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Dívidas, mercados e austeridade

por franciscofonseca, em 17.12.12

A Europa e o mundo estão a ser governados por gente sem qualquer bom senso. Todos sabem que a Grécia, a Irlanda e Portugal não serão capazes de pagar as suas dívidas na totalidade. A desregulação dos mercados financeiros faz com que a seguir a um plano de austeridade, se sigam outros planos de austeridade, pois os mercados estão insaciáveis.

Os empréstimos aos países em crise, em troca de programas de ajustamento selvagens, feitos por gente cega, apenas têm potenciado os efeitos negativos nas economias, agravando a recessão, diminuindo a receita fiscal e aumentando exponencialmente o desemprego. Alguém acredita em tais planos, mesmo os governantes? Tenho muitas dúvidas.

A única solução passa por reduzir a dívida, imputar perdões parciais aos credores privados e ajuda das economias mais fortes. Mas países como a Alemanha e Holanda não estão solidários com os restantes. Se isto não vier a acontecer, a erosão das condições de vida será irreversível e não ficará por aqui.

A soberania dos Estados esfumou-se e sujeitou-se aos abutres financeiros, que ganham rios de dinheiro com a crise que passamos. Os próximos tempos serão de uma governação de mercados, que irão regular tudo e enfrentaremos o empobrecimento generalizado da sociedade e o enriquecimento ilegítimo e injusto de uns quantos.

Revisito a minha teoria sobre a crise financeira. O mundo mantem-se bipolar, ou seja, Estados Unidos e agências de notação financeira. Os mercados favorecem os EUA, que não têm nenhum interesse em que o euro seja uma moeda estável, consequentemente, o ataque especulativo à Zona Euro começou pelos países da preferia, mais fragilizados e endividados, mas chegará ao centro da Europa.

Como os mercados estão ávidos de dinheiro, aproveitam-se da necessidade dos países e impõem taxas de juro elevadas, por forma a estrangularem cada vez mais as suas presas, tornando-as dependentes de mais e mais dívidas, funcionando como se fosse uma droga pesada. Mas como isso não bastasse, a austeridade imposta tem por fim último transferir empresas públicas e benefícios para as instituições privadas. Veja-se o que está a suceder em Portugal.

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publicado às 20:47

A personagem chamada mercado financeiro

por franciscofonseca, em 01.11.10

 

Hoje foi um dia em que os mercados financeiros confirmaram a minha tese. No sábado o governo e o principal partido da oposição firmaram um acordo, para aprovação do orçamento de 2011 na Assembleia da República. Todos os interlocutores, governantes, principais figuras da oposição e comentadores televisivos da especialidade, foram unânimes em dizer que agora havia condições para os mercados financeiros acalmarem e Portugal passar a ter credibilidade perante o exterior.

 

Passou um dia e a taxa de juro da dívida pública ultrapassou a barreira dos seis pontos percentuais. Então devo dizer que a especulação financeira continua, ela não quer saber dos acordos que os governos estabelecem, nem do que a oposição declara, ainda muito menos dos comentários dos reputadíssimos economistas, mas simplesmente quer aproveitar-se das debilidades estruturais e económicas do nosso país.

 

O mercado financeiro, essa coisa que toda a gente fala, mas ninguém sabe quem é; essa coisa que todos precisam respeitar, mas não sabem como fazê-lo; essa coisa de que todos dependem, mas ninguém sabe como. É esse ilustre desconhecido que vai dominando as agendas governamentais, principalmente dos países da união europeia.

 

Francisco Fonseca

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publicado às 22:13

Capital financeiro e a crise actual

por franciscofonseca, em 06.10.10

 

 

A 100 anos (Hilferding, 1910) dizia que o “capital financeiro é o capital que se encontra à disposição dos bancos e que os industriais utilizam".

 

O crescimento do sistema financeiro é uma das principais consequências da globalização.

 

Por outro lado, a acumulação de capital financeiro tem-se mostrado cada vez mais forte, sem que, os governantes dos principais países nada consigam fazer.

 

Todos somos testemunhas, de como o sistema financeiro através da especulação conseguiu fabricar uma crise, aproveitando a desregulamentação dos mercados financeiros, devido à inércia dos governantes mundiais.

 

Um dos principais elementos definidores, do sistema financeiro contemporâneo é o papel central dos EUA e o predomínio do capital financeiro na economia e políticas mundiais.

 

Posto isto, será que as mais altas instâncias europeias estão infiltradas pelos serviços secretos norte americanos? Será que toda está gente está a viver numa outra dimensão? Como é possível, ouvir ilustres políticos, todos os dias, anunciarem mais medidas de austeridade, para conseguir a confiança de quem nos colocou em crise e nos mantém refém dela, ou seja, o sistema financeiro, os mercados financeiros.

 

Será que ninguém consegue vislumbrar, entre os iluminados das nossas praças, de que a fragmentação da zona euro é um dos objectivos imediatos de quem controla o sistema financeiro. O Dólar não pode deixar de ser a moeda dominante, em todos os mercados financeiros. O euro começou a ameaçar essa realidade.

 

O reforço mútuo, entre o predomínio do capital financeiro e o poder americano mostra-se cada vez mais como uma realidade, do presente e do futuro.

 

Já escrevi que esta crise foi fabricada, foi montada e, os sinais começam a estar bem à vista. É verdade, Portugal é um país falhado economicamente, mas isso não é de agora, já lá vai muito tempo. Acho que chegou o tempo de todos os ilustres economistas, políticos, fiscalistas, entre outros, deixarem os comentários fáceis nos media e passem a dar o corpo ao manifesto, isto é, arregacem as mangas!

 

Francisco Fonseca

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publicado às 21:28


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