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Causas reais dos motins em Inglaterra

por franciscofonseca, em 11.08.11

Tenho acompanhado as análises de especialistas, dos mais variados quadrantes, sobre os motins ocorridos em Inglaterra e quer-me parecer, que a visão destes senhores anda completamente destorcida e desfasada a realidade. À primeira vista parece ser uma afirmação forte. Mas, na minha modéstia opinião, as causas não se ficam a dever à austeridade implementada por David Cameron, à actuação das polícias, ao facto das pessoas pertencerem a bairros sociais, ou ainda ao falhanço do multiculturalismo.

A principal causa é educacional. Na Inglaterra, assim como na maioria dos países da Europa deu-se uma degenerescência do sistema educacional, com a adopção do eduquês. Portugal adoptou também esta farsa, está instalada uma cultura de facilitismo, de laxismo, em todo o sistema, seja a que nível for. Esta nova teoria progressista onde os professores passaram a ser tudo, menos professores, onde os valores éticos e a responsabilização deixaram de fazer parte da conduta moral, os indivíduos crescem sem qualquer enquadramento pela sociedade, tendo a sociedade que vergar-se perante as suas vontades.

As teorias mais divulgadas até ao momento são de matriz política, assentam em generalizações, sobre o descontentamento social devido à exploração do indivíduo pela sociedade capitalista, ou apontam o multiculturalismo como principal origem do fenómeno. Estes acontecimentos demonstraram cabalmente a ascensão do multiculturalismo, pois os jovens desordeiros são de origem multi-étnica.

Penso que estas teorias estão desactualizadas, não facilitam a explicação e compreensão deste fenómeno, que irá arrastar-se, seguramente, para outros países, nomeadamente para os Estados Unidos.

Os Estados têm vindo a perder a sua autoridade, em vários sectores da sociedade. Os responsáveis políticos que implementaram o eduquês têm agora uma excelente janela de oportunidade, para fazer a regeneração do sistema educacional, sem relativismo moral, baseado em fortes valores morais e éticos, no respeito pela autoridade, onde os pais sejam os primeiros transmissores dos valores, da vivência em sociedade.

Caso contrário, os índices de violência urbana vão disparar nas grandes cidades, devido a excitação causada pela violência nos jovens, sem âncoras na família, sem valores éticos e morais. Está mais que provado, de que a violência alimenta-se em si mesmo. Considero, que chegou a hora de ser feita uma profunda reformulação e reestruturação do sistema educacional e que a autoridade do Estado nunca poderá ser privatizada.

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publicado às 22:14


2 comentários

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De marcello a 29.08.2011 às 16:10

Dois mundos, um problema.
O mesmo ocorre no sul do Brasil, onde estão os alunos e as escolas com melhor desempenho médio entre as demais neste país.
A educação no Brasil sempre foi caótica, com irresponsáveis investimentos e planejamentos do governo federal de Brasília e com absurdos preços nas escolas privadas (que também estão sujeitas aos planejamentos do governo, o que lhe retira a independência).
O desempenho dos alunos e escolas brasileiras, mesmo no sul, em em qualquer nível, sempre foi muito ruim, chegando a disputar os últimos lugares nas avaliações internacionais.
Entretanto, o que era ruim ficou pior. Cada ano mais o cidadão brasileiro, formado nessas escolas, apresenta mais dificuldades em realizar operações matemáticas, escrever, ler, interpretar, raciocinar e etc. Muitos saem das escolas sequer conhecendo a história do seu estado ou do seu país. A maioria nunca leu um único livro e não conhece nenhum autor - a exceção do charlatão Paulo Coelho... Literatura portuguesa então, nem é mais citada nas escolas, privando uma sociedade inteira de obras, escritores e a origem de parte da nossa cultura.
Como solução contra a inbecilização de uma sociedde inteira, uma das últimas medidas do governo de brasília é empurar aos alunos assuntos extremamente impertinentes, como educação sexual para crianças com idade entre 7 e 9 anos, religião e cultura islâmica (em um país onde 99% da população não é muçulmana...) e cultura brasileira (samba, carnaval e afins - medida desprovida de sentido para 90% do país, pois samba e carnaval é a cultura de uma ou duas cidades, que acaba sendo vendido como cultura nacional; seria algo como afirmar que todos os portugueses são padeiros.), entre outros aburdos.
Hoje em dia, na maioria das escolas os alunos não mais reprovam de ano, ainda que sequer tenham notas para sua aprovação.
Quando eu era criança, no tempo em que o Brasil era governado por uma junta militar, eu estudei em uma das escolas públicas da minha cidade, que na época possuia cerca de 60 mil habitantes. Hoje, é raro encontrar um estudante de universidade que saiba o quanto é 9 X 8, quem foi Antero de Quental ou fale mais de um idioma. Nos meus anos de escolha, aprendiamos a tábuada sob pena de castigo, tinhamos aulas de educação moral, literatura portuguesa, brasileira e latina nos primeiros anos. Aprendiamos a falar inglês e espanhol, tinhamos aulas extracurriculares de alemão, francês e italiano.
Na época, diziam os professores que não tinhamos liberdade. os militares foram-se e com eles a educação que recebiamos. Hoje, minha enteada de 14 anos não sabe sequer falar portugues corretamente, muito menos escrever. Quando perguntada quem descobriu o Brasil, ela responde "Pedro Álvares Cabral", mas não conhece sequer o contexto da época das grandes navegações.
Falavam que eramos escravos do sistema, mas na verdade eramos educados para saber o significado de escravo, sistema, ler, escrever e contar. Eramos felizes e educados, mas não sabíamos disso. Hoje, não se sabe o que é educação, felicidade ou mesmo liberdade, por pura ignorância daqueles formados por um sistema que, irônicamente, seria o que lhes daria liberdade, felicidade e educação.
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De franciscofonseca a 29.08.2011 às 20:45

Obrigado pelo comentário. Concordo com o seu ponto de vista.

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