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A Alemanha tem sido a economia mais pujante da Europa, na última década, somando superavits consecutivos, para além de exportar milhões de carros todos os anos, também exportou milhões de euros, para os países da periferia da Europa. Também não existem dúvidas de quem manda nas principais instituições europeias é a Alemanha, ou seja, quem tem dinheiro dita as regras, sempre foi assim na história dos povos. E, quando assim acontece, normalmente, a tentação germânica para a expansão em busca do mar é inevitável.

Os países que estão em crise financeira, Grécia, Portugal, Irlanda, Itália, Espanha, por acaso são os que têm as maiores extensões de mar agregadas ao seu território em termos europeus. Bem, apenas um dado curioso, mas que em termos geoestratégicos se revela da maior importância. Na minha opinião, a dívida grega está a ser usada como um instrumento, uma ferramenta, para impor uma política de chantagem perante os países em dificuldades económicas.

O objetivo da Troika, do BCE, da Comissão Europeia, do FMI não é proporcionar o crescimento económico na Grécia, nem nos outros países, bem pelo contrário, perfeitamente conscientes desta política de empobrecimento generalizado. Esta perceção global da crise serve os interesses estratégicos, no sentido de reduzir os salários e os níveis de vida das populações, porque querem uma economia de lucros sempre crescentes, que servem os interesses das grandes multinacionais. Aqui reside a verdadeira motivação. Querem ajudar e fortalecer os grandes monopólios financeiros como o Goldman Sachs, o Deutsche Bank, o JP Morgan e todos os grandes bancos privados da Europa e dos EUA.

O meu propósito passa por contribuir para a desconstrução desta perceção global que tomou conta da maior parte da consciência das pessoas e dos países. Imaginem que o dinheiro que está a ser pago aos bancos privados pelos países intervencionados e por todos aqueles que têm dívidas fosse usado para aumentar salários, estimular a economia, criar empresas e subsequentemente diminuir o desemprego, aumentar a procura interna e as exportações. Existem exemplos como a Argentina e o Equador que deixaram de pagar as suas dívidas e não pedem financiamento aos bancos privados e aos mercados. Apesar das dificuldades iniciais e do choque, atualmente estão recuperados e com as suas economias a crescer e com as suas finanças equilibradas. Esta perceção global tem de ser desconstruída pelos países em crise, coordenados e por oposição às intenções expansionistas germânicas.

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publicado às 17:59

O obsoleto sistema securitário em Portugal

por franciscofonseca, em 16.03.13

O sistema securitário português está completamente desfasado, destorcido, desajustado da realidade, do modus vivendi do século XXI e das novas exigências e desafios, que em termos de segurança os cidadãos do mundo ocidental preconizam. Este sistema alicerçado num modelo complexo, disfuncional, ineficiente, inoperante e muito dispendioso carece de ser repensado, debatido urgentemente, entre todos os atores, de forma desapaixonada, despida de preconceitos e centrado no produto final que é a segurança.

Os desafios para a segurança são cada vez mais exigentes, pois as ameaças e os riscos para a segurança das sociedades modernas são de natureza global, imprevisível, invisível, diversificada e assimétrica. A natureza das ameaças e riscos conduzem à adoção de políticas globais, transversais, flexíveis e multidimensionais, sendo inevitável que se proceda com a máxima urgência a uma reflexão e revisão dos conceitos teóricos e institucionais, entre segurança interna e segurança externa, ou seja, entre Segurança e Defesa, entre a oferta pública de segurança e a oferta privada, entre prevenção, investigação criminal e informações.

A governação vive com uma necessidade imperiosa de demonstrar que tem capacidade para encontrar as melhores políticas, para os complexos problemas que afetam a sociedade em todos os campos, constituindo-se a segurança das sociedades, como um fator obrigatório de investimento, cada vez mais elevado, por parte do poder político. Mas infelizmente não tem estado na agenda dos governos a discussão deste problema, devido ao bloqueio de vários lobbies, que têm interesse que esta confusão perdure em Portugal. Não tem havido coragem política para por cobro a esta situação, nem me parece que haja neste momento. 

A Polícia de Segurança Pública promoveu um debate internacional sobre os “desafios da segurança”, na semana passada, onde foi possível vislumbrar algumas conclusões. A primeira conclusão é que este sistema não serve os interesses dos cidadãos; a segunda é que temos uma segurança das mais dispendiosas da europa; a terceira é que existe um desperdício de meios matérias e humanos que torna o sistema pouco eficiente e por fim que é inevitável uma mudança gradual, que conduza a um modelo de uma polícia nacional única.

Neste novo edifício securitário, é fundamental que o modelo atual, de organização da segurança interna, se reconfigure num modelo mais eficiente e produtivo, que passe a englobar as forças e os serviços de segurança, num único edifício, passando a envolver, de forma assertiva, contínua e permanente, a cooperação internacional, as autoridades judiciárias, outros organismos do Estado, os operadores de segurança privada, toda a sociedade civil e por fim os cidadãos, numa participação ativa e efetiva em prol de um bem comum, a segurança dos cidadãos.

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publicado às 18:13

Os demónios da europa já esfregam os olhos

por franciscofonseca, em 13.03.13

Europa parece que mais uma vez vai imergir no caos. A quando da fundação do projeto de paz europeu a economia não fazia parte, juntou-se depois como forma de unir os países e dificultar a guerra no futuro. A integração das economias foi vista como forma de fortalecer o projeto europeu. Como referiu o ex-líder do Eurogrupo, Juncker “os demónios não desapareceram, estão apenas a dormir, como demonstrou a guerra na Bósnia e no Kosovo”.

Registam-se acontecimentos por toda a Europa, que apenas servem para acordar os demónios. Políticos alemães insultam o povo grego, Merkel é recebida em Atenas, com uniformes nazis, a campanha eleitoral em Itália foi antialemã e antieuropeia e o resultado descredibiliza completamente as instituições europeias. Juntando a isto, a Europa corre sério risco de perder uma geração, que futuramente trará consequências desastrosas para todos os países.

O Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, alemão, disse que se houve 700 mil milhões de euros para salvar os bancos, também tem de haver dinheiro para salvar os jovens dos países em dificuldades. Que palavras sabias, mas onde estão essas políticas e esse dinheiro? Hoje a Alemanha comanda a Europa e impõe cortes orçamentais gigantescos a maioria dos governos, mas é completamente despida de ideias para estimular o crescimento. Daqui até as eleições alemãs em Setembro, a Europa será um marasmo, pois não vai haver tomada de decisões, que mudem a trajetória recessiva em que nos encontramos.

A economia tronou-se dominador comum para qualquer ação politica. Quando a racionalidade económica se sobrepõe a todas as consequências maléficas para os cidadãos, quando a única preocupação dos políticos é servirem os interesses dos mercados financeiros e quando a maioria da população vê as suas expectativas completamente frustradas, é natural que os demónios adormecidos acordem e se revoltem.

As manifestações em diversos países são um sinal de que algo terá de mudar. Se os políticos a eleger são uns “presuntos mal curados”, pois não existe alternativa, e depois de eleitos não passam de uns “paus mandados”, então, teremos de colocar um travão na liberdade dos políticos e dos agiotas económicos, ou seja, mecanismos legais de limitação de poderes, para todos aqueles que possuem poder excessivo. Chegamos aqui, porque durante muitos anos vivemos num pandemónio e descontrolo nas responsabilidades dos políticos, pois por norma, apesar das atrocidades cometidas, passadas as eleições o “regabofe” continua. Se nada disto for feito, acredito sinceramente, que mais uma vez a Europa poderá passar por mais um genocídio, para que se chegue uma nova consciência.

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publicado às 18:41

O continente africano é um mundo de oportunidades para milhares de pessoas e investidores, que têm pela frente riscos e desafios muito diversificados. A realidade dos 56 países é muito heterogénea em termos de regulamentações, governos e línguas. O mundo dos negócios é extremamente complexo devido principalmente à burocracia e a corrupção que está enraizada nas principais instituições.

Neste mundo global a comunicação constitui uma barreira difícil de ultrapassar, nomeadamente entre diferentes culturas e onde existem 2 mil dialetos em uso. Os riscos e a instabilidade política a par da corrupção continuam a ser as principais barreiras ao investimento estrageiro no continente. A acrescentar a estas dificuldades temos ainda as barreiras da deficiente qualificação da força laboral, em termos de competências técnicas, os prazos nas importações e exportações e ainda os custos com a energia. Mesmo com estas dificuldades é de realçar que, um quinto das empresas pertencentes ao ranking 500 da Fortune estão sediadas em África.

Este desenvolvimento deverá impulsionar os governos para a transformação da realidade social, criando infraestruturas necessárias ao desenvolvimento, reduzir os níveis de corrupção e clarificar e simplificar as regulamentações estatais. Tenho lido algumas opiniões, de gente conceituada, que defendem que dentro de pouco tempo África estará em condições de competir com a Ásia. Esta gente possui imaginação fértil, pois enquanto a Ásia funciona como um workshop mundial, África exporta exclusivamente, o que cresce nos seus solos e o que é extraído das suas profundezas, minérios, petróleo e diamantes.

O desenvolvimento pode camuflar algumas das maiores chagas deste continente. A pobreza continua disseminada, embora seja menos visível nas capitais. A fome continua a ser uma dura realidade, apesar das várias campanhas de luta, levadas a cabo por vários organismos. O desenvolvimento gera riqueza, mas continua a ser distribuída de forma extremamente desigual. Mesmo com todos estes problemas, África tem sido a solução encontrada para muitos europeus, que na Europa já haviam perdido a esperança de a encontrar. Como já alguém disse “ é melhor viver uma crise de crescimento do que viver o crescimento da crise”. Na Europa, esta é a realidade com que temos de nos confrontar diariamente e por mais alguns anos.

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publicado às 17:50

A juventude inquieta e os excessos das skins parties

por franciscofonseca, em 05.03.13

As skins parties estão a invadir a Europa e chegaram a Portugal. Estas festas começaram em França, principalmente na luxuriante capital parisiense, em locais privados, sendo anunciadas, alguns horas antes no Facebook. Estas festas são um grito de satisfação, aos fins-de-semana, para milhares de adolescentes, oriundos das famílias mais abastadas, que vestem roupas de acordo com as suas próprias fantasias e seus avatares. Estas festas são "orgias de adolescentes" onde os jovens arriscaram a vida, devido aos excessos de álcool e overdoses com drogas.

Os responsáveis governamentais franceses, liberais por excelência, começam a ficar preocupados, principalmente, com o facto de este fenómeno estar a alastrar à indústria lucrativa, que organiza skins parties em estabelecimentos de diversão noturna, fazendo as delícias dos jovens gauleses. Muitos adolescentes contestam os clubes de diversão noturna, pois defendem que estas festas devem ter lugar, somente em ambiente privado.

Os pais não estão assustados nem preocupados. A grande maioria defende que os seus filhos estão no tempo de cometer esses excessos, porque o tempo da responsabilidade chegará mais tarde. Muitos deles referem que participaram em festas muito semelhantes, como são o exemplo das festas de “troca de esposas”, onde só varia a idade das gerações.

Atualmente, o sexo está em todos os lugares, nos pensamentos, palavras, imagens e ações. Isto conduz as pessoas mais jovens, a práticas sexuais não convencionais. Por outro lado, vivemos numa sociedade cheia de regras, controle e convenções culturais. Estes adolescentes querem romper com estas fronteiras e viver na excentricidade e no amor livre.

As skins parties para além de serem festas de puro prazer, os adolescentes buscam a melhor imagem, o melhor filme, para logo de seguida serem inseridos na internet e trocados entre os smartphones. Penso que, no início deste novo milénio, os jovens estão divididos entre a realidade virtual e a vida real. Será que os jogos das gerações atuais são diferentes dos nossos pais e avós em termos de excessos. Acho que as skins parties somente variam na intensidade, pois festas com álcool, drogas, sexo e fantasias sempre existiram, só que agora os excessos são mais nocivos e os adolescentes gozam de maior permissividade.

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publicado às 22:17

Portugal na rua contra a Al`Troikeada

por franciscofonseca, em 02.03.13

Milhares de portugueses protestam nas ruas contra a Al`Troikeada. Em Portugal existe atualmente quase um milhão de desempregados, segundo dados do Eurostat, que reviu em alta a taxa de desemprego para 17,6%, quando há um ano estava nos 14,7%. Portugal está no pódio, no seio da Europa a 27, pior mesmo só a Espanha com 26,2% e a Grécia com 27% de desempregados.

A grande esmagadora maioria da população portuguesa sente um cenário de um país cada vez mais com maiores riscos sociais, com os sistemas socias a eclodir e os cidadãos e as famílias colocados numa situação de grande tensão. O agravamento da pobreza aumenta para níveis insustentáveis, ainda mais com serviços essenciais a serem suprimidos.

Recentemente o FMI reconheceu o impacto negativo sobre a produção e recomendam aos decisores políticos europeus, para que facilitem as condições financeiras às economias periféricas. Assim, a Al`Troikeada reconhece que somente a austeridade não irá resolver a crise, antes pelo contrário, todos os dados conhecidos apontam para o seu agravamento.

A coesão social está posta em causa, assim como a legitimidade dos governos. Cortar cegamente nos gastos somente com o objetivo de reduzir a dívida em relação ao PIB, resulta em grande parte na perda da receita. Somando o pagamento de juros e os custos sociais, principalmente com o desemprego, o resultado final é que o crescimento é impossível.

É necessário uma reflexão profunda no seio da europa, no sentido se reconhecer que o desenvolvimento não pode só ser visto na vertente económica, e que existe uma dimensão social, dois vetores essenciais para o desenvolvimento sustentado. Prosseguir somente com as medidas de austeridade, não vai resolver a crise em Portugal, bem pelo contrário, irá agravar o risco de implosão social e o futuro de Portugal e de todos os portugueses. É um povo que faz um país, é necessário sair da zona de conforto, e participar numa nova cidadania. “Já não podem nascer coisas boas, tão corrompidas estão as sementes.” (Tertuliano)

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publicado às 17:27


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