Copyright Info / Info Adicional
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
Aproxima-se mais uma vindima no vale do Douro, onde o cultivo da vinha dispõe de excepcionais características climáticas e morfológicas. Ao longo de séculos o homem transformou a paisagem que deu origem à mais antiga região demarcada do mundo na produção de vinhos, muito pela dedicação de Marquês de Pombal no século XVIII. A UNESCO em 2001 classificou a região do Alto Douro Vinhateiro, em Património Mundial, premiando desta forma o trabalho árduo do homem do Douro e a excelência dos vinhos ali produzidos, onde como não poderia deixar de ser, sobressai um ex-líbris de Portugal, o sublime e único Vinho do Porto.
Chega a hora de colher os belos cachos, que representam canseiras sem conta, expectativas inquietantes e despesas enormes. A faina das vindimas realiza-se pela segunda quinzena de Setembro, quando a uva atingiu a maturação conveniente. Homens e mulheres espalham-se pelos bardos e agitam-se entre as cepas, à luz do sol escaldante, como abelhas à volta das flores, com alegria no coração e um sorriso nos lábios.
As uvas chegam ao lagar onde é feito o desengace e esmagamento, libertando-se o suco da uva, que vai entrar em fermentação. Depois leva-se a cabo a pisa a pé, que permitirá a dissolução de todos os seus princípios no mosto em fermentação. Este trabalho longo e penoso nas primeiras 16 horas vai fazer com que o vinho seja mais encorpado, mais tinto e mais distinto, pois é nesta fase que é extraída a matéria corante e os taninos.
Quando o vinho dá a prova, procede-se à beneficiação, ou seja, o mosto-vinho encuba-se com cerca de 7º ou 2º Baumé, conforme se destina a vinho doce ou seco. A medida que o vinho cai nas vasilhas, procede-se ao adicionamento de aguardente vínica a 77º centesimais, à razão de 4 almudes para 18 almudes de vinho. Obtêm-se assim o vinho tratado que se há-de transformar com o decorrer do tempo, em Vinho do Porto, caracterizado pelo corpo, grande suavidade, riqueza de aromas, sabor único, e pela particularidade de melhorar com a idade durante dezenas e dezenas de anos.
Terminados os trabalhos da vindima, dá-se a lota em seco do vinho, com vista a arejar e misturar o mais homogeneamente possível a aguardente no seu seio. O inverno frio provoca a sua primeira depuração, em que o bitartarato de potássio, matéria corante, substâncias albuminóides, fermentos e impurezas precipitam-se no fundo das vasilhas. O vinho limpa, aclara e atinge o seu equilíbrio. Em Janeiro procede-se a transfega, para expurgar esse depósito que poderá trazer alterações nocivas, para determinar a força alcoólica e a acidez volátil e adicionar aguardente de forma que o seu teor alcoólico nunca seja inferior a 18º.
O sabor do Vinho do Porto é das coisas mais deliciosas que podemos guardar. Pena seja, que os nossos governantes ao longo dos tempos tenham desgovernado completamente a produção do Vinho do Porto. A produção autorizada pelo governo português, este ano vai sofrer um corte de 20% em relação a 2010, o que corresponde a 25 mil pipas, que não vão ser produzidas. Gostaria de ouvir alguma explicação dos responsáveis políticos, ainda mais nesta fase, que todos apelam ao aumento da produção nacional. Termino dizendo, como pequeno produtor, que a Quinta da Trigueira vai produzir toda a sua colheita, pois o trabalho e a despesa foram enormes, para agora deitar uvas ao lixo, os senhores governantes que me desculpem.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.