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Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
Portugal está no caminho e na mira do terrorismo de matriz jihadista. O terreno europeu foi escolhido pelos radicais islâmicos para o conflito que, afirmam, os opõe aos valores do Ocidente. Sharia4spain (s4s), uma plataforma jihadista criada em 2011 e que tem sido um dos principais alvos das autoridades espanholas, defende a “destruição do sistema constitucional espanhol e português e o restabelecimento da sharia (lei islâmica) e do sistema de califado em toda a península ibérica”. Isto esta plasmado no sétimo dos 18 princípios do grupo, suspeito de aliciar e recrutar jovens muçulmanos espanhóis, franceses, marroquinos e portugueses para as frentes de combate, na síria, contra o regime sírio.
As redes jihadistas transnacionais representam hoje para Portugal uma ameaça real. Já há algum tempo que têm vindo a ser detetados, no nosso país a presença de indivíduos aparentemente com ligações às redes jihadistas europeias, suspeitos de integrarem células terroristas noutros países europeus e de estarem envolvidos em recrutamento e preparação de atentados.
Em relação à comunidade islâmica portuguesa, com cerca de 50.000 muçulmanos perfeitamente integrados, mas que podem constituir uma outra linha de hipotética ameaça, principalmente através de elementos pertencentes ao Tabligh Jamaat, uma organização largamente disseminada no mundo muçulmano que professem ideais extremistas.
Segundo alguns especialistas que estudam o fenómeno referem que, “o nosso país situa-se numa espécie de zona ‘cinzenta’, da qual o máximo que se pode dizer é que não está tão ‘próximo’ do problema que a ocorrência de atentados se situe a nível da grande probabilidade, como em França ou Inglaterra, mas que também não está tão ‘longe’ em termos de essa possibilidade ser considerada negligenciável".
A ameaça terrorista é definida com base numa avaliação da intenção e capacidade de grupos terroristas em levar a cabo ataques bem-sucedidos. Portugal está muito próximo dos países do sul do mediterrâneo, onde a primavera árabe deixou território fértil para o radicalismo se implementar e com a agravante da ameaça do terrorismo do Sahel, com espacial relevo para os movimentos terroristas cada vez mais radicalizados, que desencadeiam ações nesses territórios e que a todo o momento podem levar a cabo iniciativas em países como Portugal, Espanha e Itália. Importa levar esta ameaça muito a sério, sem entrar em delírios, ainda mais que em Portugal não existe uma cultura securitária.
Os atentados de Paris mostraram a grande ameaça que paira sobre a Europa. Esta ameaça tem duas vertentes, que representam duas realidades antagónicas e com práticas diferentes, mas com um vetor comum: a intolerância. Os atacantes do Charlie Hebdo representam as pessoas, os grupos fanáticos que reivindicam uma versão do islamismo que vai contra os princípios do próprio Islão, ou seja, o terrorismo fundamentalista islâmico de cariz jihadista. Do outro lado estão as pessoas e os grupos neofascistas, de extrema-direita que se agarram a bandeira do anti-islamismo e que representam o terrorismo de cariz antijihadista.
A primeira realidade resulta da desestruturação do Iraque e da Síria, onde o Estado Islâmico encontrou território fértil para enraizar o fanatismo, negando valores e direitos, inclusive o direito à vida como ficou claro no ataque ao Charlie Hebdo. A segunda realidade resulta de uma crise económica e financeira, acompanhada por uma austeridade que se institucionalizou como paisagem social, na maioria dos países europeus, em prol dos mercados financeiros.
Os partidos, os políticos e as instituições europeias têm andado, nesta última década a brincar com o fogo e quer-me parecer que não existe uma verdadeira vontade de mudança, que faça alterar o desenrolar dos acontecimentos. Um bom exemplo disso é o fato de a maioria dos países europeus preferirem exacerbar o sentimento antirrusso e anti-Putin, dando apoio a grupos da Ucrânia que são, declaradamente, fascistas, homofóbicos e até antissemitas.
Neste momento o que aterroriza a Alemanha e muitos países europeus não é que a extrema-direita esteja em ascensão em muitos países da Europa, mas sim se o partido de extrema-esquerda, o Syriza venha a vencer as eleições na Grécia, forme governo, pondo em risco os sacrossantos pilares da austeridade. Assistimos a negação da democracia no seu próprio berço, com ameaças de expulsão da Grécia da zona euro e até da própria União Europeia, chantageado um povo a favor da continuidade da política económica e financeira, que tem arrastado milhões de europeus para a miséria.
Caso não haja, urgentemente, um volte face deste estado de coisas, podemos estar a assistir ao suicídio do projeto e do sonho europeu. Se este suicídio vier a ter lugar, o futuro não será nem bom para a Europa, nem para o mundo. É imperioso que todos os Estados europeus tomem consciência da gravidade da situação, que promovam uma verdadeira cultura de democracia e que pugnem incessantemente pelos valores do multiculturalismo.
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