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A língua do canhão impera mais uma vez no sudão

por franciscofonseca, em 24.04.12

O Sudão e o Sudão do Sul estão em rota de colisão, por causa de questões não resolvidas sobre a partilha das receitas do petróleo e de disputas fronteiriças que continuam, mesmo após a separação do Sul do Norte, em Julho de 2011. A guerra, que durou décadas e matou mais de 2 milhões de pessoas, só terminou com o tratado de paz de 2005, pode voltar a ser uma cruel realidade.

O presidente do Sudão Al-Bashir fará uso da força mais uma vez para controlar as fronteiras e o petróleo do campo de Heglig, que foi tomado pelas forças do Sudão do Sul, alegando que é seu território. Penso que Heglig não é o fim, mas será o começo para uma grande demonstração de força, pois o exército do Sudão é muito mais desenvolvido e melhor preparado, do que os antigos guerrilheiros que agora formam as forças militares do Sudão do Sul.

Salva Kiir, o presidente do Sudão do Sul, declarou na China que os ataques lançados por Cartum representam uma declaração de guerra aos sul-sudaneses. O presidente chinês Hu Jintao está preocupado aumento da tensão na região, pois a China é uma grande investidora dos dois países e pediu para que os dois parem com o conflito e retornem à calma.

Penso que a comunidade internacional, nomeadamente as Nações Unidas, terão de agir urgentemente e exercer uma forte pressão sobre os dois governos, caso contrário será impossível de evitar que estes países sejam arrastados de volta para a guerra, que só vai levar a um lugar: mais sofrimento, mais refugiados, mais mortes e níveis de pobreza extremos e degradantes.

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publicado às 16:16

Quase com os rebeldes a vista

por franciscofonseca, em 05.05.09

 

Acabo de chegar do leste do Chade, onde estive muito perto dos rebeldes e, foi impressionante constatar o medo das pessoas de Goz Beida. Não é para menos, com os rebeldes mesmo a porta, muitos já abandonaram a vila, a começar pelas autoridades, Governador e Prefeito.

Este é o verdadeiro sinal de que algo de grave está para acontecer, para as populações que nada tem a ver com este conflito, mas que são os que mais sofrem, a par dos deslocados e dos refugiados, que vêm as ONG´s saírem do terreno por não terem condições de continuar o seu trabalho.

Francisco Fonseca

 

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publicado às 22:05

Chade em tensão

por franciscofonseca, em 29.03.09

Amanhã regresso ao coração morto de África, terra de pó quente, onde quase tudo é imprevisível, e o presidente Idriss Deby, acaba de romper as relações diplomáticas com o vizinho Sudão, acusando o governo de Cartum de tentar derrubá-lo.

Acusou, mais uma vez, o Sudão de apoiar milícias que actuam no Chade e de uma acção rebelde surpresa na capital na quinta-feira.

Espero que o sol tórrido não afecte de forma irreversível, o processo de estabilização do Chade.

 

Francisco Fonseca

 

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publicado às 20:32

Estas mulheres deslocadas em Loubotigue, onde estive recentemente, poderão ser as primeiras a festejar, mas também as primeiras a sentir a violência.

 

Crianças de Gozbeida,  que desde muito cedo experimentam experiências traumatizantes para toda a sua existência.

 

O mandado de detenção emitido pelo (TPI) contra o Presidente Sudanês, Omar al-Bashir, tem a assinatura da juíza Brasileira Steiner, que foi advogada, procuradora da República em São Paulo e desembargadora do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

 

Omar al-Bashir que é suspeito dos crimes de assassínio, extermínio, violação, tortura e fazer deslocados à força, teve grandes manifestações de apoio nas ruas de Cartum.

 

Do outro lado, em Farchana, Gozbeida, Iriba, Gereda, Bahai,  no leste do Chad, houve manifestações e gritos de alegria dos refugiados de Darfur.

 

Abre-se um precedente, pois o Presidente Sudanês é o primeiro a ser alvo do TPI, as autoridades sudanesas responderam de uma forma violenta.

 

Por outro lado, EUA, Reino Unido e França  apoiam a decisão do TPI, Rússia e China estão em desacordo, isto poderá criar novos embaraços diplomáticos.

 

Na minha opinião, esta decisão pode incrementar a instabilidade na região do Darfur, com consequencias gravosas para os refugiados e deslocados, porque muitas das ONG’s podem ver-se obrigadas a sair, piorando as condições dos estimados 250 mil refugiados que estão no leste do Chad.

 

Ban Ki-moon disse que as Nações Unidas vão continuar a conduzir as suas missões vitais de manutenção de paz, ajuda humanitária, e defesa dos direitos humanos.

Esperamos que assim seja, principalmente para todos os que mais sofrem com toda esta situação.

 

Francisco Fonseca

 

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publicado às 18:02

Voltando a um assunto que me preocupa de uma forma sistemática, quero expor, do meu ponto de vista, as três tendências, que considero mais perigosas para o futuro da boa convivência neste Globo.

Então aqui vai a primeira…

Existem grupos selváticos que têm aterrorizado as pessoas do Uganda, Quénia e Sudão durante os últimos 20 anos. O Lord's Resistance Army (LRA), conduzido pelo guru Joseph Kony, um auto declarado "descendente de Jesus-Cristo", professou a criação do reino de Deus em terra, vivendo de acordo com os dez mandamentos.

Porém, em perseguição das suas metas, o LRA massacrou, mutilou (cortando lábios, orelhas e outras partes de corpo), estuprou e sequestrou crianças jovens que são forçadas o alistamento no "exército". A luta entre o LRA e as forças ugandesas fizeram um milhão de pessoas fugir da região.

Este não é um caso isolado. Ao redor do mundo, em países como a Colômbia, Irlanda, Haiti, nos territórios palestinos, Nepal e Sudão, clones terroristas nascem, milícias estruturam-se, evoluindo para gangs e grupos criminais.

Este caos é contagioso: num mundo globalizado, "guerras entre gangues", terrorismo e o crime organizado têm uma tendência para proliferar.

O mecanismo é simples contudo difícil de conter, pois quando um estado entra em colapso, desintegra-se normalmente em criminalidade violenta que rapidamente se transforma num caos que depressa contamina a região envolvente.

O colapso da Serra Leoa teve um efeito de contágio na Libéria e em países vizinhos; o caos no Zaire (agora República Democrático de Congo) depressa se espalhou para toda a região dos grandes Lagos em África, tendo como exemplo o Congo-Brazzaville.

Estamos a assistir a um ataque violento, de natureza global, levado a cabo por milícias armadas, gangs criminais e grupos terroristas, criando áreas cinzentas que utilizam como bases para preparação e recrutamento.

Estas zonas alastram por todos os cantos do globo e preparam-se para saquear o mundo de um ponto de vista puramente predatório.

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publicado às 18:25


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