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Hollande poderá impedir desunião europeia

por franciscofonseca, em 07.05.12

Os fundadores do euro pensaram que estavam a criar uma moeda capaz de rivalizar com o dólar americano, mas fizeram-no numa configuração, que os ingleses e americanos já tinham abandonado há muito. Assim, incapazes de desvalorizar as suas moedas, os países do euro em dificuldades tentam recuperar competitividade através de uma penosa desvalorização interna, isto é, pressionando a descida de salários e preços. A receita da austeridade está a conduzir ao aumento do desemprego e ao aumento da desconfiança entre os credores.

Estou certo, que a união monetária se mantem, devido ao receio de a situação se tornar caótica a nível económico e financeiro, e a uma escala sem precedentes. Mas até a data, ainda não foram tomadas medidas que estabilizem a moeda única de uma vez por todas. Isto quer dizer que a zona euro continua vulnerável a novas ondas de choque. Os mercados continuam inseguros quanto ao risco que representam, quer as dívidas soberanas de alguns países, quer o colapso total ou parcial da zona euro.

Definitivamente, o eixo franco-alemão rompeu-se. Hollande poderá trazer um novo equilíbrio para a Europa, ou seja, um equilíbrio entre as medidas cegas de austeridade de Angela Merkel e medidas de crescimento económico, que defende. Penso que pretenderá uma maior integração europeia, através de um conjunto de regras fiscais comuns, racionais, aceites e cumpridas por todos, e uma regulação comum a todos os países. Os mercados financeiros efetuam operações de alto risco diariamente, e a ausência de regras comuns é um obstáculo para a eficiência da moeda única.

Mas, o pior poderá mesmo acontecer, o desmembramento. Deverá ser pensado atempadamente, pois aumenta as hipóteses de se poder salvar das ruínas, aquele que foi o grande avanço na integração europeia, o mercado comum. Assim sendo, os governos da zona euro precisam de estar preparados para o inimaginável. Nenhum general que se preze abdica de preparar um plano para uma guerra previsível, por muito que lhe desagrade a ideia de a levar a cabo.

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publicado às 21:12

Merkel e Sarkozy adiam a solução para a crise

por franciscofonseca, em 17.08.11

Os líderes das duas maiores economias da zona euro, durante a cimeira bilateral decidiram convidar o presidente do Conselho Europeu, Van Rompuy, para liderar um governo económico. Mais um rude golpe nas aspirações da Comissão Europeia, que defendia o reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e a criação de obrigações europeias (eurobonds). Penso que Durão Barroso também é leitor deste blog, pois os meus posts dos dias 5 e 10 do mês de Julho falam exactamente sobre o que ele agora vem defender e propor. Sinto-me lisonjeado.

A conversa de Merkel e Sarkozy, em propor um governo económico, para reforçar a coordenação da planificação financeira na união monetária, só interessa mesmo aos alemães, pois estes são veementemente contra a emissão de obrigações europeias. Mas, a solução para crise da dívida pública dos países da zona euro, apesar de estes baronetes considerarem que ainda é cedo, passa mesmo pela emissão das euro-obrigações. Mas não só.

Já agora, pode ser que o presidente da Comissão Europeia também leia, a solução para esta crise terá de contemplar a reforma do sistema bancário. Os bancos da zona euro tornaram-se dos mais endividados do mundo, sendo necessária uma supervisão bancária apertada e poderosa, para acabar com a relação incestuosa entre bancos e agentes reguladores.

Os países endividados não vão conseguir pagar a dívida com estes juros pesados, a os países deficitários têm de poder renegociar a sua dívida, nas
mesmas condições que os países excedentários. Para isso terá de haver um compromisso entre a Europa das duas velocidades.

A Alemanha tem o futuro da Europa nas mãos, e sabe que as euro-obrigações poriam a solvabilidade da Alemanha em risco. O governo alemão tem ideias erradas sobre a política macroeconómica para a própria Alemanha e Europa. A Alemanha só tem uma balança comercial cronicamente superavitária, porque outros países têm défices elevados. Terá de existir uma flexibilização, da parte alemã, para com as regras, pelas quais os outros países se possam também reger, com as suas especificidades. Simultaneamente, a Alemanha terá de fazer uma profunda reflexão interna sobre o euro, caso o queira manter como moeda viável.

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publicado às 20:36

Berlusconi arrasta Itália para o abismo

por franciscofonseca, em 07.08.11

O homem mais rico de Itália, com mais anos de primeiro-ministro desde Mussolini, já teve muitos prognósticos que ditaram o seu afastamento da política, mas continua agarrado ao poder e com um comportamento desastroso, como político supremo.

Muitas são as suas debilidades, desde as propaladas festas “Bunga Buanga”, o caso Rubygate, as várias fraudes financeiras, a contabilidade forjada e os subornos. Mas nem as histórias de sexo, nem a forma obscura como gere os seus negócios se tornarão na principal razão, para que no futuro, os italianos se recordem de Berlusconi, como um desastroso governante.

A Itália aguentou bem a crise do imobiliário, sem consequências para os seus bancos. O desemprego está no 8%, muito abaixo dos 20% da Espanha e o seu défice orçamental ronda os 4%. O principal problema é que a dívida pública italiana atingiu 120% do PIB, a terceira mais alta entre as economias mais ricas.

As infra-estruturas italianas começam a dar sinais de degradação, os serviços públicos estão a funcionar nos limites, os jovens abandonam o país e o povo despreza a classe política. Durante os nove anos de governação de Berlusconi poucas reformas foram feitas, o tempo foi passado a tratar de assuntos particulares e Itália vai pagar por estes momentos de prazer pessoal.

A crise da zona euro está a obrigar Portugal, a Grécia, a Irlanda e a Espanha, a adoptarem profundos programas de reformas, que são dolorosos no curto prazo, mas no futuro, espera-se que venham a dotar as economias periféricas europeias de um novo folgo. Ao contrário, veremos uma Itália atolada numa dívida pública, estagnada, sem projectos reformistas e com o pior referencial de toda a zona euro. Mas será que a culpa vai ser atribuída a Sílvio Berlusconi?

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publicado às 20:56

O mundo está efervescente e a sopa global tem todos os ingredientes para poder transbordar. A inflação na China chegou aos 6,4% e o tigre chinês ameaça toda a zona asiática. Este problema vai ser de difícil resolução, devido principalmente ao dinheiro quente que continua a inundar a China, uma vez que os investidores e especuladores podem consegui-lo um valor próximo de 0% nos EUA, 0,5% em Inglaterra e 1,5% na zona euro, contra os 6,5% na China.

Poderemos assistir a uma aterragem forçada e prolongada no tempo, da economia chinesa. Assim, a locomotiva económica do mundo vai abrandar e tal como uma borboleta que bate as asas no Pacífico, pode provocar um tornado do outro lado do mundo, os Estados Unidos podem cair em recessão e o comércio internacional travar fortemente.

O mesmo fenómeno com a inflação está a ocorrer na Índia, a outra grande potência emergente, que está com uma inflação de 9%. Países como a Índia, China e Brasil estão incendiados pelo dinheiro quente, que tecnicamente se chama de capitais voláteis. Se acontecer um agravamento súbito no risco causado pela crise na Europa ou pelas dúvidas nos Estados Unidos, a Ásia vai ficar muito exposta.

A atenção mediática está centrada no trio Grécia, Portugal e Irlanda, já com planos de resgate da troika (UE/FMI/BCE) e com níveis de risco de default elevadíssimos, superiores a 50%, mas os verdadeiros elefantes na loja de porcelanas da zona euro são a Espanha e a Itália.

Nos Estados Unidos há um mal-estar crescente. Há uma retoma que não retoma e a recaída na recessão já poderá ter começado. Para piorar as coisas, os republicanos estão a brincar com o fogo, e os chineses têm a noção clara de que estão amarrados a um acordo de mútuo suicídio, se as coisas derem para o torto.

O grande risco deste Verão é que a convergência destas tendências negativas provoque o aparecimento de algum cisne negro ainda imprevisto. Vamos entrar numa fase, em que limpeza do lixo acumulado nas dívidas soberanas, despoletada pela vaga de crises na zona euro, mas que acabará por tocar os Estados Unidos e o Reino Unido. E quando tocar esses dois santuários, a tempestade perfeita ter-se-á formado, a sopa vai entornar-se e estarão em jogo biliões de euros.

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publicado às 06:19

A tragédia grega ensombra catástrofe portuguesa

por franciscofonseca, em 07.07.11

A especulação continua, os líderes europeus continuam de braços cruzados e sem ideias, enquanto a agência de notação financeira, norte-americana Moody's cortou em quatro níveis o rating de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de lixo, ou seja, junk.

Portugal com uma nova maioria governativa, com um memorando de entendimento assinado com troika, demonstrando intenções muito fortes de cumprir tudo o que foi acordado, mas mesmo assim, os mercados percebem, que esta estratégia é a negação da realidade e, que a Grécia e Portugal não serão capazes de pagar o que devem. Os mercados sabem que manter obstinadamente a estratégia delineada, pelos líderes europeus, não vai resolver coisa alguma.

Estamos a entrar numa fase muito perigosa desta crise, com o aproximar das eleições na Alemanha, em França, e na própria Grécia, o risco de uma catástrofe, que pode passar por um incumprimento não planeado ou o colapso da moeda única é cada vez maior.

Os investidores sabem que a Grécia, com uma dívida a rodar os 160% do PIB está insolvente. Portugal com uma situação menos gravosa tem uma dívida a rodar os 95% do PIB. Muito provavelmente, a reestruturação destas dívidas será inevitável e quanto mais tempo demorar, maior vai ser o ónus que vai recair sobre os contribuintes.

A agitação dos últimos dias arrastou a Espanha, a Bélgica e a Itália para a ribalta dos países, que os mercados mantêm sob vigilância. E a crença em que os maiores países da Zona Euro estariam imunes a qualquer ataque pode revelar-se enganosa. A possibilidade de uma declaração de banca rota, por parte da Grécia poderá produzir uma nova devastação, na economia mundial.

Penso que a reestruturação planeada da dívida seria a melhor opção para os gregos, portugueses e para o euro. Mas esta hipótese não estará disponível por muito mais tempo. Os líderes europeus deviam agarrar-se a ela enquanto podem. Os prognósticos destes doentes é muito reservado, tudo vai depender da forma como a doença grega evoluir e das consequências da contaminação na Zona Euro.

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publicado às 16:32

Portugal fora do euro imediatamente

por franciscofonseca, em 16.06.11

O escudo se ainda circulasse teria feito 100 anos, em 22 de Maio deste ano, mas foi substituído em 2002 pelo euro, para mal dos nossos pecados. O novo governo prepara-se para entrar em funções e levar a cabo o programa da troika. Considero, que a primeira medida acertada, seria sair imediatamente do euro e voltar ao nosso saudoso escudo. Esta ideia pode parecer meio estapafúrdia, mas certamente o melhor caminho, para o nosso futuro económico e social.

O endividamento é brutal, quer do Estado, quer das famílias. O problema é político e estrutural, pois 50% da economia trabalha para o Estado. Faz-se acreditar que a austeridade é o único caminho possível para se sair da crise económica, quer os líderes europeus, quer os nossos governantes estão plenamente convencidos disso. Mas as vozes têm gritado, de forma crescente, nas ruas de diversas cidades desta velha Europa. As pessoas começam a chegar a um estado de saturação e se estas vozes continuarem a ser ignoradas, poderemos assistir a confrontos sociais preocupantes, em toda a Europa, nos tempos mais próximos.

Aos países periféricos da Europa só lhes resta uma única via, para recuperarem a competitividade e o crescimento económico, que passa pelo regresso às moedas nacionais. Para muitos, ao lerem o post, este cenário parecerá inconcebível, nos dias que correm. As diferenças entre os países são abismais, quer seja nas políticas económicas, orçamentais ou de competitividade, somando a inexistência de reformas estruturais profundas e aceleradas que compensem estas diferenças, este cenário que agora parece totalmente absurdo e irreal, será a solução daqui a dois ou três anos, mas com muito mais custos para todos nós, do que fosse encetado agora.

Não me restam dúvidas, de que os benefícios que estes países vão colher, enquanto se mantiverem na zona euro serão muito menores, do que os benefícios de sair, apesar do estrondo e da convulsão, que isso poderia causar no seio dos patrões do sistema financeiro mundial.

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publicado às 19:17


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