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Alguns povos em risco de colapso

por franciscofonseca, em 12.10.11

Jared Diamond, Professor de Geografia na Universidade da Califórnia em Los Angeles, publicou em 2005 o livro Collapse – How societies choose to fail or to survive, onde fala do desaparecimento de uma dúzia de povos. A principal ideia do livro tem a ver com a necessidade de todos ajustarmos o nosso modo de vida, produção e hábitos de consumo de recursos naturais, que temos à nossa disposição, pois disso depende a sobrevivência das sociedades actuais.

Hoje, todas as economias desenvolvidas dependem indiscutivelmente do petróleo, fundamentalmente, do petróleo do Médio Oriente, onde confluem grandes fluxos de capitais. Por outro lado, observamos curiosamente, que todos os países desenvolvidos vêm-se a braços com problemas de endividamento, alguns deles, em plena falência. Provavelmente, alguns destes povos podem extinguirem-se, se vier a existir uma insuficiência no fornecimento energético, que pode muito bem acontecer.

Apesar de termos a ideia de que vivemos tempos difíceis, conturbados, de incerteza, principalmente devido ao processo de globalização, do terrorismo transnacional, da criminalidade organizada e da crise económica mundial, penso que vivemos ainda numa zona de conforto e segurança. Diamond relembra-nos que este mundo é uma excepção e que dificilmente se poderá manter por muito mais tempo, se não fizermos as escolhas certas.

A crise económica mundial, que afecta hoje quase todo o planeta tem a sua origem, nas opções de vivência adoptadas pelas sociedades desenvolvidas. Neste sentido, a grande questão que se coloca a todos os povos é a da escolha, de um modo de vida compatível com a capacidade de produção e seus recursos. Caso contrário, o destino desses povos será o colapso, onde poderá estar incluído Portugal.

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publicado às 18:55

Morte de Bin Laden, barris de petróleo e de pólvora

por franciscofonseca, em 03.05.11

A morte de Osama Bin Laden é uma notícia expectável há muito tempo, mas também inesperada. Muitos já nem colocavam a hipótese de encontrar o líder da Al-Qaeda. A escolha do timing para matar Bin Laden, pela administração Obama parece-me lógica, pois Obama entra triunfante no período pré-eleitoral, quando já perdia algum embalo, contudo poderá revelar-se extemporânea, ainda falta muito tempo, para a eleições e os créditos podem entretanto esgotar-se.

Por outro lado, o esforço de guerra que está a ser feito pelos Estados Unidos, no Iraque e no Afeganistão terá de diminuir drasticamente, em termos de presença de tropas no terreno, em virtude da sua dívida externa se estar a agravar diariamente, assim, a justificação para a retirada estratégica está encontrada.

A situação no mundo árabe é muito tensa. Nos países do Norte de África vivem-se dias de muita agitação, em alguns os ditadores caíram, outros estão em convulsão interna, contra os seus líderes. No Médio Oriente a questão Israelo-Palestiniana continua por resolver e, tudo isto faz aumentar a incerteza geopolítica no mundo.

Os barris de petróleo que todos querem, poderão transformar-se em barris de pólvora. O jogo geoestratégico em busca do petróleo, nesta zona do globo, onde estão 2/3 das reservas de petróleo do mundo, poderá estar a aproximar-se, de uma fase muito perigosa. O consumo global está a aumentar devido ao forte crescimento económico da China e da Índia. Desta forma, os produtores atingem o limite da sua produção e o mercado fica a beira da escassez, esta é a principal razão para os EUA reforçarem a sua hegemonia política e militar no Golfo Pérsico, foi o que acabou de acontecer com a intervenção ocidental na Líbia.

Esta operação da morte de Bin Laden poderá não ser assim tão positiva, como todos advogam a primeira vista. Convém não esquecer, que a Al-Qaeda não está organizada como uma estrutura organizacional tradicional, mas sim constituída em rede, os pólos que existem espalhados pelo mundo, a sua organização financeira não estavam directamente, sob o comando operacional de Bin Laden, portanto será expectável que haja um aumento da actividade terrorista a curto prazo. Nomeadamente, em países árabes onde existem convulsões internas, poderão ser alvo de ataques e incursões de grupos extremistas radicais, espalhando o caos e a desordem, vergando as populações através do terrorismo, o que afectaria grandemente os interesses americanos e ocidentais.

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publicado às 16:54

Guerra, crise e desordem

por franciscofonseca, em 21.03.11

 

Assistimos ao derrube do regime de Muhamar Kadhafi que, vigorou na Líbia durante 41 anos, através de uma coligação internacional, com a assinatura das Nações Unidas. Esta coligação é liderada pela França, curioso não ser pelos Estados Unidos, mas é um sinal dos tempos. O que estamos a presenciar é o facto do sistema mundial estar em expansão permanente e são as principais potências, através das lideranças mundiais que, lutam pelo poder global, que criam guerras e paz, ordem e desordem, expansão e crise económica.

A França é uma potência mundial, que tem andado arredada da cena internacional. Com esta atitude quis voltar à ribalta. Mas, a França, a bem pouco tempo foi sacudida, por graves acontecimentos sociais que, futuramente, serão convulsões internas.

Dentro do sistema mundial moderno nunca houve paz duradoura, nem qualquer hegemonia prolongada. Os Estado Unidos, na minha opinião, estão a deixar de ser aquele Estado hegemónico, criador de ordem, para passarem a ser uma força que, espalham o caos e a desordem mundial. Desta forma, a crise, a desordem e a guerra são os instrumentos necessários, para alimentar a expansão deste sistema.

Assim, quando falamos dos culpados da crise, da guerra, porque estamos a passar, todos nós encontramos facilmente os responsáveis. Mas neste sistema mundial, não há culpados, a culpa morre sempre solteira. Os verdadeiros governantes do mundo, conforme refere José Adelino Maltez, são pessoas desconhecidas, indivíduos sem rosto, os homens do armamento, dos mercados financeiros, dos fundos de pensões, do petróleo, apenas conhecidos dos políticos mais importantes que, realmente, nada mandam, mas obedecem. A soberania dos países desapareceu, eu diria, em definitivo.

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publicado às 19:07

 

O Mundo ainda não compreendeu, os desafios que terá de enfrentar com a mudança deste paradigma. O fim da era do petróleo e o começo de uma nova, reveste-se de grande complexidade e ninguém sabe, ao certo, quanto tempo vai demorar. Os líderes mundiais não estão muito interessados na procura de alternativas, pois a dependência dos seus governos, das suas economias, dos ganhos astronómicos, provenientes do negócio do petróleo, continuam a ditar as leis.

A sociedade baseada numa economia, refém do petróleo enfrenta elevados riscos, como os que estamos a presenciar presentemente. O colapso dos governos do Médio Oriente está a fazer disparar os preços, mas, este combustível de origem fóssil será cada vez mais escasso e mais dispendioso. Um segundo risco, tem a ver com o aumento da população mundial, pois o mundo está a alimentar-se, de forma cada vez mais intensiva. Os recursos necessários para produzir alimentos, como a água, os solos férteis, as condições climáticas e principalmente os energéticos, representam problemas cada vez maiores, para a sustentabilidade humanidade. A maior e devastadora ameaça será as guerras fratricidas que, se irão travar entre as maiores potências, pela luta das reservas existentes.

Na minha opinião, as sociedades actuais não estão devidamente sensibilizadas, nem dispostas a alterar o seu comportamento, relativamente ao consumo dos recursos energéticos, nomeadamente, as classes ocidentais médias altas que, rejeitam alterar o seu estilo de vida.

Nos países europeus, onde os combustíveis atingem preços mais elevados, devido principalmente aos impostos governamentais, os cidadãos estão mais receptivos à mudança. Por outro lado, nos Estados Unidos e outros países onde o petróleo é mais barato, a maioria dos cidadãos são mais relutantes, face à mudança de paradigma. As alternativas, ainda são pouco consistentes, mas terão que passar por opções de carbono zero e economicamente viáveis.

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publicado às 12:30

Revolução, petróleo, sangue e carnaval

por franciscofonseca, em 08.03.11

 

As revoluções no mundo árabe trazem preocupação, mas não devemos entrar em pânico. Qualquer revolução é confusa e sem qualquer tipo de lógica. Vejamos o caso português que, em dois anos passou de uma ditadura neofascista para uma democracia pseudoliberal. Todos os países do Médio Oriente apresentam cores diferentes, tem a sua própria história e identidade. A maior fonte de tensões, na minha opinião, prende-se com o fracasso dos governos destes países, no fornecimento de educação, emprego, habitação e condições de dignidade aos seus jovens cidadãos.

O aumento do preço dos combustíveis deve-se em primeira linha, à instabilidade vivenciada na Líbia, país rico em recurso minerais, mas gerido em benefício de Kadhafi, da sua família e dos seus apoiantes. Se esta instabilidade contagiar a Arábia Saudita, onde se encontram os maiores campos de extracção petrolífera do mundo, então, poderemos assistir a uma escalada do preço do petróleo nunca antes vista que, poderá aproximar-se dos 200 dólares por barril. Se isto vier a acontecer, os preços dos bens aumentará de forma significativa, as pessoas irão sentir dificuldades no pagamento das suas contas, nomeadamente das hipotecas, empréstimos e a economia sofrerá um colapso.

Esta revolução é regional, um movimento no qual cada geração jovem de cada país aprendeu tácticas, ajudas tecnológicas e slogans entre si. Desde a Tunísia, ao Egipto e agora na Líbia que, a resistência dos autocratas tem aumentado. Khadafi tem mantido o poder há 41 anos, recorrendo à brutalidade e a perseguição. Mercenários, snipers, helicópteros atiram indiscriminadamente contra cidadãos líbios que, protestam contra o regime. A pressão internacional tem sido muito ténue, pois estão em causa muitos acordos sujos, em nome do petróleo e da geopolítica, estando agora a atormentar os que os assinaram.

Mas em época de muitos carnavais, por toda a parte, não podemos pensar que estes países, ou quaisquer outros, podem ser governados por uma multidão da Praça Tahir, por uma conta do Facebook ou do Twitter. E quer-me parecer que o movimento “geração à rasca” que, já incomoda muita gente é resultado do fracasso, dos sucessivos governos em Portugal, no fornecimento de melhores condições, para os seus jovens.

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publicado às 13:34


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