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Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
O Estado Islâmico (EI) nasceu no Triângulo Sunita, no centro leste do Iraque, com vértices em Tikrit, Ramadi e Baghdad. Em 2004, o engenheiro jordano Abu Musabal-Zarqawi, militante da Al Qaeda central, cria uma célula do grupo em Tikrit, no Iraque. Denominam-se Al Qaeda da Mesopotâmia e seu crescimento deveu-se, principalmente, ao grave erro cometido pelos americanos ao dispersar o Exército Iraquiano, criando uma massa de especialistas desempregados. Intensificam os ataques contra as tropas americanas e realizam violentos atentados por todo o Iraque. Zarqawi disse nessa altura “A faúlha – abençoada por Alá – foi acesa aqui no Iraque e seu calor é cada vez mais intenso até queimar os exércitos cruzados em Dabiq (localidade na Síria onde será travada a batalha final do Apocalipse, de acordo com os mitos islâmicos). Foi neste período que estive no Iraque e vivenciei de perto esta realidade. No fim de 2005, Zarqawi e dezenas de jihadistas são mortos por um ataque aéreo americano.
Assume a liderança o egípcio Abu Ayyub al-Masri, especialista em explosivos e coordenador do terrorismo sob Zarqawi. Em fins de 2006, o grupo passa a chamar-se AQI (Al Qaeda Iraque ou ISIS - Estado Islâmico do Iraque e al-Sham). Assume a liderança o Emir Abu Omar al-Baghdadi e Al-Masri torna-se o Ministro da Guerra. De 2007 a fins de 2009, as atividades do ISIS reduzem-se drasticamente em razão de ataques de forças americanas, iraquianas, milícias xiitas. Em abril de 2010, perto de Tikrit, tropas especiais americanas e iraquianas matam Al-Baghdadi e Al-Masri juntamente com inúmeros comandantes operacionais. Em Maio, o Imã iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, doutor em filosofia, é apontado como novo líder. Reorganizou o grupo substituindo as lideranças perdidas por militares e oficiais de inteligência do exército de Sadam Hussein; o famoso coronel Samir al-Khlifawi, também conhecido como HajiBakr, torna-se o comandante militar geral. No final de 2011, um grupo de veteranos do grupo é transferido para a fronteira Síria, com a missão de abrir uma nova frente de combate contra o regime de Presidente Assad, aproveitando a situação caótica criada com a guerra civil no país.
Em junho de 2014, Baghdadi promove a integração do ISIS com a Frente Al Nusra, criando o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), hoje simplesmente Estado Islâmico (EI). Lideranças da Frente Nusra discordaram da fusão, permanecendo fiéis à Al Qaeda central. Porém, muitos seguidores aderiram ao EI, sobretudo os operacionais – chechenos e outros caucasianos, veteranos jihadistas iraquianos, afegãos e dos Balcãs. Desde então milhares de voluntários da Síria e da península arábica, de muçulmanos europeus e mais de 50 nacionalidades juntaram-se ao EI. Naquela fase estimava-se que o número de militantes do EI rondava os 30.000. Em 4 de julho de 2014, Baghdadi anuncia na mesquita de Al Nuri, em Mosul, Iraque, a implantação do Califado aos moldes daqueles dos séculos 8 e 9, e se autoproclama o Califa Ibrahim, chefe religioso dos muçulmanos de todo o mundo.
A estratégia do EI é a conquista de território e tem como objetivo controlar uma vasta região e com isso obter legitimidade religiosa e política, porquanto a Sharia determina que o Califado só pode subsistir com a permanente conquista e ocupação de territórios. A pretensão do Califado é a de assenhorar-se do Oriente Médio, incluído Israel e Arábia Saudita, da Ásia muçulmana e expandir-se para o norte da África, Egito e Argélia. Hoje, o EI tem sólidas ramificações no Yemen, na Nigéria, Tunísia, Sudão, Daguestão, Turquestão, no Mali e em outros países. Grupos terroristas sob seu comando atuam na Europa, no Cáucaso, Egito, na Arábia Saudita, Faixa de Gaza e Líbano, entre outros. Cerca de 10 milhões de pessoas vivem hoje em zonas controladas pelo EI e segundo algumas fontes o EI conta com 200 mil militantes.
As fontes de financiamento passam pela extração de 30.000 a 50.000 barris de petróleo/dia no Iraque e na Síria, faturando mais de um milhão de dólares diariamente. Outras fontes de renda são a venda de antiguidades, doações do mundo inteiro, taxas diversas, além da extorsão em larga escala, controlo de passagens na fronteira Síria/Iraque, contrabando, narcotráfico, sequestros e outras atividades criminosas.
Estima-se que o EI tenha arrecadado em 2014 cerca de 600 milhões de dólares provenientes de extorsão e cobrança de taxas da população (representando hoje mais de 50 % da receita total) e 500 milhões de dólares em dinheiro roubados de Bancos iraquianos.
Podemos pensar que a força do EI reside na deficiente oposição da comunidade internacional, na ausência de uma forte reação militar local, no suporte internacional angariado e na colaboração e apoio político das tribos sunitas em áreas ocupadas, nada disso desafia a realidade de que – no plano tático – o EI é uma máquina de guerra eficiente e letal, sendo os últimos ataques em Paris a prova disso mesmo.
Os fatores que imprimem eficiência tática ao EI podem ser resumidos no comando e controlo da máquina descentralizados; novas táticas militares híbridas, misturando guerra convencional com táticas terroristas e guerrilha urbana; dispersão; preservação do momentum a qualquer custo; exploração aprofundada da topografia do terreno; planeamento simples e flexível; e altos níveis de iniciativa e moral elevada na condução dos ataques.
A estrutura de comando do EI é do tipo bottom-up command structure, ou seja, envolve inteiramente os operacionais nas decisões de comando, cria um ambiente favorável à elevação da moral e a um senso de responsabilidade mútua com o resultado das operações militares, que os faz lutar ferozmente para atingir os objetivos traçados. As ordens do EI são breves, estabelecendo a missão em termos simples, deixando o modus operandi a cargo das unidades de combate. O EI privilegia a mobilidade, a surpresa, a manobra e a infiltração por meio de equipas fortemente armadas.
O futuro do El depende em primeiro lugar como os principais países muçulmanos vão intervir, isto é, de uma forma concertada com os países do ocidente, ou de uma forma isolada e sem qualquer concertação com as principais forças do mundo ocidental. Certamente e infelizmente o terror continuará a ser espalhado na Europa nos tempos futuros.
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