Copyright Info / Info Adicional
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
Esta ideia tem de ser disseminada. A classe média foi e continua a ser um pilar fundamental de uma sociedade próspera e desenvolvida. Este pilar é uma vantagem competitiva que deriva diretamente da força da classe média, a começar pelo seu poder de compra. Os mais ricos não fazem o suficiente para estimular a economia, esse poder está nas mãos da classe média, mas erradamente os governantes continuam a pensar que são os mais ricos que têm esse poder.
A classe média tem uma maior predisposição para gastar o rendimento disponível do que as famílias ricas, apesar das festas e dos aviões a jacto que os transportam para férias em sítios paradisíacos, não compram t-shirts, carros e refeições em restaurantes que sejam suficientes para fazer equivaler os gastos que ocorreriam se a sua fortuna fosse dividida entre milhares de famílias pobres. Neste domínio vários são os estudos sobre o que os economistas denominam como propensão marginal para o consumo, que apoiam esta teoria.
Ao contrário do que vejo todos os dias na imprensa nacional e internacional, a ser defendido, maior austeridade para a classe média e mais dinheiro para os bancos e as grandes empresas, ou seja, a solução do passado que nos conduziu até a crise. Não me restam dúvidas que tem de ser a classe média a puxar pelo crescimento, pois é ela que investe em dois dos mais importantes motores da economia: nas infraestruturas e no capital humano. São as classes médias que exigem boas estruturas de suporte e boas escolas, exemplos que incentivam o funcionamento geral da economia.
Está demonstrado que as classes médias são as incubadoras dos empreendedores de amanhã, pois estas oferecem uma boa combinação de tempo, recursos e motivação para investir nas competências e para ascender na escala da inovação. Geralmente sete em cada 10 empreendedores provêm de classe média. Por seu turno, aos filhos dos ricos, habituados aos seus confortos extremos, poderá faltar o incentivo necessário para aumentar ainda mais a fortuna de família e para subirem a escada económica, o principal motivador para os empreendedores do futuro.
A economia encontra-se em muito maus lençóis, se não vejamos, jovens que queriam ser médicos acabam a servir cafés ou caixas de supermercados. Uma jovem mulher que ambiciona ser professora acaba como baby-sitter, a ganhar uns trocos, enquanto espera que haja um lugar para si numa qualquer escola. Em Portugal e na Europa a economia está a sofrer simplesmente porque as pessoas não conseguem realizar todo o seu potencial e porque as políticas públicas são concebidas através de pressupostos e enfoques errados. É chegado o momento de arrepiar caminho.
Hoje ouvi alguns iluminados economistas, próximos do governo, defenderem a redução dos salários em Portugal. Gente incompetente, com responsabilidades diretas na situação atual, que deveriam ser responsabilizados civil e criminalmente, por todas as atrocidades cometidas, mas que ainda se acham no direito de dar contributos ainda mais ruinosos. Os trabalhadores portugueses ganham 12€ por hora de trabalho, os espanhóis 21€, os franceses 36€, os alemães 30€, os belgas 39€, os gregos 17€, os irlandeses 27€,sendo a média dos 17 países da Zona Euro, 27€. Mas ainda há imbecis que acreditam que baixar salários é uma boa solução para aumentar a competitividade.
O fosso entre ricos e pobres em Portugal está cada vez mais acentuado: 20% da população rica a ganhar seis vezes mais do que os 20% mais pobres. Já para não falar que a classe média portuguesa corre sérios riscos de baixar de categoria, sendo nela também que recai a maior fatura da crise. A erosão da classe média e os efeitos nefastos que este desgaste possui no crescimento é um elemento comum a muitas economias europeias. Esta é a realidade muito perturbadora.
E, caso este declínio continue, os efeitos podem ser os seguintes: estradas e pontes cairão na degradação; as universidades entrarão em guerra para licenciar estudantes e os preparar para o mercado de trabalho; os gastos dos consumidores cairão em flecha; os pequenos negócios irão fechar e serão muito, muito poucos, aqueles que nascerão no seu lugar. Por fim, os milionários serão confrontados com menos clientes e com um número bem menor de potenciais contratados.
Nas duas últimas décadas, a globalização transformou muitos países, em sociedades de consumo exagerado, onde tudo se comprava e, especialmente, com dinheiro emprestado, mas este modelo colapsou com a crise financeira. Só podemos sair desta situação se aumentarmos os anos de escolaridade, a qualidade de educação, a excelência na gestão de recursos humanos, premiar o mérito e implementar uma política rigorosa de responsabilização. A par disso taxar os milionários da mesma forma e sem exceções, para poderem ser aumentados os salários. Estas são as principais medidas para sairmos da crise e não baixar os salários com defendem alguns energúmenos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.