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A escravatura moderna alimenta as multinacionais

por franciscofonseca, em 19.08.11

A palavra trabalho tem a sua origem no vocábulo latino “tripalium”, que é a denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (palium). Originalmente, trabalhar significava ser torturado no tripalium. Mas, à luz do direito do trabalho, trabalho significa labor no sentido de contraprestação, ou seja, há trabalho e, em contrapartida há o pagamento justo por esse serviço.

A escravidão aparece como forma de trabalho na sociedade pré-industrial, em que o trabalhador era considerado coisa e não sujeito de direito. No Império Romano e na Grécia Antiga a escravidão era considerada coisa justa e necessária e o trabalho não era remunerado. Na Idade Moderna os colonizadores obrigavam os nativos a trabalhar para seu proveito. Após a Revolução Francesa a escravidão começa a ser abolida, mas ainda hoje perdura nos cinco continentes, de forma obscura.

Actualmente, nos países denominados BRIC (Brasil, Rússia; Índia e China) consideradas as economias emergentes, muita da sua foça de trabalho é escrava. O caso mais recente passou-se em São Paulo, onde foram encontrados bolivianos e peruanos presos em pequenas confecções de roupa, que fabricavam roupa para a Zara, trabalhando 14 horas por dia, sem qualquer dignidade, ganhando apenas para a sua sobrevivência.

Esta escravidão chega a ser mais horrenda, pois o trabalhador não tem qualquer valor monetário para o empregador, podendo ser facilmente substituído. Estes trabalhadores são vítimas da imigração ilegal, que tem vindo a crescer, sendo um próspero negócio para as redes de tráfico de seres humanos, que operam nesta aldeia global, a seu belo prazer.

Não será por acaso, que as poderosas multinacionais deslocaram a sua produção para países localizados principalmente na Ásia e América do Sul. O neoliberalismo económico exerce muita pressão para que as empresas produzam mais, num curto espaço de tempo, a um ritmo mais elevado e a menor custo. Para cortar nos custos de produção, as empresas cortam direitos dos trabalhadores e a pagam cada vez menos, até ao ponto que os trabalhadores deixam de ter qualquer dignidade. É esta a escravidão dos nossos dias.

Mas o que fazer perante notícias destas? Vamos deixar de comprar na Zara? Vamos parar de comprar Nike, Adidas, Nokia? Parar de comprar tudo? O caminho não será esse, mas é urgente que as instâncias internacionais adoptem sanções duríssimas para com os regimes, que não respeitem os direitos humanos, principalmente ao nível laboral.

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publicado às 22:26

Democracria mundial e assimetrias brutais

por franciscofonseca, em 13.12.10

 

O conceito de assimetria tem por base as diferenças estruturais, que podem ser naturais ou adquiridas. A pergunta que faço é se o mundo está preparado para a democracia? O poder democrático deveria garantir a segurança individual, o respeito pelo ser humano, o bem-estar de todos os membros da comunidade, ou seja, oportunidades iguais para todos, independentemente das desigualdades existentes na nossa sociedade. Contudo, todos sabemos que isto não acontece, uma das razões para que não aconteça, tem ver com as assimetrias.

Vejamos algumas das assimetrias, mais brutais do mundo dos nossos dias:

1 – A pobreza, 27% da população mundial vive com menos de 1,25 dólares por dia;

2 – Alfabetização, existe 1 bilião de analfabetos adultos, sendo dois terços mulheres;

3 – População, a Índia e a China constituem um terço da população mundial, isto é, 80% da população vive em países em desenvolvimento;

4 – Riqueza, 15% dos países mais ricos concentram 85% da riqueza mundial, enquanto os 85% mais pobres concentram apenas 15% dessa riqueza;

5 – Ainda na riqueza, sabiam que a cidade de Singapura uma pequena ilha, a sua riqueza produzida anualmente é superior à produzida, por todos os países da África austral;

6 – Para terminar deixo uma verdade em estilo de provocação, sabiam que a energia consumida durante um ano na Índia é a mesma, que a consumida na cidade de Los Angeles, nos EUA. Incrível, mas a lista das assimetrias poderia continuar, mas esse não é o objectivo.

A meu ver o problema das assimetrias é um dos maiores espinhos, que a humanidade tem de enfrentar e resolver, se quisermos viver uma paz duradoira e de respeitos mútuos entre os povos, num quadro de democracias estáveis, de cooperação e desenvolvimento social e económico. Os grupos do G8, os G20 e os outros G`s todos têm de arrepiar caminho e deixar de lado o quadro das democracias voltadas para a afirmação do seu próprio poderio, que infelizmente, são as democracias do nosso tempo.

Francisco Fonseca

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publicado às 15:56


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