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Globalização da indiferença

por franciscofonseca, em 19.04.15

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Vivemos tempos conturbados, em que a incerteza se apodera das nossas vidas, as assimetrias sociais se acentuam, os valores que dão dignidade às pessoas estão cada vez mais ausentes da nossa sociedade e como se já não bastasse, assistimos à globalização da indiferença, que está a colocar a nossa civilização na rota dos desastres paradoxais, trágicos, desumanos pela ausência de padrões éticos e morais na governance mundial.

Nos finais do século passado e no início deste, assistimos a um pensamento único, que tem como foco o mercado, como principal regulador das relações sociais, resultando daí um enorme embuste que culmina na ideia que vivemos tempos de paz mundial entre as nações, devido à globalização económica e à cooperação reciproca nas relações internacionais. Daqui resulta, na minha opinião, outro enorme equívoco, ou seja, a ideia de que se vive uma época de estabilidade política e democrática.

Basta estar mais atento às notícias e verificamos que todos os dias centenas de pessoas perdem a vida, em resultado de ataques terroristas, de conflitos regionais, em rotas de imigração ilegal ou até mesmo devido ao abandono social, que a cada dia que passa engrossa as suas fileiras.

A situação agrava-se devido aos países estarem reféns com as suas dívidas externas, sem terem recursos suficientes. Os esforços para arrecadar receitas, através do incremento dos impostos, das privatizações e do aumento das exportações, não podem funcionar enquanto o custo for a precarização do mercado laboral. Daqui resulta mais desemprego e exclusão social, pois os Estados deixam de ter condições para investir na dimensão social.

O avanço da globalização económica esvazia os Estados e promove a degradação das condições de vida de grande parte da população, pois o lucro gerado neste tipo de economias apenas fica concentrado nos mais poderosos, sem que haja produção e distribuição de riquezas geradas pela mão-de-obra precária. O desenvolvimento de um país só é possível quando existe um processo ativo de canalização de forças sociais latentes ou dispersas, capazes de gerar energias de forma convergente, em prol de um processo social e cultural, e secundariamente, económico.

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publicado às 19:04

Sinto-me muito mal caluniado

por franciscofonseca, em 15.11.14

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Ser caluniado dói, magoa, fere a alma, destrói a nossa autoestima, traz indignação, revolta e até mesmo vontade de desistir. A vontade de passar informações faz parte do homem, é a comunicação, é uma ação humana natural e normal, mas na maioria das vezes esquecemo-nos do outro e não medimos as consequências das nossas palavras.

Quando alguém não controla a cobiça, o resultado é a inveja, que desperta o instinto animal de prejudicar o próximo pela difamação. O vaidoso que é infestado pelo orgulho e pela arrogância, é muito propenso a usar a intriga. O egoísmo é o resultado da maldade, da indiferença para com o próximo e, portanto, pela falta de escrúpulos pode-se criar as mais gigantescas mentiras com a idéia de prejudicar o seu semelhante.

O caluniador é uma pessoa que está sempre em conflito consigo mesmo. Quem está de bem com a vida não tem sequer vontade de caluniar, quer apreciar as coisas boas da vida. Assim, no caso da intriga esquecemos as qualidades boas das pessoas e exaltamos as más.

Ditados populares como "onde há fumo há fogo", em verdade são armas utilizadas pelos caluniadores. O correto é: "onde há fumo há um caluniador". Para bom entendedor, quem está sendo exposto não é o caluniado, mas sim o caluniador: revela-se e desvenda um interior em permanente conflito.

A calúnia mostra o forte instinto maldoso de usurpação da dignidade do outro pelo engodo e o embuste. Contudo, mesmo que a calúnia possa enegrecer a reputação, não pode nunca manchar o caráter. Scheakespeare escreveu: "Mesmo que sejas tão puro quanto a neve, não escaparás à calúnia". No meu caso sou mais parecido com o açucar amarelo.

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publicado às 15:25

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Os princípios orientadores da gestão moderna nasceram no século XIX e já não respondem as necessidades nem de quem lidera, nem de quem é liderado. Os modelos de gestão ainda são baseados no controlo, na disciplina, na eficiência e eficácia, no seio de organizações ainda muito rígidas, pouco dadas à inovação e desinspiradas para a mudança, devido ao controlo hierárquico obsoleto, principalmente nas organizações sob a alçada do Estado.

Por outro lado, se fizermos uma caraterização do mundo laboral verificamos que cerca de 85% dos trabalhadores não gostam do trabalho que fazem, não se sentem envolvidos, nem comprometidos nos seus postos de trabalho. Estamos a falar de uma realidade, que resulta em grande parte, dos princípios gestionários vigentes, nomeadamente em organizações estatais.

Se não vejamos, a grande maioria das organizações ainda vivem em quatro paredes, onde os seus trabalhadores desenvolvem as suas ações, perante uma supervisão hierárquica que os avalia, mediante critérios de avaliação de desempenho, onde o sucesso se mede pelo número de promoções conseguidas. Esta atmosfera de obediência institucional é baseada no conceito de comando e controlo, que ainda reina na gestão dos tempos modernos, mas que tendencialmente dará lugar a novos paradigmas, quer para quem lidera, quer para quem é liderado.

No mundo laboral de hoje, cada vez mais o nível de mobilidade aumenta, os trabalhadores procuram um trabalho, no qual possam por as suas qualidades empreendedoras em prática e onde a sua liberdade e felicidade sejam cada vez maiores.

O grande desafio que temos de enfrentar, num mundo sem fronteiras, passa por uma rutura com os princípios de gestão do passado, donde as organizações e os líderes do presente têm de projetar novos conceitos de trabalho, com elevada incorporação tecnológica e que sejam ignidores e inspiradores, para que a força humana seja imaginativa, tome a iniciativa e sinta paixão pelo que faz, de uma forma permanente.

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publicado às 12:09

O Estado Islâmico para onde caminha

por franciscofonseca, em 12.10.14

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O misterioso líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Bagdadi, designado "califa de todos os muçulmanos" no dia 29 de junho, distancia-se cada vez mais da Al-Qaeda e pode, em breve, tornar-se o jihadista mais influente do mundo. Ninguém quer que uma organização terrorista tenha um território, controle poços de petróleo e tenha armas pesadas.

Desde a retirada das tropas americanas estamos a olhar para o colapso do Iraque enquanto Estado. E a assistir à emergência de um Sul xiita, próximo do Irão; de uma entidade curda independente a norte; e de uma zona sunita, no meio, fora de controlo.

O objetivo é claro em termos internacionais, destruir o EI através de uma estratégia abrangente e sustentável de contraterrorismo, mas em minha opinião esta estratégia apenas visa conter em parte o Estado Islâmico. Este tem um território que domina, relativamente vasto e em crescimento, que tem mostrado capacidades assinaláveis em termos de progredir nos seus objetivos e temos uma chamada coligação mundial que não tem sido capaz de conter os seus avanços.

Há problemas que não têm solução. Este pode ser um deles. O outro dilema da Europa e do mundo ocidental é que devíamos receber mais refugiados sírios e curdos. Isto é impopular. Seriam bons cidadãos, mas se os abandonarmos em campos de refugiados estaremos a criar terroristas.

Em Portugal vivemos num clima de tranquilidade, com a comunidade islâmica bastante pacífica. Mas é evidente que estamos a falar do presente, mas temos que pensar no futuro: no futuro, podem acontecer situações que agravem o risco, que, neste momento, não é elevado no nosso país.

O Estado Islâmico refunda-se em identidades político-religiosas radicais que constituem um desafio às normas e valores ocidentais como o fundamento de um sistema global. Estamos perante uma nova geração de terroristas tendo em vista o atacar aqueles opostos ao califado, dentro ou fora do Mundo Muçulmano, onde o recrutamento de terroristas nunca foi tão evidente e claro como o que está acontecer presentemente, pois chegam todos os dias jovens de todo o mundo, para engrossar as fileiras de operacionais, nos campos de treinos do Estado Islâmico.

O Mundo Ocidental tem de rever urgentemente a sua política de atuação contra o EI, nomeadamente, no que diz respeito às alianças com países de grupos armados, a projeção de tropas no terreno e a recolha de informações.

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publicado às 21:53

O fosso aumenta nas sociedades modernas

por franciscofonseca, em 11.05.14

O fosso crescente entre os que mais qualificações e dinheiro têm e os pobres sem competências constitui uma tendência, que atravessa todos os grupos etários. A inovação acelerada aumentou os rendimentos dos que usufruem de competências elevadas ao mesmo tempo que “apertou” os dos trabalhadores não qualificados.

Os mais abastados estão a trabalhar mais horas anualmente do que os seus congéneres das bases. E os bem qualificados estão a estender as suas vidas profissionais, comparativamente ao que menos qualificações têm. As consequências desta tendência, para os indivíduos e para a sociedade, são profundas.

O mundo está à beira de uma ascensão impressionante do número de idosos, os quais viverão muito mais tempo do que em qualquer outro período da história humana. A população global com mais de 65 anos irá quase duplicar, de 600 milhões para 1, 1 mil milhões, que irão fazer “implodir” os orçamentos dos governos.

Os idosos abastados irão acumular mais poupanças, o que enfraquecerá a procura. A desigualdade irá aumentar e uma quota crescente da riqueza será eventualmente transferida para a geração seguinte, através de heranças, consolidando ainda mais a divisão entre vencedores e vencidos.

O aumento crescente de eleitores idosos e a sua desproporcional propensão ao voto tornaram os políticos mais disponíveis, para ceder à velha ordem das coisas do que para implementarem reformas disruptivas. A Alemanha, apesar de ser o país com o ritmo mais acelerado de envelhecimento da Europa, planeia reduzir a idade de reforma estatutária para algumas pessoas, mas enquanto isso obriga outros países a aumentar essa mesma idade.

Nos tempos vindouros, os políticos precisam de convencer os eleitores mais velhos e menos qualificados de que trabalhar durante mais tempo serve os seus interesses. Conseguir solucionar este problema não será de todo fácil. Mas como alternativa resta-nos a estagnação económica e uma desigualdade cada vez maior, o que a meu ver será muito pior.

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publicado às 18:10

Somos uma nação cada vez mais pobre e desigual

por franciscofonseca, em 13.04.14

A crise causada pelo setor financeiro é paga por todos os contribuintes, em situação de maior fragilidade económica, mas que pagam o preço mais elevado, sem que tenham culpa da hecatombe que assolou Portugal. O crescimento económico é praticamente nulo, havendo um constante e assustador aumento do desemprego e do número de pessoas a viver na pobreza.

No nosso país o sistema de proteção social está sob grande tensão, o que deixa as populações desfavorecidas numa situação muito delicada, os cortes nos serviços públicos afetam fortemente os grupos com rendimentos mais baixos, e os problemas de acesso aos serviços de saúde têm um impacto cada vez mais negativo, na vida das pessoas.

A estratégia da austeridade está a resultar num estrondoso falhanço, quer em termos económicos, quer em termos sociais, e revela-se um processo doentio e extremamente injusto para as populações mais vulneráveis.

É insustentável e obsceno, que sejam os contribuintes mais frágeis os responsáveis por pagarem as dívidas dos bancos a coberto do governo. O sistema financeiro não pode estar isolado de risco, com consequentes incentivos ao comportamento imprudente. É necessária uma liderança que se responsabilize pelo bem-estar dos seus cidadãos, principalmente dos mais pobres e vulneráveis, e não o contrário como acontece nos dias de hoje.

A pobreza nacional, em consequência do aumento de impostos, dos cortes salariais e do aumento do número de desempregados, é um fator que torna as desigualdades entre ricos e pobres mais evidentes. Este otimismo que reina na classe governante não é mais que um nevoeiro informacional em tempo eleitoral.

O futuro de Portugal e dos portugueses passa pelas nossas mãos. Todos temos de fazer a nossa parte, que passa por uma varredura geral e profunda, em todo o sistema político e nas instituições que suportam os lóbis partidários. Não podemos continuar a viver sob uma governabilidade ditada pelo sistema financeiro, que controla e alimenta todos estes new boys

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publicado às 22:17

A humanidade está a dar passos atrás

por franciscofonseca, em 16.03.14

Os níveis de direitos políticos e liberdades civis em todo o planeta estão a sofrer um declínio. Em 195 países, apenas 88 são considerados como livres. Apesar de tantos progressos, a verdade é que o mundo parece estar a andar para trás devido a uma erosão generalizada no que respeita à liberdade global.

Nações como a República Central Africana, o Mali e, na ordem do dia, a Ucrânia, sofreram reveses devastadores em termos democráticos. A democracia parece estar a ser assombrada por um aumento visível de autoritarismo em várias regiões do globo.

Um autoritarismo moderno está a tocar em quase todas as regiões do mundo, com destaque para a China, na Eurásia e no Médio Oriente. O regime autoritário da Rússia tem cometido atrocidades, perseguindo tanto dissidentes políticos como minorias vulneráveis, para desencorajar alguns países vizinhos a iniciarem acordos com a União Europeia. Os últimos desenvolvimentos na Ucrânia, que em Fevereiro último provocaram dezenas de mortos, ao que se seguiu a atual situação que se vive na Crimeia são um bom exemplo disso mesmo.

A Primavera Árabe de 2011 e que parecia, finalmente, estar a seguir a marcha certa para atingir a democracia, acabou por dar vários passos atrás. As ditaduras e as monarquias da região continuaram a trabalhar para fortalecer as forças da repressão da contrarrevolução e do extremismo. A Síria, por seu turno, continua a descer a pique numa guerra civil multilateral, em conjunto com uma devastadora e vergonhosa crise humanitária.

Na África subsaariana, a qual tem sido, nos últimos anos, uma das mais politicamente voláteis regiões do mundo, assiste-se a golpes de Estado, insurgências e repressões autoritárias. Também na América do Sul, Nicolás Maduro, rapidamente enfraqueceu a imprensa livre e ameaçou vários grupos da sociedade civil que se opunham ao seu regime.

A crise de confiança na democracia ocidental atravessa os Estados Unidos, em particular, e a Europa no geral. Na maioria dos países que compõem o Velho Continente, assistimos ao incremento de sentimentos crescentes de nacionalismos, em particular como resposta ao fluxo crescente de imigração em muitos países europeus. Por outro lado, basta recordar o recente referendo “contra a imigração em massa” aprovado por 50,3% dos eleitores suíços e resultante da iniciativa da direita nacionalista do Partido do Povo Suíço. Mas é o aumento de grupos extremistas xenófobos que maiores preocupações deveriam gerar, na minha opinião, no seio das principais instituições europeias.

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publicado às 17:40

A sua ética é assim tão forte ?

por franciscofonseca, em 09.03.14

A maioria das pessoas acredita que são pessoas com um forte sentido de ética, mas a realidade é bem diferente. As pessoas têm tendência para se julgarem a si mesmas de acordo com os seus pensamentos e intenções e não pelo que realmente fazem. Mas, o mais importante é avaliarmos a nossa própria ética da mesma forma que avaliamos as das outras pessoas, ou seja, através do seu comportamento.

A realidade diz-nos saber o que é melhor, mas optar pelo que é pior. Avalie o seu próprio comportamento e pense como iria avaliar ou julgar uma outra pessoa, que fizesse exatamente a mesma coisa. A lealdade é um caso interessante para testar a ética. A maioria das pessoas clama valorizar a lealdade, mas tal como acontece com a ética, as suas ações contam uma história bem diferente. Por exemplo, as pessoas que dizem ser leais podem estar a trabalhar para uma organização que contribuiu para o seu desenvolvimento e crescimento, mas assim que recebem uma oferta ligeiramente melhor, acabam por mudar de ares.

Nas instituições fortemente hierarquizadas, sempre que alguém abre a boca para identificar um problema, o instinto imediato do superior hierárquico é magoar essa pessoa. Não existe uma verdadeira cultura que proteja verdadeiramente os colaboradores que informam de questões significativas. As represálias ainda fazem parte do nosso quotidiano e essas pessoas julgam ter uma forte ética.

Outra prática que deveria ser implementada passa pela criação de um ambiente de trabalho no qual os funcionários se sintam seguros em falarem de assuntos negativos. Quando se diz aos colaboradores para falarem das suas preocupações, tem de se estar preparado para o facto de 99% das mesmas não serem devidamente preocupantes. Mas um por cento que resta pode ser suficiente para alterar o futuro da organização.

Quando existem más notícias ou quando é necessário discutir algum assunto melindroso, a sua disponibilidade para arcar com as consequências consiste num bom indicador da sua ética. Então a sua ética é assim tão forte como julga?

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publicado às 18:09

A explosão dos trabalhadores independentes

por franciscofonseca, em 16.02.14

O desemprego massivo que existe nos países desenvolvidos está a criar uma nova realidade no mercado laboral. Os trabalhadores independentes representam, atualmente, cerca de um terço da força de trabalho. Estima-se que até 2020, 40% dos trabalhadores dos países desenvolvidos estejam a trabalhar neste tipo de regime.

Alguns lamentam esta mudança histórica do trabalho assalariado e a tempo inteiro. À medida que os horários flexíveis e a comunicação ubíqua se tornam norma, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional que sempre tentámos alcançar está agora mais perto.

O sucesso em 2014 está menos associado à riqueza e mais aos valores, nomeadamente ao valor do tempo, da comunidade e do bem-estar. À medida que a disponibilidade para as 40 horas de trabalho semanais diminui, o mesmo acontece com o seu apelo. Quem deseja um “relógio de ponto” no final do dia quando é possível ditar os próprios horários? A semana de trabalho tradicional passou a ser vista como uma prisão do passado. Gerir o nosso próprio tempo não é apenas recompensador, mas igualmente prático e eficaz.

Nos contratos “antigos”, o trabalho vinha antes de tudo o resto, até da saúde. E, em troca de se trabalhar como um escravo, recebia-se um salário certo e, com sorte, um pacote de benefícios decente. Na atualidade, os trabalhadores independentes estão a substituir esse velho contrato por algo melhor e muito mais saudável.

Estes novos trabalhadores valorizam a alimentação saudável, as idas ao ginásio ou a prática do ioga, para reduzirem os níveis de stress e trabalhando em lugares cheios de luz e ar menos poluído. Para estes trabalhadores, o sucesso no trabalho significa ser-se saudável o suficiente – física e mentalmente – para ser possível gozar a vida. A força de trabalho está a mudar e a definição de sucesso está a acompanhar esta mudança. Para os trabalhadores independentes, a liberdade no trabalho, uma vida saudável, e a pertença a uma comunidade constituem o sucesso que os trabalhadores querem obter presentemente.

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publicado às 17:25

Portugal sem estratégia de luta contra a corrupção

por franciscofonseca, em 09.02.14

A pressão de recursos que afeta a administração pública, no contexto da reforma do Estado está também a afetar as instituições responsáveis de prevenir e lidar com a corrupção em Portugal. Ao longo dos últimos anos, várias foram a tentativas políticas para abordar a corrupção, mas todas se revelaram infrutíferas. Assim sendo, não existe nenhuma estratégia nacional de combate à corrupção.

O poder político tem de assumir o combate à corrupção como um desafio complexo e permanente. As deficiências na investigação, nos processos e nas sentenças nos casos de corrupção são fragilidades que têm de ser continuadamente aperfeiçoadas.

O país tem de estabelecer um histórico bem-sucedido de processos de alegada corrupção, assegurando que a aplicação e a execução da lei sejam eficazes, que as autoridades judiciárias estejam devidamente equipadas para lidar com os mesmos e que exista um reforço da cooperação entre os mecanismos de controlo e os organismos responsáveis pela aplicação da lei.

O funcionamento dos partidos políticos tem de ser baseado em códigos de conduta, para representantes eleitos aos níveis central e local, com medidas de responsabilização e aplicação de sanções para abordar possíveis violações. É urgente o estabelecimento de códigos éticos no interior dos partidos ou pactos de ética entre os diferentes partidos, por forma a salvar a democracia.

Por outro lado devem existir requisitos mínimos no que respeita a conflitos de interesses, a práticas danosas, a incompatibilidades em conjunto com a obrigatoriedade na divulgação das declarações de rendimentos para representantes eleitos, assegurando mecanismos de monitorização efetivos e sanções dissuasoras.

Outro buraco negro existente no nosso país tem a ver com a transparência e a verificação ex ante e ex post dos procedimentos dos contratos públicos, em conjunto com a monitorização na sua fase de execução, incluindo contratos concluídos por empresas detidas pelo Estado e pelas parcerias público privadas. Deve-se aumentar a prevenção, a deteção e a sensibilização para os conflitos de interesses existentes no interior destes contratos públicos, assegurando a aplicação de regras de divulgação dos rendimentos para os funcionários responsáveis pela adjudicação desses contratos.

Por último, mas não menos importante, avaliar uma amostra representativa de decisões de planeamento urbano em projetos concluídos recentemente ao nível local de forma a identificar os fatores de risco e melhorar continuamente a eficácia das medidas preventivas, incluindo a transparência na tomada de decisões. Estas devem ser as principais linhas estratégicas, a ser seguidas no combate à corrupção em Portugal.

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publicado às 13:00


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