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A ingenuidade europeia e o terrorismo

por franciscofonseca, em 06.12.15

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As políticas económicas de austeridade impostas na Europa, a partir de Berlin, com o consentimento de Paris, Londres e Bruxelas, ao longo dos últimos anos aumentaram exponencialmente as desigualdades sociais dentro destes mesmos países, assim como, em todos os outros países do espaço da União Europeia.

Esta realidade é perfeitamente identificada nos 64 bairros franceses altamente problemáticos, repartidos por 38 cidades, desenhando uma mancha que mistura exclusão e violência. A esmagadora maioria dos seus residentes é de origem estrangeira e uma proporção significativa das famílias são muçulmanas. A periferia de Paris forma uma constelação de aglomerados de alto risco, uma espécie de "apartheid territorial, social, étnico e religioso" que forma um garrote pronto a asfixiar a capital.

Bem sei que o desejo natural da maioria das pessoas é ter uma vida normal. As falhas na integração das populações estrangeiras e as desigualdades sociais, mesmo a marginalização racial e cultural, não são, nem só por si nem necessariamente, autoestradas para a violência e para o terrorismo.

Analisando a situação como uma certa prudência, em França e noutros países europeus, seria um erro ligar, imigração, etnicidade, pobreza, dificuldades de integração social, religião, discriminação, com focos de criminalidade ou de terrorismo.

Mas por outro lado, não podemos deixar de constatar, que é nestes espaços onde a maioria dos jovens encontrou terreno fértil para iniciar os processos e radicalização. Os últimos acontecimentos confirmaram que os terroristas dos atentados de Paris e os suspeitos de planearem mais ataques são originários ou são procurados em Paris e em Bruxelas nestes bairros.

O terrorismo que assola a Europa é uma extensão religiosa a partir do fundamentalismo islâmico. Osama bin Laden, por exemplo, não era um desprovido, mas herdeiro de uma família saudita rica. Também não era um guerrilheiro de esquerda, um altruísta que dedicou sua vida a defender as massas desprovidas, nem extremista de direita. Era um radical ideológico cuja bandeira única era a reprodução de conceitos fundamentalistas e a realização de atos de terrorismo. É impossível analisar, elencar as causas, combater as raízes deste fenômeno ignorando as características regionais, onde o Estado Islâmico, a Al Qaeda e outros grupos terroristas estão sediados.

O estado da arte demostra os perigos a que está exposta a humanidade numa ordem mundial marcada pela violação sistemática do direito internacional, o militarismo, o intervencionismo, a guerra como meio de política externa e o desrespeito à soberania nacional.

Na minha modesta opinião, a luta contra o terorismo não está nas mãos dos Estados e governos cujas políticas apenas têm gerado instabilidade e crises. Bem pelo contrário, exige a mobilização dos povos, das forças amantes da paz e da democracia, de todos os que lutam por uma sociedade livre da ingerência imperialista e por soluções justas para os conflitos internacionais. Esta luta tem de partir em primeiro lugar dos principais países mulçumanos, como a Arábia saudita, o Qatar, Kuwait, Emirados Arabes Unidos, entre outros.

Os casos das intervenções militares no Iraque, Afeganistão e Líbia sempre escudadas na lutra contra o terorismo, apenas produziram caos, estados falhados e deixaram terrenos férteis para os grupos extremistas. A intervenção que se prepara na Síria não fugirá a regra e para além do caos que produzirá será ao mesmo tempo um novo Vietnam, para as reclamadas botas que pizarem o terreno.

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publicado às 21:44

O Jihadismo em Portugal

por franciscofonseca, em 18.01.15

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Portugal está no caminho e na mira do terrorismo de matriz jihadista. O terreno europeu foi escolhido pelos radicais islâmicos para o conflito que, afirmam, os opõe aos valores do Ocidente. Sharia4spain (s4s), uma plataforma jihadista criada em 2011 e que tem sido um dos principais alvos das autoridades espanholas, defende a “destruição do sistema constitucional espanhol e português e o restabelecimento da sharia (lei islâmica) e do sistema de califado em toda a península ibérica”. Isto esta plasmado no sétimo dos 18 princípios do grupo, suspeito de aliciar e recrutar jovens muçulmanos espanhóis, franceses, marroquinos e portugueses para as frentes de combate, na síria, contra o regime sírio.

As redes jihadistas transnacionais representam hoje para Portugal uma ameaça real. Já há algum tempo que têm vindo a ser detetados, no nosso país a presença de indivíduos aparentemente com ligações às redes jihadistas europeias, suspeitos de integrarem células terroristas noutros países europeus e de estarem envolvidos em recrutamento e preparação de atentados.

Em relação à comunidade islâmica portuguesa, com cerca de 50.000 muçulmanos perfeitamente integrados, mas que podem constituir uma outra linha de hipotética ameaça, principalmente através de elementos pertencentes ao Tabligh Jamaat, uma organização largamente disseminada no mundo muçulmano que professem ideais extremistas.

Segundo alguns especialistas que estudam o fenómeno referem que, “o nosso país situa-se numa espécie de zona ‘cinzenta’, da qual o máximo que se pode dizer é que não está tão ‘próximo’ do problema que a ocorrência de atentados se situe a nível da grande probabilidade, como em França ou Inglaterra, mas que também não está tão ‘longe’ em termos de essa possibilidade ser considerada negligenciável".

A ameaça terrorista é definida com base numa avaliação da intenção e  capacidade de grupos terroristas em levar a cabo ataques bem-sucedidos. Portugal está muito próximo dos países do sul do mediterrâneo, onde a primavera árabe deixou território fértil para o radicalismo se implementar e com a agravante da ameaça do terrorismo do Sahel, com espacial relevo para os movimentos terroristas cada vez mais radicalizados, que desencadeiam ações nesses territórios e que a todo o momento podem levar a cabo iniciativas em países como Portugal, Espanha e Itália. Importa levar esta ameaça muito a sério, sem entrar em delírios, ainda mais que em Portugal não existe uma cultura securitária.

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publicado às 17:40

Uma Europa a preto e branco

por franciscofonseca, em 11.01.15

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Os atentados de Paris mostraram a grande ameaça que paira sobre a Europa. Esta ameaça tem duas vertentes, que representam duas realidades antagónicas e com práticas diferentes, mas com um vetor comum: a intolerância. Os atacantes do Charlie Hebdo representam as pessoas, os grupos fanáticos que reivindicam uma versão do islamismo que vai contra os princípios do próprio Islão, ou seja, o terrorismo fundamentalista islâmico de cariz jihadista. Do outro lado estão as pessoas e os grupos neofascistas, de extrema-direita que se agarram a bandeira do anti-islamismo e que representam o terrorismo de cariz antijihadista.

A primeira realidade resulta da desestruturação do Iraque e da Síria, onde o Estado Islâmico encontrou território fértil para enraizar o fanatismo, negando valores e direitos, inclusive o direito à vida como ficou claro no ataque ao Charlie Hebdo. A segunda realidade resulta de uma crise económica e financeira, acompanhada por uma austeridade que se institucionalizou como paisagem social, na maioria dos países europeus, em prol dos mercados financeiros.

Os partidos, os políticos e as instituições europeias têm andado, nesta última década a brincar com o fogo e quer-me parecer que não existe uma verdadeira vontade de mudança, que faça alterar o desenrolar dos acontecimentos. Um bom exemplo disso é o fato de a maioria dos países europeus preferirem exacerbar o sentimento antirrusso e anti-Putin, dando apoio a grupos da Ucrânia que são, declaradamente, fascistas, homofóbicos e até antissemitas.

Neste momento o que aterroriza a Alemanha e muitos países europeus não é que a extrema-direita esteja em ascensão em muitos países da Europa, mas sim se o partido de extrema-esquerda, o Syriza venha a vencer as eleições na Grécia, forme governo, pondo em risco os sacrossantos pilares da austeridade. Assistimos a negação da democracia no seu próprio berço, com ameaças de expulsão da Grécia da zona euro e até da própria União Europeia, chantageado um povo a favor da continuidade da política económica e financeira, que tem arrastado milhões de europeus para a miséria.

Caso não haja, urgentemente, um volte face deste estado de coisas, podemos estar a assistir ao suicídio do projeto e do sonho europeu. Se este suicídio vier a ter lugar, o futuro não será nem bom para a Europa, nem para o mundo. É imperioso que todos os Estados europeus tomem consciência da gravidade da situação, que promovam uma verdadeira cultura de democracia e que pugnem incessantemente pelos valores do multiculturalismo.

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publicado às 12:51

O Estado Islâmico para onde caminha

por franciscofonseca, em 12.10.14

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O misterioso líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Bagdadi, designado "califa de todos os muçulmanos" no dia 29 de junho, distancia-se cada vez mais da Al-Qaeda e pode, em breve, tornar-se o jihadista mais influente do mundo. Ninguém quer que uma organização terrorista tenha um território, controle poços de petróleo e tenha armas pesadas.

Desde a retirada das tropas americanas estamos a olhar para o colapso do Iraque enquanto Estado. E a assistir à emergência de um Sul xiita, próximo do Irão; de uma entidade curda independente a norte; e de uma zona sunita, no meio, fora de controlo.

O objetivo é claro em termos internacionais, destruir o EI através de uma estratégia abrangente e sustentável de contraterrorismo, mas em minha opinião esta estratégia apenas visa conter em parte o Estado Islâmico. Este tem um território que domina, relativamente vasto e em crescimento, que tem mostrado capacidades assinaláveis em termos de progredir nos seus objetivos e temos uma chamada coligação mundial que não tem sido capaz de conter os seus avanços.

Há problemas que não têm solução. Este pode ser um deles. O outro dilema da Europa e do mundo ocidental é que devíamos receber mais refugiados sírios e curdos. Isto é impopular. Seriam bons cidadãos, mas se os abandonarmos em campos de refugiados estaremos a criar terroristas.

Em Portugal vivemos num clima de tranquilidade, com a comunidade islâmica bastante pacífica. Mas é evidente que estamos a falar do presente, mas temos que pensar no futuro: no futuro, podem acontecer situações que agravem o risco, que, neste momento, não é elevado no nosso país.

O Estado Islâmico refunda-se em identidades político-religiosas radicais que constituem um desafio às normas e valores ocidentais como o fundamento de um sistema global. Estamos perante uma nova geração de terroristas tendo em vista o atacar aqueles opostos ao califado, dentro ou fora do Mundo Muçulmano, onde o recrutamento de terroristas nunca foi tão evidente e claro como o que está acontecer presentemente, pois chegam todos os dias jovens de todo o mundo, para engrossar as fileiras de operacionais, nos campos de treinos do Estado Islâmico.

O Mundo Ocidental tem de rever urgentemente a sua política de atuação contra o EI, nomeadamente, no que diz respeito às alianças com países de grupos armados, a projeção de tropas no terreno e a recolha de informações.

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publicado às 21:53

Viver na ditadura é melhor do que no caos do sangue

por franciscofonseca, em 06.09.14

O mundo denominado desenvolvido, humanizado, assiste pávido e sereno, com uma surdez hipócrita ao genocídio de cristãos, no berço do cristianismo. No Iraque, no tempo de Sadam existiam 4 milhões de cristãos, hoje são cerca de 300 mil e com tendência para a extinção. São estes cristãos que ainda preservam a língua que cristo falava, o aramaico.

Os sistemas políticos ocidentais são perfeitamente ignorantes relativamente ao médio oriente. A intervenção militar no Iraque deixou um país com as instituições completamente destruídas, vazios de poder e incrementou os radicalismos extremistas. Hoje temos um país controlado por terroristas jihadistas, que aderiram ao Estado Islâmico, de matriz iIslamofascista, que espalham o terror com práticas medievais.

O chefe do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, do mesmo nome do sucessor do profeta Maomé quer restaurar o califado, com um mapa ambicioso dentro de cinco anos, conquistando todo o territótio do Iraque, Síria, Jordania, Israel, Palestina, norte de África, os Balcãs até à Áustria e Espanha e Portugal.

O Qatar e a Arábia Saudita estão a financiar o Estado Islâmico, no sentido de espalhar este jihadismo salafista por toda a região. A Europa muito em breve sofrerá as consequências deste radicalismo, que não aceita mais nenhuma religião. As fileiras do Estado Islâmico contam com 50 mil combatentes que se converteram ao islamismo, provenientes na sua esmagadora maioria da Europa e dos Estados Unidos. São jovens sem identidade, sem pertença grupal, desenraizados dos valores ocidentais, que procuram acima de tudo obter reconhecimento e uma identidade.

A aliança agora constituída por 10 países pertencentes à NATO, com a intenção de acabar com o Estado Islâmico e por um fim ao genocídio de cristãos no Iraque e às decapitações de jornalistas, na minha opinião, não passa apenas de uma estratégia de maquilhagem, para tranquilizar os espíritos mais sobressaltados. É necessário colocar milhares de botas no terreno para poder desalojar estes extremistas e não vejo nenhuma coligação, nem nenhum país com capacidade para levar a cabo uma intervenção militar desta natureza.

Estamos a beira de presenciar mais um paradoxo protagonizado pelos Estados Unidos, com as alianças que estão prestes a acontecer com o Irão e a Síria, ou seja, uma aliança entre três inimigos eternos. Mas como os EUA têm cometido erros estratégicos sucessivos nestes territórios, será de prever que aconteça mais um erro colossal, que marcará, porventura, a história da humanidade. Já agora espero que não se esqueçam de se coligar também com a Rússia, de forma a tornar o passo mais curto para o caos global.

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publicado às 16:11

As grandes ameaças do futuro

por franciscofonseca, em 13.01.13

O mundo na última década sofreu grandes transformações e a uma velocidade que aumentará exponencialmente no futuro próximo. Identificar os riscos futuros, de forma a poder antecipá-los é cada vez mais difícil. O problema é que cada vez mais agimos de forma reativa depois dos problemas eclodirem. A grande instabilidade macroeconómica por que passamos é disso um bom exemplo, a par dos eventos climáticos extremos, a fome, os Estados falhados e os conflitos armados.

No curto e médio prazo continuaremos a assistir ao aumento das desigualdades, na distribuição da riqueza e das dívidas públicas insustentáveis, principalmente devido as políticas erróneas do passado e do presente, implementadas a nível nacional e internacional. O risco da disseminação do fracasso financeiro sistémico, em conjunto com os desequilíbrios fiscais crónicos poderá desencadear um stress, no sistema económico global.

Os episódios climáticos extremos serão cada vez mais frequentes, as emissões de gases com efeitos de estufa continuam a aumentar. O sistema ambiental está sob um stress crescente, onde o fornecimento de água potável, a par da escassez alimentar, do aumento das temperaturas globais, a que se junta a crise económica para que aconteça a tempestade perfeita, com consequências insuperáveis.

Apesar dos gigantescos progressos na área da saúde, a humanidade sempre esteve sob ameaça de doenças infeciosas, pandemias, mutação de vírus altamente mortíferos, que estão sempre à frente da investigação científica. A crescente resistência aos antibióticos poderá levar ao desastre em termos de doenças bacteriológicas.

A era digital representa também, um risco para a humanidade, que poderá passar por uma desinformação massiva com riscos tecnológicos e geopolíticos que podem passar pelo terrorismo, disseminação de armas de destruição massiva, ciberataques, até à desgovernação global. A internet coloca online um terço da população mundial e um conteúdo ofensivo ou mal interpretado poderá despoletar crises impensáveis. A humanidade evoluirá de forma radicalmente incerta e dentro de uma complexidade crescente.

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publicado às 10:49

O terrorismo e as novas regras de combate

por franciscofonseca, em 12.02.12

A ameaça terrorista continua a pairar sobre a Europa, assim como as violações dos direitos humanos para a combater, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos, como já referi neste blog. Mas a verdade é que os ataques do 11 de Setembro, seguidos pelos que atingiram Madrid e Londres, obrigaram a respostas políticas na Europa, que causaram perturbações duradouras na defesa dos direitos humanos.

Os governos europeus têm demonstrado na última década, por diversas vezes, uma vontade de relegar para segundo plano a proibição global e absoluta de atos de tortura, expondo os suspeitos de terrorismo a violentos abusos e a detenções ilegais, utilizando os frutos dessa tortura, no interior das suas fronteiras e negando-lhes quaisquer tipos de direitos.

Em muitos casos, os governos europeus quiseram construir um novo paradigma, no qual os direitos humanos, nestes casos, teriam de passar para plano secundário. Sem qualquer dúvida, que as preocupações públicas contra o terrorismo continuam atuais e prementes, mas na maioria dos casos foram suplantadas por outras mais atuais como o desemprego generalizado e a degradação do tecido social europeu e, na verdade estas ideias envenenadas enraizaram-se.

O combate ao terrorismo na Europa teve três frentes. Na primeira foi decretado que os suspeitos de terrorismo merecem ter menos direitos do que os demais; a segunda é a de que a Europa não pode ter segurança e direitos humanos ao mesmo tempo; e, por último, o fato de as minorias suspeitas de terrorismo serem sacrificadas em termos de direitos humanos, em prol das maiorias.

A insegurança e o medo levaram a maioria dos europeus a aceitar estes argumentos. Não deixaram fugir a hipótese de transacionar esses direitos pelo sentimento de segurança e alívio do medo. Mas as pessoas aceitaram comportaram-se dessa forma, porque os direitos que ficaram em risco não são, ou pelo menos não parecem, ser os seus. Penso que é chegada a altura de olhar sem pânico para o fenómeno do terrorismo e reajustar as políticas de combate.

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publicado às 12:00

O percurso de Kadhafi

por franciscofonseca, em 28.03.11

Decorria o ano de 1969, quando Kadhafi, jovem, carismático militar, formado nas academias militares do Reino Unido e da Grécia, comandou um súbito golpe, para derrubar a monarquia pro-ocidental liderada pelo rei Idris. Logo se promoveu de capitão a coronel, após o golpe. Passou a ser considerado herói revolucionário, depois terrorista internacional, mais recentemente, aliado estratégico do ocidente e agora perseguido pelos seus aliados.

Nos anos 70 escreve o livro “Green Book”, nele desenvolve uma nova filosofia política, que pretendia ser uma teoria universal, onde defendia uma revolução política, económica e social em todos os povos oprimidos. Muito recentemente, autoproclamou-se como um líder internacional, o rei dos reis de África.

O atentado bombista ao voo 103, que se despenhou em Lockerbie, onde morreram 270 pessoas, revelou-se um acto de terrorismo internacional. Kadhafi recusou-se inicialmente entregar os dois suspeitos líbios à jurisdição escocesa. Durante o longo período de negociações, a Líbia sofreu várias sanções, impostas pela ONU.

Em 1999, as sanções foram levantadas e Kadhafi volta ao palco internacional. Vários líderes mundiais visitaram o líder líbio, na sua famosa e luxuosa tenda, que o acompanhou nas viagens para a Europa e EUA. Mas a sua excentricidade foi vista em 2010, na Assembleia Geral da Nações Unidas, quando tinha apenas 10 minutos para o discurso de abertura, mas demorou 1H15.

Quando os ventos de revolta e mudança começaram a soprar no mundo árabe, primeiro na Tunísia e depois no Egipto, a Líbia não estava nas cogitações dos apostadores, como o próximo país a ser alvo da vaga de turbulência. O grande equívoco de Kadhafi teve a ver com a distribuição de riqueza, a sua família arrecadou a maior parte das receitas do petróleo, as que distribuiu foi com espírito de comprar lealdade, sem promover maior igualdade entre o povo líbio.

É inevitável que o coronel vai lutar até ao fim, nada no seu passado sugere que fosse diferente. Já diz o velho ditado, na vida ou somos pombos ou estátua, temos de aproveitar o tempo enquanto somos pombos. Agora o coronel virou estátua e, os que o acolheram nas visitas extravagantes a Nova Iorque, as principais capitais europeias e ao mundo árabe, estão agora a tentar pousar na estátua do coronel.

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publicado às 16:31

Pedido para que Obama se converta ao Islamismo

por franciscofonseca, em 28.12.10

 

Fuad Mohamed Khalaf, cidadão sueco de origem somali, dirigente do grupo islâmico Al Shabad, segundo algumas fontes, o terceiro no comando do grupo, ligado à Al Qaeda, exigiu dia 27 de Dezembro, que Barak Obama se converta ao islamismo, pois caso o presidente dos Estados Unidos não o faça, os EUA irão sofrer atentados, segundo o próprio anunciou através da Al Shabad Radio, em Mogadíscio, capital da Somália. O pedido foi extensível a todos os dirigentes americanos para que fizessem o mesmo.

Confrontos entre rebeldes da Al Shabab e forças do governo no norte da capital da Somália matam diariamente civis. É um confronto interminável entre forças do governo e a Al Shabaab no norte de Mogadíscio. Os opositores controlam grande parte da capital, mas não conseguiram até agora depor o presidente Sheikh Sharif Ahmed e derrubar o governo transitório que vigora na Somália, com o apoio da comunidade internacional.

O grupo Al Shabad tem o apoio de centenas de combatentes estrangeiros da Al Qeada e tenta implementar um regime radical islâmico Wahhabista, que tem as suas raízes, no movimento religioso de muçulmanos que teve a sua criação na Arábia central em meados do século XVIII.

A Somália é nitidamente um estado falhado, sem governo efectivo desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi destituído, o seu território dominado por grupos terroristas, por grupos de criminalidade organizada, principalmente dedicada aos grandes tráficos, pelos senhores da guerra tribal, transformando-se numa zona cinzenta de grande instabilidade, sem qualquer controlo, causando  insegurança nesta área do globo.                                            

Francisco Fonseca

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publicado às 17:24

A segurança na cimeira da NATO/OTAN

por franciscofonseca, em 18.11.10

Cimeira da NATO/OTAN 

Sala principal da Cimeira da NATO em Lisboa

 

Portugal nunca organizou um evento de tanta complexidade em termos de segurança. É sem dúvida um grande desafio para as forças e serviços de segurança.

 

Nestes próximos dois dias vão decorrer, a par da cimeira da NATO, a cimeira NATO/Rússia e Estados Unidos/União Europeia.

 

Do novo conceito estratégico, que vier a ser aprovado, muito vai depender o futuro desta organização atlântica. A situação do Afeganistão também vai passar por Lisboa, pois a passagem da responsabilidade, do controlo dos talibãs, para os afegãos vai ser concertado estrategicamente.

 

As ameaças e os riscos são reais, sendo necessário o levantamento de todas a vulnerabilidades, em termos de terrorismo, violência urbana e criminalidade altamente organizada.

 

Espero que nenhuma janela de oportunidade tenha ficado aberta, pois caso contrário o pior pode mesmo acontecer, faço votos para que tudo decorra dentro da normalidade.

 

Francisco Fonseca

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publicado às 20:02


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