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Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
Os mais ricos devem pagar impostos mais altos? Uma pergunta que se fosse alvo de um referendo, teria pelo menos cinquenta e um por cento dos votantes a favor da “moção”. Mas, na minha modéstia opinião há três razões pelas quais os mais ricos devem pagar impostos mais altos, nenhuma ideológica.
A primeira razão é política. Nos tempos em que vivemos, será cada dia mais difícil aos governantes explicar às pessoas, o fato de dinheiros públicos serem cada vez mais destinados para salvar bancos e empresas, enquanto os seus altos executivos continuam a ganhar milhões por ano. Pela mesma razão que a esmagadora maioria dos cidadãos portugueses não compreendeu as alterações propostas pelo governo à TSU, ou seja, agravar a taxação dos trabalhadores e desagravar a dos patrões.
A segunda é económica. Nesses cargos, entre eles os gestores executivos, cuja contribuição marginal não pode ser determinada de forma tão precisa como a de outros cargos de fácil reposição – por exemplo, a de um empregado de mesa num restaurante ou o de um trabalhador de uma linha de produção de calçado –, a mão invisível do mercado não ajuda. Ainda mais quando quem determina o próprio salário é o mesmo que deve e sabe como convencer os encarregados de aprová-lo, de que o seu trabalho vale milhões de euros – muitas das vezes livre de impostos.
A terceira razão é histórica. Já aconteceu e por muito tempo. Não matou o capitalismo, nem impediu que a economia continuasse a crescer.
Estou em crer que os ricos querem pagar mais com respeito ao futuro dos respetivos negócios, que será fortemente prejudicado se o poder de compra dos salários for mais corroído e a crise financeira tornar-se crise social e instabilidade política. Reza o velho ditado que é preferível dar os anéis para não perder os dedos, ou seja, abrir mão de uma parte do lucro é melhor do que perder o próprio negócio.
Vivenciamos tempos de severa crise económica, onde os mais ricos aumentam de número, assim como as suas fortunas, em contraponto, com o aumento de pobres e da miséria social. O Primeiro-ministro de Portugal anunciou mais austeridade, com certeza a mando da “troika”, para regozijo dos mais abastados. Mas, os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem as suas amaldiçoadas fortunas. Estamos numa fase de empobrecimento, sem consciência e sensibilidade social.
Um dos principais males da nossa democracia é que temos políticos de profissão, mas sem vocação. Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer está no ganho que dela deriva. O futuro de Portugal depende desta luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. Atualmente, como sabiamente dizia Chico Anysio "Os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado."
Somos uma sociedade pacifica de revoltados, que esta resignada. Temos de repensar o país e fazer uma reelaboração do sistema político. A economia não resolve os problemas dos países. Esta fraude que nos foi vendida durante as últimas décadas tem de ser posta de parte. Os problemas de Portugal têm de ser resolvidos por uma nova ideia de participação democrática, onde acabem os privilégios e se instale o mérito, onde a autenticidade, a simplicidade e a humildade sejam os pilares das novas ideias para uma estratégia de futuro.
Portugal necessita de reagir e não ficar a espera que a tormenta passe. A resposta passa por uma nova reorganização do sistema produtivo que seja sustentável, de uma reindustrialização baseada na ciência e na tecnologia, na desburocratização da Administração Pública para eliminar o desperdício, a inércia, as leis mal feitas, a desconfiança, que impedem as pessoas de terem mais liberdade e mais responsabilidade. Por último instituir o primado de uma nova ideia de participação democrática sobre a economia.
Caso contrário, os pobres não vão sair da pobreza e os ricos não vão sair da vergonha, da ganância e da insensatez. Este terrorismo social é muito mais letal que o terrorismo convencional. Os terroristas comuns matam dezenas ou centenas de cada vez. Os mais afortunados são responsáveis pela morte de milhões de seres humanos, todos os anos, sem correr qualquer risco pessoal e ainda são premiados com o aumento das suas malditas fortunas. Este é o presente, eu quero e vou lutar por um futuro radicalmente diferente.
Esta ideia tem de ser disseminada. A classe média foi e continua a ser um pilar fundamental de uma sociedade próspera e desenvolvida. Este pilar é uma vantagem competitiva que deriva diretamente da força da classe média, a começar pelo seu poder de compra. Os mais ricos não fazem o suficiente para estimular a economia, esse poder está nas mãos da classe média, mas erradamente os governantes continuam a pensar que são os mais ricos que têm esse poder.
A classe média tem uma maior predisposição para gastar o rendimento disponível do que as famílias ricas, apesar das festas e dos aviões a jacto que os transportam para férias em sítios paradisíacos, não compram t-shirts, carros e refeições em restaurantes que sejam suficientes para fazer equivaler os gastos que ocorreriam se a sua fortuna fosse dividida entre milhares de famílias pobres. Neste domínio vários são os estudos sobre o que os economistas denominam como propensão marginal para o consumo, que apoiam esta teoria.
Ao contrário do que vejo todos os dias na imprensa nacional e internacional, a ser defendido, maior austeridade para a classe média e mais dinheiro para os bancos e as grandes empresas, ou seja, a solução do passado que nos conduziu até a crise. Não me restam dúvidas que tem de ser a classe média a puxar pelo crescimento, pois é ela que investe em dois dos mais importantes motores da economia: nas infraestruturas e no capital humano. São as classes médias que exigem boas estruturas de suporte e boas escolas, exemplos que incentivam o funcionamento geral da economia.
Está demonstrado que as classes médias são as incubadoras dos empreendedores de amanhã, pois estas oferecem uma boa combinação de tempo, recursos e motivação para investir nas competências e para ascender na escala da inovação. Geralmente sete em cada 10 empreendedores provêm de classe média. Por seu turno, aos filhos dos ricos, habituados aos seus confortos extremos, poderá faltar o incentivo necessário para aumentar ainda mais a fortuna de família e para subirem a escada económica, o principal motivador para os empreendedores do futuro.
A economia encontra-se em muito maus lençóis, se não vejamos, jovens que queriam ser médicos acabam a servir cafés ou caixas de supermercados. Uma jovem mulher que ambiciona ser professora acaba como baby-sitter, a ganhar uns trocos, enquanto espera que haja um lugar para si numa qualquer escola. Em Portugal e na Europa a economia está a sofrer simplesmente porque as pessoas não conseguem realizar todo o seu potencial e porque as políticas públicas são concebidas através de pressupostos e enfoques errados. É chegado o momento de arrepiar caminho.
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