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Revolução, petróleo, sangue e carnaval

por franciscofonseca, em 08.03.11

 

As revoluções no mundo árabe trazem preocupação, mas não devemos entrar em pânico. Qualquer revolução é confusa e sem qualquer tipo de lógica. Vejamos o caso português que, em dois anos passou de uma ditadura neofascista para uma democracia pseudoliberal. Todos os países do Médio Oriente apresentam cores diferentes, tem a sua própria história e identidade. A maior fonte de tensões, na minha opinião, prende-se com o fracasso dos governos destes países, no fornecimento de educação, emprego, habitação e condições de dignidade aos seus jovens cidadãos.

O aumento do preço dos combustíveis deve-se em primeira linha, à instabilidade vivenciada na Líbia, país rico em recurso minerais, mas gerido em benefício de Kadhafi, da sua família e dos seus apoiantes. Se esta instabilidade contagiar a Arábia Saudita, onde se encontram os maiores campos de extracção petrolífera do mundo, então, poderemos assistir a uma escalada do preço do petróleo nunca antes vista que, poderá aproximar-se dos 200 dólares por barril. Se isto vier a acontecer, os preços dos bens aumentará de forma significativa, as pessoas irão sentir dificuldades no pagamento das suas contas, nomeadamente das hipotecas, empréstimos e a economia sofrerá um colapso.

Esta revolução é regional, um movimento no qual cada geração jovem de cada país aprendeu tácticas, ajudas tecnológicas e slogans entre si. Desde a Tunísia, ao Egipto e agora na Líbia que, a resistência dos autocratas tem aumentado. Khadafi tem mantido o poder há 41 anos, recorrendo à brutalidade e a perseguição. Mercenários, snipers, helicópteros atiram indiscriminadamente contra cidadãos líbios que, protestam contra o regime. A pressão internacional tem sido muito ténue, pois estão em causa muitos acordos sujos, em nome do petróleo e da geopolítica, estando agora a atormentar os que os assinaram.

Mas em época de muitos carnavais, por toda a parte, não podemos pensar que estes países, ou quaisquer outros, podem ser governados por uma multidão da Praça Tahir, por uma conta do Facebook ou do Twitter. E quer-me parecer que o movimento “geração à rasca” que, já incomoda muita gente é resultado do fracasso, dos sucessivos governos em Portugal, no fornecimento de melhores condições, para os seus jovens.

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publicado às 13:34


5 comentários

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De Pedro Fonseca a 08.03.2011 às 23:18

Muito bem visto de forma global, é isso mesmo que se passa!
Pelo ponto de vista regional só é pena que este despertar de mentalidades "Há Rasca" não se reflicta em protesto.
Aqui em Bragança estão a dar uma machadada no nosso património histórico com alto potencial turístico , querem afundar a linha do Tua à custa de uma barragem da EDP (1000 Milhões de Lucro em 2010), sem qualquer contrapartida válida que traga progresso a esta Terra.
Só se for o facto da Auto-Estrada da "Justiça" construída em cima do IP4 assim que terminada passar imediatamente a ser paga!
Isto só lembra ao Diabo Sócrates )!
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De franciscofonseca a 09.03.2011 às 15:54

Pois as grandes obras construídas pelos nossos antepassados, com muito esforço, são hoje destruídas em nome dos altos interesses, meramente económicos. Somos um povo sem memória colectiva. Hoje tudo pode ser sacrificado em detrimento do capital financeiro que, domina cada vez mais o destino dos povos.
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De TBD a 09.03.2011 às 15:49

Olá Francisco;

Nossas opiniões não poderiam convergir mais (há dias atrás, escrevi um post semelhante sobre a Líbia). A Líbia tem a peculiaridade de ter o maior PIB da África, mas também uma grande reserva de Petróleo. Os Estados Unidos -- que sempre apoiaram a ditadura de Kadafi, agora colocam-se em prol da "democracia" no país -- mas timidamente, como você diz (e essa foi uma percepção que me faltou no artigo), ambas as coisas por seus próprios interesses, queira colocar-se como "mocinho" na opinião pública internacional, queira para preservar seu fornecedor de petróleo. Aliás, os EUA tem em seus histórico sempre ter apoiado as ditaduras ou colocarem ditadores no poder, o que falo com conhecimento de causa por conta da ditadura que até 1989 governou meu país, o Brasil.
Na Líbia o apoio "tímido" pode e está gerando consequências desastrosas, o clima de guerra civil, sem nenhuma ou pouca intervenção internacional. Existe uma grande possibilidade da revolução chegar na Arábia Saudita, o que vai gerar mesmo as consequências que você citou.

Parabéns pelo artigo e meus agradecimentos por incrementar (em português) o meu conhecimento da visão européia sobre o assunto;
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De franciscofonseca a 09.03.2011 às 16:11

Olá TBD
Obrigado pelo teu comentário. O meu maior receio, como consequência destas revoluções é que o radicalismo islâmico venha a ter mais influência e poder nesta zona do globo, pois se isso vier a acontecer é um grande reverso para a segurança europeia.
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De TBD a 09.03.2011 às 16:18

Olá Francisco;

Ao mesmo tempo que é uma ameaça para os países que dependem do petróleo e apoiam as ditaduras, as revoluções representam um avanço não só contra a exploração desses países (bem remunerados por isso, é verdade, mas às custas da miséria do povo), mas contra os regimes ditatoriais em geral.

O petróleo só é o combustível mais importante do mundo porque os países que os exploram assim o querem. Hoje já existem fontes alternativas, sustentáveis e inesgotáveis que não os combustíveis fósseis, mas isso é menos interessante para os países dominantes.

Mais uma vez, parabenizo-o pela sua visão.

Abraço cordial;

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