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Qualidades do bom gestor ou do bom político

por franciscofonseca, em 19.10.09

Hoje aprendi numa aula de políticas públicas leccionada pelo Professor José Oliveira Rocha, os 3 princípios para se chegar longe em muitas situações na nossa vida em Portugal:

1 – Estar sempre pronto para o serviço;

2 – Não fazer nada;

3 – Como vossa excelência quiser.

Para quem como eu, que já passou alguns anos numa instituição da Administração Pública, percebe isto perfeitamente.

Para quem nunca ouviu falar, este Professor Catedrático é o “super sumo” em termos de políticas públicas e administração pública em Portugal.

Posto isto, devo dizer que nos tempos que se avizinham, mais importante se constituem estes princípios, principalmente para quem quer construir grandes carreiras e nunca perder o lugar.

Somos um país onde crescemos numa cultura, em que temos muita dificuldade em harmonizar direitos com deveres, liberdade com responsabilidade, sistema político com o sistema judicial, ética com comportamentos e valores com princípios.

 

Francisco Fonseca

 

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publicado às 23:15

O fim da linha

por franciscofonseca, em 02.05.09

 

 

Estive há dois dias no leste do Chade, junto a fronteira com o Darfur, em Goz Beida no campo de refugiados de Djabal, local de areias quentes e de gente a viver no fim da linha.

Uma delegação da União Africana foi ouvir as reivindicações dos refugiados do Darfur. Homens e mulheres falaram, num discurso esclarecido e inteligente, mostraram as suas inquietudes e preocupações com o seu futuro.

Os ex-presidentes da África do Sul Thabo Mbeki, da Nigéria Abubacar e do Burundi Buyoya escutaram atentamente, tomaram as suas notas e deixaram uma brisa de esperança nestas gentes.

Mas como acontece em quase todos os conflitos a nível mundial, creio que este não foge a regra, a solução terá de sair dentro das partes beligerantes. Pode haver pressões exteriores, mediação, negociações e acompanhamento internacional, mas a solução só chegara quando as partes tomarem consciência que a violência, descriminação, jamais conduzira os povos ao bem-estar, progresso e desenvolvimento.

Francisco Fonseca

 

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publicado às 18:40

A guerra assimétrica

por franciscofonseca, em 19.04.09

Durante os últimos três séculos, os estados entravam em conflito de acordo com princípios e métodos baseados em estratégias de guerra clássica, suportadas pelo conceito de compromisso hostil entre dois estados soberanos vistos como únicas entidades. Esta definição está agora obsoleta.

O dealbar deste terceiro milénio continua cheio de incertezas. Num mundo hoje marcado pela volatilidade identitária, as zonas de interesse estratégico fundamentais alteraram-se, e passaram a ser aquelas que são capazes de exportar a sua própria instabilidade.

A actual conjuntura internacional, onde o papel do Estado soberano está em crise, também se caracteriza pela flexibilização do conceito de fronteira e pela aceitação de situações de cidadanias múltiplas e de governança partilhada.

A superioridade tecnológica dos meios militares ocidentais, e principalmente americanos, induz qualquer adversário a refugiar-se em respostas assimétricas, socorrendo-se de métodos tradicionais, por vezes rudimentares, à mistura com meios de alta tecnologia disponíveis no mercado civil.

São inúmeros os exemplos, da operação Restore Hope na Somália, das operações da KFOR no Kosovo e mais recentemente as operações Enduring Freedoom, no Afeganistão e Operation Iraqi Freedoom, no Iraque.

Esta forma de enfrentar o poder convencional, está cada vez mais a expandir-se, pois o destaque dado pela imprensa internacional e a incapacidade de uma resposta adequada potenciam o aparecimento deste modus operandi.

Francisco Fonseca

 

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publicado às 21:25

O jogo dos valores

por franciscofonseca, em 17.04.09

A liderança não é uma questão de personalidade, mas na minha opinião uma questão de atitudes e comportamentos.

Constato que é muito difícil transmitir aquilo que vemos e sentimos. Temos de ter cuidado para a comunicação não fazer estragos. Outra dificuldade é fazer com que a mensagem que se pretendia fazer passar, venha a ser assimilada.

Depois, existe uma clara divisão entre os que mesmo às cegas procuram soluções e os restantes, que se escondem atrás da reserva ou de uma pretensa discrição. Outros ainda preferem desde logo dizer, isto não é possível, terminando por aqui a seu contributo.

Outros hesitantes dizem, acho que…a solução é… mas não se chega a perceber nada. Quando a discussão aquece mais um pouco, uns gritam para terem razão. Os que procuram mesmo às cegas as soluções dizem, vamos fazer assim…, mas logo os críticos atacam, não dá! Assim não dá! Não consegues… muitas cabeças abanam e de facto o que está a dar é ser do contra.

Assim, jamais conseguiremos encontrar as melhores soluções, só um trabalho de equipa produzirá as melhores práticas e contribuirá para resolução dos problemas.

Todos falamos muito da necessidade de mudança, mas praticamo-la pouco. A mudança, de que tanto se fala no mundo e que é precisa, tem de facto a ver com atitudes e comportamentos.

Francisco Fonseca

 

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publicado às 17:44

Mega espaços urbanos anárquicos

por franciscofonseca, em 17.12.08

Estes espaços caracterizam-se por terem uma densidade populacional elevadíssima, onde impera a desordem, o caos social e, funcionam como incubadoras e campos férteis para o florescimento do terrorismo e da criminalidade violenta. Os Mega espaços são bastante carenciados de forma geral, mas em contextos especialmente degradados no Hemisfério do Sul, representam uma ameaça mortal.

Um "mega espaço urbano" é uma imensa e caótica aglomeração de blocos de torres, propriedades, escadas rolantes, mega-mercados, auto-estradas, aeroportos, poluição severa, favelas, crime excessivo e terrorismo.

Só para dar alguns exemplos onde se vê, claramente que este fenómeno teve e terá uma evolução catastrófica:

Em 1900, 10% das pessoas no mundo viviam em áreas urbanas.

Em 2000, 3 biliões de pessoas viviam em áreas urbanas.

Também em 2000, a todas as horas, há mais 60 pessoas em Manila, mais 47 pessoas em Nova Delhi e mais 21 pessoas em Lagos.

Em 2015, Mumbai e Tóquio cada terão 27 milhões pessoas.

Em 2030, 60% da população mundial vive em áreas urbanas.

Erupções de guerra e violência extrema nos megas espaços urbanos de países em desenvolvimento são noticiados quase diariamente na televisão. Assim, contam-se como áreas de tensão crescente lugares como Gaza (a Tira de Gaza está transformada numa favela gigantesca), Bagdad e Basra (no Iraque), Karachi, Rio de Janeiro e São Paulo.

Esta é a realidade que se desenvolveu e que as nações têm que enfrentar presentemente. A criminalidade violenta pode ser menos espectacular e ter menos interesse jornalístico que o terrorismo.

Mas a criminalidade em geral é uma ameaça real, quer para o mundo desenvolvido, quer para o mundo em desenvolvimento, sendo que os últimos têm uma imensa necessidade de paz e de estabilidade, para se tornarem mais desenvolvidos.

Caminharemos nós para a desertificação de grandes áreas do Globo, em detrimento da concentração, das pessoas nestes mega espaços urbanos, onde a pressão e a qualidade de vida são inversamente proporcionais.

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publicado às 16:48

Voltando a um assunto que me preocupa de uma forma sistemática, quero expor, do meu ponto de vista, as três tendências, que considero mais perigosas para o futuro da boa convivência neste Globo.

Então aqui vai a primeira…

Existem grupos selváticos que têm aterrorizado as pessoas do Uganda, Quénia e Sudão durante os últimos 20 anos. O Lord's Resistance Army (LRA), conduzido pelo guru Joseph Kony, um auto declarado "descendente de Jesus-Cristo", professou a criação do reino de Deus em terra, vivendo de acordo com os dez mandamentos.

Porém, em perseguição das suas metas, o LRA massacrou, mutilou (cortando lábios, orelhas e outras partes de corpo), estuprou e sequestrou crianças jovens que são forçadas o alistamento no "exército". A luta entre o LRA e as forças ugandesas fizeram um milhão de pessoas fugir da região.

Este não é um caso isolado. Ao redor do mundo, em países como a Colômbia, Irlanda, Haiti, nos territórios palestinos, Nepal e Sudão, clones terroristas nascem, milícias estruturam-se, evoluindo para gangs e grupos criminais.

Este caos é contagioso: num mundo globalizado, "guerras entre gangues", terrorismo e o crime organizado têm uma tendência para proliferar.

O mecanismo é simples contudo difícil de conter, pois quando um estado entra em colapso, desintegra-se normalmente em criminalidade violenta que rapidamente se transforma num caos que depressa contamina a região envolvente.

O colapso da Serra Leoa teve um efeito de contágio na Libéria e em países vizinhos; o caos no Zaire (agora República Democrático de Congo) depressa se espalhou para toda a região dos grandes Lagos em África, tendo como exemplo o Congo-Brazzaville.

Estamos a assistir a um ataque violento, de natureza global, levado a cabo por milícias armadas, gangs criminais e grupos terroristas, criando áreas cinzentas que utilizam como bases para preparação e recrutamento.

Estas zonas alastram por todos os cantos do globo e preparam-se para saquear o mundo de um ponto de vista puramente predatório.

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publicado às 18:25


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