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A Europa é uma manta de retalhos

por franciscofonseca, em 30.06.15

Retalhos.jpgSerá que estamos a assistir ao último fôlego da Grécia? Eu não acredito e será uma grande surpresa se os credores internacionais deixarem que isso venha a suceder. A Grécia fora do euro provocará demasiados contágios e empurrará o euro - e a própria União - em queda direta para o abismo. Os credores vão assumir uma tal responsabilidade? Se o fizerem não vai existir almofada que ampare a queda de Portugal.

A Europa está sem rumo, sem lideranças capazes de tomar decisões difíceis em momentos de grande incerteza, como aquele que estamos a vivenciar. Se a Grécia sair da zona euro será o fracasso rotundo do chamado projeto europeu, da moeda única, da estafada lenga-lenga do espaço comunitário, democrático e solidário.

Penso que os gregos sabem o que estão a fazer e, como é conhecido, querem, maioritariamente, continuar no euro. Mesmo que futuramente se saia disto, continua a haver um problema que é a dívida. Não podemos esquecer que a dívida da Grécia é brutal e a dívida portuguesa é muito grande.

A memória coletiva da União Europeia e do seu povo está a perder-se, pois aqueles que fracassaram completamente a ver os danos, que a austeridade iria provocar, são os mesmos que estão agora a dar sermões sobre crescimento, simplesmente impressionante.

Senão vejamos, a austeridade em Portugal teve como resultado a expulsão de 300 mil filhos e atirou 1,5 milhões de pessoas para o desemprego. Nada será com dantes, disso ninguém tem dúvidas. O País enfrenta um problema gravíssimo de sustentabilidade de toda a sociedade, que obriga a uma transformação radical da sociedade ao nível político, social e da participação política, que imponha que os recursos públicos são para o usufruto das pessoas.

Não podemos continuar a viver sob o primado do capitalismo selvagem, ou seja, os países podem ir à falência, mas os bancos não. Este princípio de construção social é insustentável. Mais, uma sociedade de baixos salários e precariedade não garantem nenhuma forma de crescimento económico. Pelo contrário, há um desgaste grande na qualidade, na formação e na capacidade de trabalho das pessoas. Se nada mudar, o resultado será devastador e o país passará por um processo de decadência histórica irremediável. Espero que impere o bom senso de todas as partes e que o projeto de construção europeia saia fortalecido e não voltem os tempos da intolerância.

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publicado às 06:28

Somos uma nação cada vez mais pobre e desigual

por franciscofonseca, em 13.04.14

A crise causada pelo setor financeiro é paga por todos os contribuintes, em situação de maior fragilidade económica, mas que pagam o preço mais elevado, sem que tenham culpa da hecatombe que assolou Portugal. O crescimento económico é praticamente nulo, havendo um constante e assustador aumento do desemprego e do número de pessoas a viver na pobreza.

No nosso país o sistema de proteção social está sob grande tensão, o que deixa as populações desfavorecidas numa situação muito delicada, os cortes nos serviços públicos afetam fortemente os grupos com rendimentos mais baixos, e os problemas de acesso aos serviços de saúde têm um impacto cada vez mais negativo, na vida das pessoas.

A estratégia da austeridade está a resultar num estrondoso falhanço, quer em termos económicos, quer em termos sociais, e revela-se um processo doentio e extremamente injusto para as populações mais vulneráveis.

É insustentável e obsceno, que sejam os contribuintes mais frágeis os responsáveis por pagarem as dívidas dos bancos a coberto do governo. O sistema financeiro não pode estar isolado de risco, com consequentes incentivos ao comportamento imprudente. É necessária uma liderança que se responsabilize pelo bem-estar dos seus cidadãos, principalmente dos mais pobres e vulneráveis, e não o contrário como acontece nos dias de hoje.

A pobreza nacional, em consequência do aumento de impostos, dos cortes salariais e do aumento do número de desempregados, é um fator que torna as desigualdades entre ricos e pobres mais evidentes. Este otimismo que reina na classe governante não é mais que um nevoeiro informacional em tempo eleitoral.

O futuro de Portugal e dos portugueses passa pelas nossas mãos. Todos temos de fazer a nossa parte, que passa por uma varredura geral e profunda, em todo o sistema político e nas instituições que suportam os lóbis partidários. Não podemos continuar a viver sob uma governabilidade ditada pelo sistema financeiro, que controla e alimenta todos estes new boys

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publicado às 22:17

Os sinuosos caminhos da Europa

por franciscofonseca, em 24.11.13

Os responsáveis pelas principais instituições europeias têm proferido algumas declarações interessantes, no que diz respeito ao caminho a seguir pela Europa. Chegou a hora da verdade, a hora de encontrar uma união económica mais profunda, a hora de formar uma união política efetiva, ou por outro lado abandonar o sonho europeu para a Velha Europa.

Jean Monnet, o arquiteto do projeto europeu, afirmava em meados do século passado, que os países da Europa eram demasiado pequenos para assegurar aos seus povos a prosperidade e os avanços sociais indispensáveis. No início deste século acreditava-se numa Europa próspera, onde os cidadãos europeus não passariam por sacrifícios, nem por austeridade.

Hoje esse projeto está virado “de pernas para o ar”. A governança europeia é determinada através de meios e não de objetivos, os mercados ditam o que fazer aos políticos e estes vão ficando cada vez mais despidos politicamente. Tal como a própria Europa e os seus cidadãos. Senão vejamos, o trabalho precário e a erosão da proteção social em várias áreas, como a saúde e a educação, começa a ser uma realidade generalizada. Os sacrifícios estão a ser redistribuídos de forma desigual.

O problema das dívidas soberanas não para de aumentar, a verdade é que a crise financeira e o espectro da dívida estão a ser politicamente instrumentalizados e utilizados para legitimar a destruição de direitos sociais e democráticos. A crise está a ser encarada como uma oportunidade para quebrar resistências coletivas, acabar com o estado social europeu, em prol dos mercados financeiros. Martin Schulz, Presidente do Parlamento Europeu afirmou recentemente que "Pedem sacrifícios, mas para salvar os bancos".

A história da Europa diz-nos que a força da Europa sempre residiu na sua diversidade e não num pacote de nacionalismos. Sempre que algum poder centralizador negou esta realidade, impondo a sua própria noção de “união”, o resultado foi catastrófico. Desta vez e até agora, a catástrofe é só económica e social. Está na hora de rumar por um caminho diferente, mas desde que as regras não sejam ditadas somente por Berlim.

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publicado às 22:30

Os números do desemprego são alarmantes. Quase 200 milhões de desempregados e 75 milhões de jovens inativos. As desigualdades aumentam nas economias desenvolvidas, sendo os salários dos presidentes das grandes empresas cotadas nos EUA, 500 vezes superiores aos do trabalhador norte-americano médio. Estas tendências globais vão acabar numa grande tragédia humana.

A classe média está cada vez mais definhada devido à divergência entre os salários mais elevados e os mais baixos, contribuindo para o agravamento da desigualdade social. Passados quatro anos da crise global, os desequilíbrios no mercado laboral são agora estruturais e muito mais difíceis de combater. Por exemplo, os desempregados de longa duração estão a ser empurrados para a exclusão do mercado do trabalho. Assinalar que o emprego está a tornar-se cada vez mais instável e precário.

Esta tragédia humana que os trabalhadores estão a enfrentar, principalmente na Europa, afeta a capacidade produtiva dos países e a perda de competências. A Europa está presa na armadilha da austeridade, concentrada apenas no corte a todo o custo dos défices orçamentais e sem qualquer estratégia para a criação e melhoria do emprego. Os países que seguiram à risca a receita da austeridade e da flexibilização laboral apresentam um crescimento económico negativo e uma deterioração das suas economias.

A urgência urgente passa por redefinir a política macroeconómica europeia. Depois as instituições europeias, os seus dirigentes e os políticos míopes em geral terão de realinhar as políticas no sentido do aumento da produtividade, restaurar as condições de crédito para as empresas, diminuir a carga fiscal para as empresas que enfatizem o investimento e a criação de emprego e por fim, os governos têm de fazer investimento público no sentido de reduzir a pobreza, a desigualdade de rendimentos e estimular a procura agregada. Só desta forma será possível evitar mais uma grande tragédia humana, em palco europeu.

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publicado às 22:31

Há um polvo que se alimenta do dinheiro do povo

por franciscofonseca, em 25.01.13

Normalmente este blog é um espaço aberto à discussão de ideias, que afetam de uma forma ou de outra o nosso quotidiano. Não resisti a transcrever as palavras do político, António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que disse umas verdades no programa da SIC “Quadratura do Círculo”. Em Portugal, não é normal um político que já teve responsabilidades governativas e que ainda está no ativo ter este tipo de discurso, resta saber se não estará a contar as espingardas, para fazer o assalto ao poder.

A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal, para Portugal deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.

E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável. Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses.

Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes.

Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável. Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de “boys”, criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção.

Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.

Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público–privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos… Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.

Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia.”

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publicado às 18:08

Dívidas, mercados e austeridade

por franciscofonseca, em 17.12.12

A Europa e o mundo estão a ser governados por gente sem qualquer bom senso. Todos sabem que a Grécia, a Irlanda e Portugal não serão capazes de pagar as suas dívidas na totalidade. A desregulação dos mercados financeiros faz com que a seguir a um plano de austeridade, se sigam outros planos de austeridade, pois os mercados estão insaciáveis.

Os empréstimos aos países em crise, em troca de programas de ajustamento selvagens, feitos por gente cega, apenas têm potenciado os efeitos negativos nas economias, agravando a recessão, diminuindo a receita fiscal e aumentando exponencialmente o desemprego. Alguém acredita em tais planos, mesmo os governantes? Tenho muitas dúvidas.

A única solução passa por reduzir a dívida, imputar perdões parciais aos credores privados e ajuda das economias mais fortes. Mas países como a Alemanha e Holanda não estão solidários com os restantes. Se isto não vier a acontecer, a erosão das condições de vida será irreversível e não ficará por aqui.

A soberania dos Estados esfumou-se e sujeitou-se aos abutres financeiros, que ganham rios de dinheiro com a crise que passamos. Os próximos tempos serão de uma governação de mercados, que irão regular tudo e enfrentaremos o empobrecimento generalizado da sociedade e o enriquecimento ilegítimo e injusto de uns quantos.

Revisito a minha teoria sobre a crise financeira. O mundo mantem-se bipolar, ou seja, Estados Unidos e agências de notação financeira. Os mercados favorecem os EUA, que não têm nenhum interesse em que o euro seja uma moeda estável, consequentemente, o ataque especulativo à Zona Euro começou pelos países da preferia, mais fragilizados e endividados, mas chegará ao centro da Europa.

Como os mercados estão ávidos de dinheiro, aproveitam-se da necessidade dos países e impõem taxas de juro elevadas, por forma a estrangularem cada vez mais as suas presas, tornando-as dependentes de mais e mais dívidas, funcionando como se fosse uma droga pesada. Mas como isso não bastasse, a austeridade imposta tem por fim último transferir empresas públicas e benefícios para as instituições privadas. Veja-se o que está a suceder em Portugal.

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publicado às 20:47

Austeridade reduz a liberdade

por franciscofonseca, em 27.11.12

Hoje, os poderes económicos e financeiros vergam os governos, ao seu belo prazer e através destes adotam e implementam as políticas que mais lhes convém. Mais, existe uma profunda promiscuidade entre o poder político e o poder económico e financeiro. É colossal o tráfico de influências que existe na maior parte dos governos europeus, em particular no caso português.

A política de austeridade adotada na maior parte dos países está a matar a economia, a sociedade e pode matar a democracia. Não pode haver democracia quando se tira tudo ao povo, quando o povo é alvo de um brutal saque fiscal, em nome de despesas inúteis, que o governo não consegue controlar e por termo, devido aos interesses instalados, que infiltram e ocupam o Estado. São estes interesses económicos e financeiros, representados por analfabetos éticos que têm semeado, com impunidade, a ruína pelo mundo.

Quando um país tira a capacidade aos seus cidadãos de poderem educar-se, acaba por tirar também a capacidade de saber eleger e, isto é uma enorme perda de liberdade. De nada vale falar de todas as outras liberdades, de expressão, religiosa, de reunião, quando o ensino e o acesso à cultura passam a depender maioritariamente do poder económico. Esta crise económica traz consigo uma enorme perda de liberdade, que muitos anos demorou a conquistar.

A generalização da pobreza diminui em grande parte o poder de decisão das pessoas. Quando o acesso ao conhecimento e a cultura são restringidos e deixa de ser igual para todos, boa parte da liberdade de uma sociedade perder-se. Estamos a assistir, quem sabe, a um novo totalitarismo, como os que aconteceram no século passado, mas agora de matriz económica. Isto arruína a esperança e a confiança de qualquer povo. É assim, conforme a história tem demonstrado, que nascem os movimentos radicais e extremistas.

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publicado às 21:42

A senhora Merkel afirmou que a Europa tem de aguentar mais 5 anos de austeridade. A Alemanha está no centro do grande desequilíbrio existente na zona euro, tendo na última década consolidado uma situação superavitária, devido principalmente às exportações para a China, países emergentes e do Leste, enquanto os países periféricos acumularam uma situação deficitária.

Começo a acreditar na teoria da conspiração. A Alemanha irá conseguir vergar os governos dos países europeus através do poder económico. Grande parte das dívidas soberanas dos países periféricos tem como principal credor a Alemanha. A Alemanha na última década exportou capital massivamente, para países como Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha e Itália.

Se a austeridade continuar por mais 5 anos na Europa imposta pela Alemanha, os riscos vão ser alarmantes. A classe média estará condenada ao desaparecimento, a emigração de jovens será massiva, o colapso das redes formais de proteção social será inevitável e as pessoas apenas lutarão pela sua própria sobrevivência.

Como é que a Europa conseguirá suportar os custos económicos e socias devastadores, causados pela desigualdade de rendimentos crescente, consequência das medidas de consolidação fiscal e de austeridade. Vejamos o exemplo, os rendimentos dos pobres portugueses foram ainda mais diminuídos, como o aumento da carga fiscal, das reduções de salários, dos cortes nas pensões e demais benefícios sociais.

Em muitos países da Europa, os preços dos bens de primeira necessidade estão aumentar, assim como o desemprego, assiste-se a erosão das condições de trabalho, ao aumento do sentimento de insegurança e da violência. Estamos numa era em que o neoliberalismo pretende aliviar os custos humanos. A Europa vive tempos de empobrecimento global, que poderá potenciar o aumento dos níveis de intolerância, racismo e xenofobia. Os anos que antecederam a 2.ª Guerra Mundial tiveram uma história muito semelhante.

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publicado às 16:01

Vivenciamos tempos de severa crise económica, onde os mais ricos aumentam de número, assim como as suas fortunas, em contraponto, com o aumento de pobres e da miséria social. O Primeiro-ministro de Portugal anunciou mais austeridade, com certeza a mando da “troika”, para regozijo dos mais abastados. Mas, os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem as suas amaldiçoadas fortunas. Estamos numa fase de empobrecimento, sem consciência e sensibilidade social.

Um dos principais males da nossa democracia é que temos políticos de profissão, mas sem vocação. Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer está no ganho que dela deriva. O futuro de Portugal depende desta luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. Atualmente, como sabiamente dizia Chico Anysio "Os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado."

Somos uma sociedade pacifica de revoltados, que esta resignada. Temos de repensar o país e fazer uma reelaboração do sistema político. A economia não resolve os problemas dos países. Esta fraude que nos foi vendida durante as últimas décadas tem de ser posta de parte. Os problemas de Portugal têm de ser resolvidos por uma nova ideia de participação democrática, onde acabem os privilégios e se instale o mérito, onde a autenticidade, a simplicidade e a humildade sejam os pilares das novas ideias para uma estratégia de futuro.

Portugal necessita de reagir e não ficar a espera que a tormenta passe. A resposta passa por uma nova reorganização do sistema produtivo que seja sustentável, de uma reindustrialização baseada na ciência e na tecnologia, na desburocratização da Administração Pública para eliminar o desperdício, a inércia, as leis mal feitas, a desconfiança, que impedem as pessoas de terem mais liberdade e mais responsabilidade. Por último instituir o primado de uma nova ideia de participação democrática sobre a economia.

Caso contrário, os pobres não vão sair da pobreza e os ricos não vão sair da vergonha, da ganância e da insensatez. Este terrorismo social é muito mais letal que o terrorismo convencional. Os terroristas comuns matam dezenas ou centenas de cada vez. Os mais afortunados são responsáveis pela morte de milhões de seres humanos, todos os anos, sem correr qualquer risco pessoal e ainda são premiados com o aumento das suas malditas fortunas. Este é o presente, eu quero e vou lutar por um futuro radicalmente diferente.

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publicado às 12:06

Resgates, competitividade, economia e austeridade

por franciscofonseca, em 25.06.12

Existe uma ideologia que passa pelo neoliberalismo que está a empurrar as economias periféricas contra a parede. Os advogados da austeridade que preveem que os cortes da despesa trarão dividendos rápidos, na forma de uma confiança crescente e que terão pouco, se nenhum, efeito adverso no crescimento e no emprego estão completamente errados.

Os aumentos dos impostos e os cortes na despesa pública deprimirão ainda mais as economias, agravando o desemprego. Cortar na despesa numa economia muito deprimida leva a que qualquer poupança conseguida é parcialmente anulada com a redução das receitas, à medida que a economia decresce. Os recentes dados da execução orçamental demonstram isso mesmo, no caso português. Já entramos no ciclo vicioso.

Portugal através do seu governo continua a aplicar a política cega de reduzir a despesa pública quando existe um desemprego crescente, isto é um erro trágico, a estratégia correta seria criar empregos agora e reduzir défices depois.

A capitalização da banca não é sinonimo de que as empresas tenham acesso imediato ao crédito. A opinião e o mau estar sentidos na população com a recapitalização da banca, pode fraturar a europa e criar grandes clivagens entre os cidadãos e os bancários.

O problema da europa é que tem uma economia dependente do financiamento bancário, ao contrário do que se passa com os Estados Unidos, que tem uma economia muito mais independente do sistema bancário.

O empréstimo à banca espanhola aumenta a dívida do Estado espanhol e isso aumenta o risco para os privados, logo os mercados vão agravar os juros da dívida espanhola, que poderá obrigar Espanha a pedir um resgate para o próprio Estado.

Mas a grande dificuldade para a economia portuguesa passa pelo acesso ao crédito das empresas que é muito mais caro do que na Alemanha e isso cria um desequilíbrio estrutural gigantesco em termos de competitividade das empresas na economia. Mas, ainda há quem defenda que a solução para sermos mais competitivos passa pela redução de salários. Haja paciência e pachorra para ouvir estes indigentes mentais.

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publicado às 19:10


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