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Blog de crítica e opiniões sobre as políticas que afetam negativamente a humanidade. O Homem na atualidade necessita urgentemente de arrepiar caminho, em busca de um novo Mundo!
Os EUA estão traumatizados como no tempo do lançamento pela União Soviética, do primeiro satélite artificial da Terra, em 1957. Mas, se naquele momento o que surpreendeu o Mundo ocidental foi o nível tecnológico do país rival, dessa vez a surpresa consiste na máquina de guerra, que a Rússia conseguiu lançar na Síria, mesmo em tempos de queda dos preços de petróleo.
Europeus e os norte-americanos imaginavam as tropas russas com milhares de soldados, com uniformes gastos e milhões de toneladas de ferro velho, mas a realidade patenteada na Síria tem a ver com o uso de tecnologia militar de ponta, armamento sofisticado e moderno e um exército manifestamente bem uniformizado e equipado.
Para quem está mais atento as dinâmicas geopolíticas regionais de segurança, não é novidade a enorme ambição da Rússia. Putin já não está interessado em dominar as antigas repúblicas da União Soviética, como a Ucrânia, mas sim em adotar uma postura militar mais dominante a nível global.
Putin e o seu poder militar têm numa nova estratégia de confronto geopolítico. É completamente errado pensar que Putin tem limites territoriais. A intervenção da Rússia na Síria mostra precisamente o contrário.
A administração americana já reconheceu o erro colossal estratégico que foi abandonar as bases militares na Europa, em prol da estratégia do Pacífico e Ásia. Hoje temos uma Aliança Atlântica enfraquecida e Moscovo, cuja relação com o Ocidente se tem vindo a deteriorar, avisa que o envio de forças da NATO para perto das suas fronteiras irá ser visto como um ato de agressão.
Muito recentemente, o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, declarou numa conferência de segurança, que decorreu na cidade alemã de Munique, que as relações entre o Ocidente e a Rússia deslizavam para uma "nova Guerra Fria". A realidade é que temos uma Europa enfraquecida, cada vez mais desunida em matéria de união e sem poder militar capaz de colocar em respeito as pretensões Russas. Temo pelo futuro da desta velha Europa obcecada somente com as políticas de austeridade, em prol do sistema financeiro global.
A Síria é um dos países árabes menos influenciados e influenciáveis pelo mundo ocidental, ou por qualquer outro país, em função de seu histórico isolamento, devido principalmente ao alinhamento à ex-URSS no contexto do confronto com Israel e da Guerra Fria. O verdadeiro e único aliado importante de hoje é o Irão.
A Rússia e a China são aliados da Síria, principalmente devido aos interesses geoestratégicos. Hoje usaram o poder de veto para impedir resoluções do Conselho de Segurança da ONU que tinham como objetivo pressionar o presidente sírio, Bashar al-Assad, a pôr fim ao conflito de 16 meses que já matou milhares de pessoas.
Mas, a Síria faz parte do plano de democratização, que alguém já batizou de primavera árabe, que só terminará quando chegar ao Irão. Na Tunísia, Marrocos, Egito, Iêmen, Jordânia, Bahrein e Líbia os planos de democratização já estão em marcha. Chegou a hora da queda do regime sírio, mas neste caso, o líder do mundo ocidental não optou pela via da intervenção militar como aconteceu na Líbia. Os serviços secretos fizerem os mesmo trabalho que foi feito no Egipto.
A maioria dos militantes envolvidos no conflito militar na Síria são mercenários recrutados no Iraque, Líbia, Jordânia e Arábia Saudita que utilizam armas tecnologicamente sofisticadas concebidas para combates urbanos, sistemas de visão noturna, meios de comunicação modernos, que causam as maiores baixas ao exército e serviços de segurança sírios.
A mais que provável renúncia do presidente Bashar al Assad poderá estar próxima. Mais do que nos demais países árabes, é o fim de uma era. Um fim muito abrupto de uma era tão duradoura quanto dura.
A ser confirmada a renúncia, Assad vai adotar o modelo seguido pelo Egipto, de entregar os anéis para não perder os dedos. Neste caso, deixar o poder junto com toda a cúpula do partido Baath para entregá-lo ao exército, a fim de que este tente comandar e controlar a transição política. Os riscos são, literalmente, explosivos. Pois pode ser muito pouco e muito tarde.
Em pleno século XXI muito se fala em Direitos Humanos, mas a comunidade internacional permite que os hospitais sírios se transformaram em centros de tortura, para os feridos nos protestos contra o regime do presidente Bashar al Assad. Os feridos que participaram nos protestos não são tratados, mas sim torturados. As ambulâncias são orientadas para levar os feridos para os centros de detenção, em vez de os transportar para os hospitais.
As práticas de maus-tratos, tortura psicológica, suspensão do corpo pelos pés e confinamento são comuns nas últimas quatro décadas na Síria, situação que se agravou a níveis assombrosos nos últimos meses. Quando a tortura é feita de forma sistemática constitui um crime contra a humanidade.
Um funcionário hospitalar grava secretamente imagens chocantes de torturas a doentes internados no hospital militar da cidade de Homs. As imagens mostram os feridos acorrentados às camas, com os olhos vendados e sendo torturados com choques elétricos e bastonadas, pelos médicos e pessoal hospitalar.
O cenário é escabroso, os “tratamentos” de tortura passam por torcer os pés até partirem as pernas aos detidos, são operados sem anestesia, são amarrados as camas e negam-lhes água, entre outras coisas horríveis. Os amputados acabam por gangrenar, porque os médicos não prescrevem antibióticos.
Eu compreendo perfeitamente que a Síria não seja um país geoestratégico, para os signatários da OTAN, nem que nenhum país tenha interesses como aconteceu no caso da Líbia. Na Líbia os Estados Unidos têm interesses geoestratégicos e económicos, a França e a Inglaterra possuem interesses económicos, mais que geoestratégicos. Por isso antevejo que na Síria, o regime de Damasco continue a infligir tortura e terror a todos os opositores e manifestantes contra o regime, sem qualquer intervenção mais musculada de qualquer organismo internacional.
Dizem os historiadores que a história se repete ciclicamente, acredite-se ou não, os sinais começam a ser evidentes.
Na América latina, Hugo Chávez, manda um recado para a vizinha Colômbia, que se entrarem tropas no seu território, contra campos de guerrilheiros no seu país, reagirá “pelas armas” , mobilizando de “imediato os caças e os carros de combate”.
Do outro lado do globo, Pyongyang ameaçou que qualquer tentativa de derrubar um satélite que o país pretende lançar é uma declaração de guerra.
Por seu lado, o império Americano e a Coreia do Sul acreditam que o governo norte-coreano possa estar a preparar-se para testar um míssil de longo alcance, disfarçado o lançamento como se fosse de um satélite.
Ninguém tem dúvidas, que o império americano detêm actualmente o maior poderio, tanto em tecnologia de ponta, como militar.
A guerra do Iraque foi um sucesso, as negociações com os talibãs no Afeganistão seguem a bom ritmo e, os planos para uma incursão na Síria não sei terão resfriado.
Mas atenção que o problema das Coreias, a meu ver é muito mais sensível, explosivo e, perigoso para o futuro da humanidade.
Francisco Fonseca
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