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Hoje existe um contraste enorme entre as fortunas das atualmente estagnadas economias ricas e as dos novos mercados emergentes. Os países emergentes têm imprimido uma passada larga no seu desenvolvimento económico. A China, o Brasil e a Índia duplicaram o seu nível de riqueza em apenas uma década, e isso retirou milhões de pessoas da pobreza.

Mas para além destes dois gigantes asiáticos, mesmo antes da crise global ter afetado os países mais ricos, já muitas economias emergentes estavam a ter taxas de crescimento mais elevadas que a dos Estados Unidos, a maior economia do mundo. A crise financeira apenas acentuou os contrastes.

Os últimos dados conhecidos apontam para um abrandamento dos ritmos de crescimento dos países emergentes, podendo mesmo, nalguns casos passarem por sobressaltos. Isto é explicável pelo facto de que à medida que as economias se tornam mais ricas, também a sustentação do seu ritmo de crescimento passa a depender cada vez menos, do investimento intensivo associado a um fluxo contínuo de mão-de-obra desqualificada de baixo custo.

Por outro lado, necessitam de uma mão-de-obra cada vez mais qualificada e de um sistema financeiro mais moderno. O problema reside na massificação das exportações de bens de baixo custo para as nações mais ricas, necessitando agora de se virarem para o seu mercado interno. Aqui reside o perigo, pois têm de evitar os mesmos caminhos que, no passado, levaram à ruína outras economias emergentes: crédito fácil e excessivo; desmesurado investimento do Estado e inflação galopante.

A mudança não será fácil. E os problemas gostam habitualmente de bater à porta dos que, por se terem tornado tão autoconfiantes, não se prepararam para as crises. O peso da economia mundial está a mudar, a uma velocidade considerável, para os mercados emergentes mais populosos. Mas ao contrário do que muita gente julga, a transição não se deverá processar de forma serena, pois no plano geoeconómico, geopolítico e geoestratégico, profundas alterações estão em marcha, a que dedicarei um novo post.

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publicado às 10:42

A escravatura moderna alimenta as multinacionais

por franciscofonseca, em 19.08.11

A palavra trabalho tem a sua origem no vocábulo latino “tripalium”, que é a denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (palium). Originalmente, trabalhar significava ser torturado no tripalium. Mas, à luz do direito do trabalho, trabalho significa labor no sentido de contraprestação, ou seja, há trabalho e, em contrapartida há o pagamento justo por esse serviço.

A escravidão aparece como forma de trabalho na sociedade pré-industrial, em que o trabalhador era considerado coisa e não sujeito de direito. No Império Romano e na Grécia Antiga a escravidão era considerada coisa justa e necessária e o trabalho não era remunerado. Na Idade Moderna os colonizadores obrigavam os nativos a trabalhar para seu proveito. Após a Revolução Francesa a escravidão começa a ser abolida, mas ainda hoje perdura nos cinco continentes, de forma obscura.

Actualmente, nos países denominados BRIC (Brasil, Rússia; Índia e China) consideradas as economias emergentes, muita da sua foça de trabalho é escrava. O caso mais recente passou-se em São Paulo, onde foram encontrados bolivianos e peruanos presos em pequenas confecções de roupa, que fabricavam roupa para a Zara, trabalhando 14 horas por dia, sem qualquer dignidade, ganhando apenas para a sua sobrevivência.

Esta escravidão chega a ser mais horrenda, pois o trabalhador não tem qualquer valor monetário para o empregador, podendo ser facilmente substituído. Estes trabalhadores são vítimas da imigração ilegal, que tem vindo a crescer, sendo um próspero negócio para as redes de tráfico de seres humanos, que operam nesta aldeia global, a seu belo prazer.

Não será por acaso, que as poderosas multinacionais deslocaram a sua produção para países localizados principalmente na Ásia e América do Sul. O neoliberalismo económico exerce muita pressão para que as empresas produzam mais, num curto espaço de tempo, a um ritmo mais elevado e a menor custo. Para cortar nos custos de produção, as empresas cortam direitos dos trabalhadores e a pagam cada vez menos, até ao ponto que os trabalhadores deixam de ter qualquer dignidade. É esta a escravidão dos nossos dias.

Mas o que fazer perante notícias destas? Vamos deixar de comprar na Zara? Vamos parar de comprar Nike, Adidas, Nokia? Parar de comprar tudo? O caminho não será esse, mas é urgente que as instâncias internacionais adoptem sanções duríssimas para com os regimes, que não respeitem os direitos humanos, principalmente ao nível laboral.

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publicado às 22:26

A glória de qualquer potência é passageira

por franciscofonseca, em 14.03.11

Esta é a lei de ferro da história. Até hoje, não houve nenhum grande império, potência que, não tivesse sucumbido. As tendências geopolíticas e geoeconómicas globais estão em transformação. A crise actual é apenas um factor acelerador dessa mudança estratégica global. Tenho lido muitas opiniões, sobre o projecto europeu, quase todas elas, com vaticínios de condenação ao falhanço. Na minha opinião, o projecto europeu tem é sido mal conduzido, por políticos incapazes, de antecipar os problemas e percepcionar as grandes oportunidades para a Europa.

A União Europeia poderá vir a ser uma nova potência, pois tem uma moeda nova, é um projecto novo, e não uma manta de retalhos, como muitos a apelidam. Esta crise tem muito de propaganda contaminada, principalmente para desviar a atenção dos graves problemas do Reino Unido e dos Estados Unidos. Os EUA estão em declínio irreversível, segundo análises económicas, financeiras, do sistema social e de ensino, pelo que deverá ser muito difícil, deslumbrar um cenário de regresso à hegemonia.

O Conselho Europeu que decorreu em Bruxelas, que teve lugar na semana passada, onde foram discutidos os mecanismos de estabilidade financeira, para a zona euro e a situação na Líbia, discutiu apenas medidas reactivas para a crise. Parece-me que a única saída, para a crise tem de passar pela criação de um novo sistema monetário internacional, com base nas principais moedas mundiais, caso contrário a crise continuará e com contornos cada vez mais nefastos.

A EU tem de urgentemente fortalecer as suas relações com os países chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), promover a realização de uma cimeira, para além disso, reinventar novos métodos e instrumentos que permitam gerir, de forma pacífica, um Mundo multipolar. Isto implica também uma reengenharia sociopolítica, em todos os países que integram a União Europeia.

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publicado às 14:52

Os mais pobres alimentam os mais ricos

por franciscofonseca, em 12.03.11

A crise financeira mundial trouxe consigo, um número recorde de multimilionários, segundo a revista americana Forbes que, todos os anos compila uma lista dos mais ricos do Mundo. Estes são, em boa verdade, aqueles que governam o Mundo e ditam as leis do mercado, da concorrência e do trabalho. É curioso verificar que, em tempos de severa crise económica, os mais ricos aumentam de número, assim como as suas fortunas, em contraponto, com o aumento de pobres e da pobreza a nível global. Interessante, mas este Mundo de contrastes, cada vez mais acentuados, está definitivamente em contra-mão.

Os países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) produziram metade dos novos nomes que, entraram na lista em 2011. Um em cada quatro bilionários é proveniente destes países. Há cinco anos, a proporção era de um em cada dez bilionários.

O Banco Mundial publicou alguns dados relativos ao aumento da pobreza no mundo, no passado mês de Fevereiro, onde se pode ler que, por causa do aumento de preços dos alimentos verificado no último semestre, os novos pobres são 44 milhões de pessoas que, vivem abaixo da linha da pobreza. Mais de um bilhão de pessoas vive com menos de 1 dólar e 25 centavos por dia.

A maioria dos pobres concentra-se, nos chamados países do quarto mundo, onde as pessoas não contam, nem para as estatísticas. O Homem não poderá aceitar que, existam tantos milhões de seres humanos, a viver em condições de pura miséria e sem qualquer dignidade. Se nada for feito urgentemente, para reverter esta situação, a humanidade continuará a cometer um crime contra ela própria.

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publicado às 11:07


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