco internacional em torno de questões vitalmente importantes, tais como uma coordenação macroeconómica internacional, uma reforma regulatória financeira, políticas de comércio e alterações climáticas.
Esta nova ordem possui implicações de longo prazo para a economia global, à medida que as empresas em todo o mundo se sentam em cima de enormes pilhas de dinheiro, à espera que a atual era de incerteza política e económica passe, os países estão crescentemente voltados para o seu umbigo e as tentativas de se apresentarem soluções globais para problemas globais é cada vez mais uma miragem.
Os vencedores aceitam o mundo tal como ele é, por exemplo, os bancos, os hedge funds ou os private equity funds irão mover as suas operações para os mercados emergentes, de forma a evitar as reformas regulatórias ocidentais e globais. Não me restam dúvidas que será o músculo económico, e não o militar, que determinará o equilíbrio internacional de poderes.
Apesar de tudo, os Estados Unidos continuará a ser o jogador mais forte neste tabuleiro de xadrez global. E, na maioria dos casos, a América continua a ser a potência mais bem preparada para lidar com um mundo sem liderança global. Os seus valores democráticos, o seu poderio militar e o facto de continuar a ser o mais bem-sucedido berço da inovação e de empreendedorismo.
Esta reunião de líderes do G20 ficou marcada pela desunião de esforços, pelo salve-se quem puder. Estamos, assim, a viver num mundo global governado por uma desordem igualmente global.
Na Europa a corrupção tende a agravar-se com a crise financeira. Existe uma forte correlação entre este fenómeno e os défices dos países do sul da Europa, que lideram o problema de endividamento e os que menos praticam uma cultura política de transparência.
Na Grécia, Itália, Portugal e Espanha a corrupção consiste com frequência em práticas que resultam da opacidade nas regras entre os grupos de pressão, de tráfico de influência e de relações muito estreitas entre o sector público e o privado. A permeabilidade entre empresas e governos favorece o abuso de poder, o desvio de fundos e a fraude, minando a estabilidade económica.
Nos países que passam por dificuldades financeiras, os abusos e a corrupção não estão controlados. Estes países padecem de uma grave carência de responsabilidade dos poderes públicos e revelam uma ineficácia, negligência e corrupção tão enraizadas que não é possível ignorar a relação entre a corrupção e as crises financeira e orçamental que se vive nestes países. Esta é a realidade nua e crua e que os lobbies sem controlo tudo farão para que assim continue.
Neste momento de grande incerteza a Europa necessita de uma cultura política de transparência para sair da crise económica. Existem demasiados governos que se furtam à sua responsabilidade na gestão das finanças públicas e dos concursos públicos.
Mas quando o problema não é a crise económica mas, pelo contrário, o fenómeno da corrupção prolífera graças à riqueza, ou seja, o modo descarado como as elites políticas e económicas desse país delapidam essa riqueza em prol de benefícios próprios. Falo de Angola, de facto dos países mais corruptos do mundo. Os mais corruptos têm toda a proteção política e jurídica para que não sejam responsabilizados pelos seus atos. É quase impossível uma empresa estrangeira investir hoje em Angola sem que tenha um sócio que seja membro do governo ou que esteja ligado à família presidencial. Há uma associação de tráfico de influências.
Os principais sinais deste fenómeno continuam enraizados na administração pública, onde impera a gorjeta, chamada gasosa, o tráfico de influências, a retórica da falta de verbas como forma de justificar a não concretização de projetos sociais, o nepotismo e os sinais exteriores de riqueza e, ainda, a regra do sócio, apelidada em Angola de cabritismo, e do amigo do partido. O sul da Europa aproxima-se perigosamente deste tipo de corrupção. Espero que este fenómeno seja passageiro, caso contrário será a ruína completa dos povos.
O resgate espanhol comprova mais uma vez que existem países de segunda e de primeira, na forma de tratamento pelas instâncias europeias. A Irlanda que foi intervencionada em 2010 já afirmou que vai pedir a renegociação do seu plano de regaste, querendo para si as mesmas condições, já Portugal parece estar contente com o seu plano e não tenciona pedir qualquer renegociação, pois não tem poder nem força para o fazer.
A Espanha beneficiou bastante com o facto de ter aprendido com a experiência portuguesa e teve condições para negociar uma situação que é bastante mais vantajosa do que a que temos em Portugal. As garantias do governo espanhol devem passar pelo controlo do défice, pelo aumento dos impostos, nomeadamente do IVA.
Num momento como o atual de enorme tensão nos mercados da zona euro, este processo foi conduzido de forma a não manchar a reputação dos governantes de Madrid e acima de tudo não afundar ainda mais, a quinta maior economia europeia. A Alemanha tratou de forma diferente a Espanha, pois sabe que a austeridade no caso espanhol agravaria ainda mais o desemprego, que já é insustentável.
Este resgate disfarçado, pode abrir uma caixa de pandora nas relações dos governos europeus e também nos governos regionais espanhóis. Penso que outros países vão ponderar fazer pedidos nestes moldes, pois é uma forma interessante de injetar dinheiro fresco na economia e com custos reduzidos. Por outro lado, os governos regionais espanhóis podem ter aqui uma boa solução para saírem da bancarrota em que se encontram e conseguirem financiamento.
Espanha conseguiu libertar-se dos programas austeridade, que podem ter chegado ao fim. É previsível um novo dinamismo da economia e pode ser positivo para Portugal, pois a economia espanhola é uma das maiores destinatárias das exportações portuguesas. Veremos se a Espanha necessitar de mais dinheiro no futuro, se pode continuar a contar com o biberão alemão.
A Espanha está a tentar evitar um pedido de resgate que a pode equiparar à Irlanda, à Grécia e a Portugal, que tiveram de assinar um memorando de ajustamento financeiro com a troika. Seja qual for a modalidade, o pedido tem de ser feito pelo governo espanhol que tem de aceitar condições e dar garantias. Estima-se que os bancos espanhóis registem perdas aproximadas de 250 mil milhões de euros, devido aos problemas latentes detetados no mercado imobiliário. A dimensão do problema espanhol é três vezes superior ao cheque de 78 mil milhões de euros, passado a Portugal.
Outro grave problema com que Espanha se está a confrontar, tem a ver com as dívidas das regiões, à semelhança da Catalunha que já pediu ajuda financeira ao governo central, muitas outras estão na mesma situação. Os instrumentos europeus já estão prontos para o resgate espanhol, resta saber até quando irá resistir o governo.
As consequências negativas para Portugal do resgate espanhol são no âmbito económico. Com maior austeridade em Espanha, o consumo vai diminuir e as nossas exportações irão diminuir. Mas Portugal também vai beneficiar, nomeadamente, o sistema bancário português, com a assistência financeira aos bancos espanhóis, estes passarão a ter condições para honrarem os seus compromissos.
O furacão da crise espanhola poderá acelerar os mecanismos para pôr fim à crise da Zona Euro. A Europa necessita antes de mais, de uma união política e de uma união orçamental, no fundo mais Europa. A consolidação orçamental é fundamental para perspetivar o crescimento económico.
O endividamento da banca, das empresas e dos agregados familiares, o desemprego elevado, as medidas de austeridade orçamental destinadas a combater o aumento da dívida pública e a exposição da banca a dívidas soberanas, conjugada com uma economia fraca formam este ciclo vicioso, que continua a fazer as suas vítimas. A Espanha é a vítima que se segue dentro de momentos.
Esta ideia tem de ser disseminada. A classe média foi e continua a ser um pilar fundamental de uma sociedade próspera e desenvolvida. Este pilar é uma vantagem competitiva que deriva diretamente da força da classe média, a começar pelo seu poder de compra. Os mais ricos não fazem o suficiente para estimular a economia, esse poder está nas mãos da classe média, mas erradamente os governantes continuam a pensar que são os mais ricos que têm esse poder.
A classe média tem uma maior predisposição para gastar o rendimento disponível do que as famílias ricas, apesar das festas e dos aviões a jacto que os transportam para férias em sítios paradisíacos, não compram t-shirts, carros e refeições em restaurantes que sejam suficientes para fazer equivaler os gastos que ocorreriam se a sua fortuna fosse dividida entre milhares de famílias pobres. Neste domínio vários são os estudos sobre o que os economistas denominam como propensão marginal para o consumo, que apoiam esta teoria.
Ao contrário do que vejo todos os dias na imprensa nacional e internacional, a ser defendido, maior austeridade para a classe média e mais dinheiro para os bancos e as grandes empresas, ou seja, a solução do passado que nos conduziu até a crise. Não me restam dúvidas que tem de ser a classe média a puxar pelo crescimento, pois é ela que investe em dois dos mais importantes motores da economia: nas infraestruturas e no capital humano. São as classes médias que exigem boas estruturas de suporte e boas escolas, exemplos que incentivam o funcionamento geral da economia.
Está demonstrado que as classes médias são as incubadoras dos empreendedores de amanhã, pois estas oferecem uma boa combinação de tempo, recursos e motivação para investir nas competências e para ascender na escala da inovação. Geralmente sete em cada 10 empreendedores provêm de classe média. Por seu turno, aos filhos dos ricos, habituados aos seus confortos extremos, poderá faltar o incentivo necessário para aumentar ainda mais a fortuna de família e para subirem a escada económica, o principal motivador para os empreendedores do futuro.
A economia encontra-se em muito maus lençóis, se não vejamos, jovens que queriam ser médicos acabam a servir cafés ou caixas de supermercados. Uma jovem mulher que ambiciona ser professora acaba como baby-sitter, a ganhar uns trocos, enquanto espera que haja um lugar para si numa qualquer escola. Em Portugal e na Europa a economia está a sofrer simplesmente porque as pessoas não conseguem realizar todo o seu potencial e porque as políticas públicas são concebidas através de pressupostos e enfoques errados. É chegado o momento de arrepiar caminho.
A novela das secretas em Portugal continua e não sei quantos mais episódios vamos ter de assistir. Em Portugal os serviços de informações sempre foram uma grande trapalhada. Nunca se sabe muito bem quem dirige os serviços, quem fiscaliza e quem pode ter acesso à informação. Existe uma regra de ouro nos serviços de informações, mas que em Portugal nunca é cumprida, quem entra nas secretas não pode depois sair. Esta regra esta plasmada nos livros, na experiência histórica, nos filmes, ou seja, quem entra nas informações para trabalhar fica o resto da vida ligado as informações.
Mas, em Portugal é possível pertencer aos serviços de informações e a seguir sair para pertencer a uma empresa privada e depois mais tarde até pode voltar aos serviços de informações, para cargos mais importantes dentro da hierarquia dos serviços. Isto é inconcebível e claro que mais tarde ao mais cedo resulta em grandes trapalhadas. Mais, vejamos o que aconteceu com quatro dos sete ex-directores-gerais do Serviço de Informações e Segurança (SIS), a secreta que trabalha sob ameaças internas à segurança, foram ocupar cargos de natureza política quando deixaram as funções na intelligence.
Hoje, os jogos geoestratégicos e de interesses económicos são muito complexos, quer entre países concorrentes, quer entre empresas. Os países desenvolvidos utilizam os seus serviços secretos para obter informações importantes tanto a nível de ameaças à sua segurança, como também informações importantes em termos de oportunidades de negócios para o seu país. Em Portugal as secretas são uma teia infiltrada por interesses políticos e privados que desvirtuam completamente o objetivo da sua existência.
Por outro lado, os escolhidos para as secretas tem de estar acima de toda e qualquer suspeita, ter uma alta competência para trabalhar nas diferentes áreas dos serviços e, um nível ético irrepreensível. O poder político tem de elevar o nível de exigência ética relativamente às escolhas que são feitas, caso contrário mais novelas haverá no futuro.
Hoje ouvi alguns iluminados economistas, próximos do governo, defenderem a redução dos salários em Portugal. Gente incompetente, com responsabilidades diretas na situação atual, que deveriam ser responsabilizados civil e criminalmente, por todas as atrocidades cometidas, mas que ainda se acham no direito de dar contributos ainda mais ruinosos. Os trabalhadores portugueses ganham 12€ por hora de trabalho, os espanhóis 21€, os franceses 36€, os alemães 30€, os belgas 39€, os gregos 17€, os irlandeses 27€,sendo a média dos 17 países da Zona Euro, 27€. Mas ainda há imbecis que acreditam que baixar salários é uma boa solução para aumentar a competitividade.
O fosso entre ricos e pobres em Portugal está cada vez mais acentuado: 20% da população rica a ganhar seis vezes mais do que os 20% mais pobres. Já para não falar que a classe média portuguesa corre sérios riscos de baixar de categoria, sendo nela também que recai a maior fatura da crise. A erosão da classe média e os efeitos nefastos que este desgaste possui no crescimento é um elemento comum a muitas economias europeias. Esta é a realidade muito perturbadora.
E, caso este declínio continue, os efeitos podem ser os seguintes: estradas e pontes cairão na degradação; as universidades entrarão em guerra para licenciar estudantes e os preparar para o mercado de trabalho; os gastos dos consumidores cairão em flecha; os pequenos negócios irão fechar e serão muito, muito poucos, aqueles que nascerão no seu lugar. Por fim, os milionários serão confrontados com menos clientes e com um número bem menor de potenciais contratados.
Nas duas últimas décadas, a globalização transformou muitos países, em sociedades de consumo exagerado, onde tudo se comprava e, especialmente, com dinheiro emprestado, mas este modelo colapsou com a crise financeira. Só podemos sair desta situação se aumentarmos os anos de escolaridade, a qualidade de educação, a excelência na gestão de recursos humanos, premiar o mérito e implementar uma política rigorosa de responsabilização. A par disso taxar os milionários da mesma forma e sem exceções, para poderem ser aumentados os salários. Estas são as principais medidas para sairmos da crise e não baixar os salários com defendem alguns energúmenos.
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