Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Viver para trabalhar

por franciscofonseca, em 29.06.09


O trabalho assume na nossa sociedade um papel fundamental nas nossas vidas. Nada nos diz mais sobre a forma como vivemos na actualidade do que a importância que é dada ao trabalho. Quer queiramos quer não, é em grande parte devido a ele que construímos a nossa identidade e que definimos, perante a sociedade, a nossa imagem, estilos de vida e as elites.

E não falo somente do facto de o trabalho ter ocupado a nossa vida interior. As ansiedades e as fantasias que dominam o nosso monólogo interior e que nos ajudam a encontrar um significado para o dia que passou acabam por nos desviar de outros assuntos das nossas vidas.

E se nos queixamos que somos obrigados a dar prioridade ao trabalho em detrimento de outros aspectos das nossas vidas; especialmente no que diz respeito à família ou às relações pessoais; a verdade é que a razão não reside, como tentamos fazer crer a nós próprios, somente numa necessidade económica, outras razões haverá.

O que realmente acontece é que os demais compromissos acabam por ter um peso menor, na contabilidade subjectiva das nossas vidas, quando os comparamos com os nossos sucessos ou fracassos laborais. Pois o fracasso laboral é sem dúvida muito mais penalizador, do que o fracasso familiar, que hoje em dia até está na moda.

As sociedades têm no seu centro o trabalho, a sociedade ocidental moderna é a única a assumir que uma existência com sentido tem invariavelmente de passar pelos portões do trabalho remunerado. Caso contrário será uma existência sem conteúdo, sem glória e sem qualquer significado. Será mesmo assim, ou poderá ser diferente?

 

Francisco Fonseca

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 19:24


3 comentários

Sem imagem de perfil

De Fulano a 30.06.2009 às 08:23

Durante os meus 54 anos de existência apenas tive trabalho remunerado durante 2 a 3, mais coisa menos coisa e sempre com intervalos. Não foi escolha, 1º tinha cabelo comprido, depois soube-se que fumava ganzas , depois que era esquisito depois isto depois aquilo. Sempre fui mantido pela família, serei portanto um semi vivo. De facto há dias em que sinto assim. A exclusão social é total. É como ter doença contagiosa mortal. Mas sou casmurro. Insisto em não soçobrar. Antes ainda tinha alguma intenção de ser útil. Agora faço questão de contribuir o minímo possível. Se possível não compro português. Nem jornais, nem revistas, nem livros, nem espectáculos, nada. Enfim, o minímo possível. Até para gasolina faço 100km . É que, discrimina-me quem quer e eu também. E a Espanha aqui tão perto. Estes também me discriminam, mas é por ser português e portanto considerarem-me lento, atrasado e mesquinho.
Imagem de perfil

De franciscofonseca a 30.06.2009 às 15:14

Obrigado pelos comentários. A nossa sociedade infelizmente ainda não esta preparada para aceitar a diferença e por isso continuamos acorrentados aos padrões. O que é necessário e fazer ruído seja de que maneira for.
Sem imagem de perfil

De Fulano a 30.06.2009 às 08:34

Por aquelas e por outras é que espero que esta crise se mantenha e acentue: quero que as pessoas vivam aquilo que outros viveram sem que isso lhes perturbasse o sono. Quero que tomem do remédio que acham aceitável os outros tomarem. Quero que vivam aquilo que outros viveram e pelas quais foram discriminados pelas novas vítimas do desemprego. Qué para saberem o que é bom! Não me peçam para ter pena. É-me físicamente impossível.

Comentar post



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.




Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2009
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2008
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D